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  HISTORIA DE BELO HORIZONTE PARTE 2  
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A descoberta do ouro continuava polarizando as atenções como o acontecimento maior do século XVII. Entradas e bandeiras cruzavam os sertões das Minas Gerais e de Goiás numa penetração histórica, para fincar muito além do meridiano de Tordesilhas, os novos marcos das fronteiras da pátria.

Foi por volta de 1701 que o bandeirante João Leite da Silva Ortiz, impressionado com os aspectos da grafia, clima ameno e fertilidade do solo na imensa planície que se estendia logo após a Serra do Curral, resolveu lançar, ali, os fundamentos da sua Fazenda do Cercado em cujas terras foi, aos poucos, surgindo o arraial de Curral del Rei.


Curral del Rei foi aos poucos se firmando, de forma tal que em 1707 já aparecia citado em documentos oficiais. Em 1711, Ortiz obtém carta de sesmaria das terras com os limites fixados pelas serras do Curral, Jaborema, Jatobá, José Vieira, Pangaré, Taquaril, Navio, Rola Moça e Mutuca.

A propósito, vale reproduzir trecho do relatório enviado à Cúria de Mariana pelo Vigário Francisco de Paula Arantes, conservada a ortografia e o pitoresco da época: "Ä Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem de Curral del Rey está situada em campos amenos na extensa planície de sua serra donde manão imensas fontes de cristalinas e saborosas águas; o clima da região he temperado; a atmosphera he salutifera; está circulada de pedras e mais materiais onde se podem fazer soberbos edifícios; a natureza criou este logar para sua formosa e linda cidade, si algum dia for auxiliada esta lembrança."

O pequeno Curral del Rei crescia a bom crescer. Desdobrada em curatos, sua freguesia alcançava o Paraopeba e Sete Lagoas, numa jurisdição que atendia a cerca de 18 mil pessoas. Depois, extintos os curatos, o Curral del Rey viu-se novamente reduzido ao primeiro arraial, com sua população de 2500 habitantes.

Ouro Preto vivia praticamente o melancólico final de sua discutida condição de sede do Governo do Estado.

Confinada entre montanhas, sem meios nem condições para desenvolver-se em consonância com com os efeitos de crises consecutivas cuja tônica repousava no movimento de caráter mudancista que empolgava a opinião pública.

Dos tênues vagidos dos períodos colonial e provincial ao clamor público que incendiava os espíritos, a idéia avolumou-se até que a República veio proporcionar condições para efetivação da mudança, apaixonante questão em que se punham em jogo motivos fundamentais ligados ao desenvolvimento e segurança do Estado.

Ao Governador, coube a missão de encaminhar ao Congresso a importante questão e, após acalorados debates em que os interesses regionais se empenharam a fundo, foi incluída na Constituição Estadual dispositivo determinando a mudança da Capital para local que reunisse as condições ideais para o fim almejado.

 

Das cinco localidades sugeridas - Juiz de Fora, Barbacena, Paraúna, Várzea do Marçal e Belo Horizonte, a Comissão Técnica sob a chefia do engenheiro Aarão Reis julgou em igualdade de condições Belo Horizonte e Várzea do Marçal, opinando ao final pela última localidade.

? Entre a Várzea do Marçal e o Belo Horizonte é difícil a escolha, em ambas, a nova cidade poderá desenvolver-se em ótimas condições gráficas, em ambas, é facílimo o abastecimento d? Água e a instalação de esgotos, ambas oferecem excelentes condições para as edificações e a construção em geral, e se, na atualidade, a Várzea do Marçal representa melhor o Centro de Gravidade do Estado e acha-se já ligada por meios mais rápidos e fáceis de comunicação com todas as zonas, - daqui a algumas dezenas de anos Belo Horizonte melhor o representará, de certo, e mais diretamente ligada ficará a todos os pontos do vasto território mineiro.? (Comissão Construtora).

 

Voltou o Congresso a pronunciar-se, e depois de novos e extensivos debates surgiu a Lei nº 3, adicional à Constituição, que mandava fosse a Capital construída em terras do arraial de Belo Horizonte, ex-Curral del Rei.

A escolha do local levou em conta a proteção contra os ventos frios e úmidos garantida pelas serras do Curral e de Contagem, com mananciais de água de boa qualidade e suficientes para abastecer sua futura população. Planejada para abrigar cerca de 400 mil habitantes, a capital foi inspirada em cidades modernas do mundo como Paris e Washington, a partir de uma nova concepção estética urbana, com largas avenidas, ruas simétricas e arborizadas, bulevares, praças, jardins e um moderno sistema de transportes.

Criada pelo Decreto 680, de 14 de fevereiro de 1894, a Comissão Construtora da Nova Capital iniciou imediatamente seus trabalhos com o prazo improrrogável fixado em um qüinqüênio.

Designado chefe da Comissão, o Dr. Aarão Reis manteve-se no cargo de março de 1894 até maio de 1895 quando foi substituído, a pedido, pelo engenheiro Francisco de Paula Bicalho. A essa altura já se encontravam os trabalhos em franco desenvolvimento, inclusive a desapropriação da área da arraial e conclusão dos estudos e planos da nova capital.

Com a firme determinação de evitar que o prazo não fosse ultrapassado, o engenheiro Bicalho remodelou a Comissão Construtora e imprimiu ritmo novo de ação, atacando a um só tempo as várias frentes de trabalho.

E com efeito, rigorosamente dentro do prazo constitucional surgia a cidade nova com seu traçado de admirável simetria exibindo um vistoso tabuleiro de amplas ruas e avenidas, imponentes edifícios públicos - Palácio, Secretarias de Estado, confortáveis residências ao gosto da época em contraste com alguns prédios antigos, e a bela estação da Central do Brasil cujo ramal férreo também fora construído pela Comissão.


Dentro da noção positivista de progresso, o planejamento da capital estabelecia a separação entre as áreas urbana e suburbana , delimitadas pela Avenida do Contorno. A área planejada na questão de residências só tinha espaço para os profissionais liberais, comerciantes e funcionários públicos. Assim, às margens da Contorno, foram surgindo bairros populares fora do planejamento oficial.

 

Do antigo arraial, restou quase que exclusivamente a Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, ponto central do povoado, construída em estilo colonial, e reconstruída em 1932, em estilo neo-gótico e a edificação que abriga hoje o Museu Abílio Barreto, o local foi originalmente sede da fazenda do córrego do Leitão, construída pelo curralense José Cândido Lúcio da Silveira, por volta de 1883.

Foi assim que entre ruidosas e justas comemorações a cidade viu nascer a Nova Capital de Minas no dia 12 de dezembro de 1897 em ato público soleníssimo, presidido pelo Dr. Crispim Jacques Bias Fortes, então Presidente de Minas. A cidade custara aos cofres do Estado a importância de 36 mil contos de reis.

Recebeu o nome de Cidade de Minas pela Lei adicional nº 3. Entretanto, em virtude da dualidade de nomes - já que distrito e comarca se chamavam Belo Horizonte, logo foi o topônimo modificado para o atual.

Ao ser inaugurada, Belo Horizonte contava com uma população de 10.000 habitantes. Do total de prédios existentes, era de apenas 500 o número de casas novas.

Nos primeiros anos Belo Horizonte pouco evoluiu, isto em decorrência dos efeitos de duas crises econômico-financeiras em 1912, de âmbito nacional, e a seguir a situação calamitosa gerada pela Primeira Grande Guerra, em 1914.

Aos poucos, porém, a normalidade foi sendo restabelecida, e a cidade partiu para uma fase de desenvolvimento crescente que haveria de culminar com a realidade magnífica da metrópole do presente.

As décadas de 20, 30 e 40 representaram um dos períodos áureos da industrialização da região - a despeito da crise de 1929 em Nova York e da Revolução de 30 - especialmente pela expansão do setor siderúrgico , o que se tornou fonte de geração de empregos e expansão de mercados e serviços.

Os anos 40 e 50 foram marcados pela obra símbolo do modernismo o conjunto arquitetônico da Pampulha, criado por Oscar Niemeyer, que se tornou referência e influenciou toda a arquitetura moderna brasileira. Composto pela Igreja de São Francisco de Assis, o Iate Tênis Clube, a Casa do Baile e o Cassino, hoje, Museu de Arte da Pampulha, esses equipamentos circundam a Lagoa da Pampulha, construída na década de 40, quando o prefeito era Juscelino Kubitscheck.

Os jardins do paisagista Burle Marx, a pintura de Cândido Portinari e as esculturas de Ceschiatti, Zamoiski e José Pedrosa completam e valorizam o projeto concebido para a lagoa. A capital ganhou os serviços de ônibus elétricos e sua vida cultural tornou-se mais efervescente, com a proliferação de cafés, bares, restaurantes , teatros e imprensa local.

Consolidados os setores industriais e de serviços , Belo Horizonte assiste, a partir dos anos 50, a um grande êxodo rural em Minas Gerais , quando a população da cidade dobra de tamanho, passando de 350 mil para 700 mil habitantes. Nos anos 60 Belo Horizonte passou por um processo acelerado de crescimento urbano que avançou sobre suas ruas, quando foram demolidas casas e áreas verdes e ergueram-se altos prédios, em um processo de descaracterização da "Cidade-Jardim ".

Atendendo à lógica do desenvolvimento, a verticalização da cidade ocorreu sobretudo na década de 70, comprometendo as características originais e o seu patrimônio arquitetônico. Com um milhão de habitantes, Belo Horizonte crescia de modo desordenado , expandindo-se para os municípios vizinhos, o que levou à instituição da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A partir dos anos 80, caracterizados por desaceleração econômica, descentralização do poder e pela transição democrática vivida no país após os governos militares, ampliaram-se a mobilização e os canais de participação popular. Os movimentos sociais urbanos organizavam-se para reivindicar direitos urbanos básicos como melhoria da infra-estrutura urbana, do transporte público, atendimento médico e acesso à educação de qualidade.

A partir do início da década de 90, Belo Horizonte torna-se palco de importantes experiências na gestão de políticas públicas municipais, que se traduziram por inúmeros programas e projetos de melhorias urbanas e sociais, com a efetiva participação popular, tais como o Orçamento Participativo, a Escola Plural, o Programa Bolsa-Escola Municipal e o Programa de Saúde da Família.



Gentílico: belo-horizontino


Formação Administrativa


Distrito criado com a denominação de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del Rey, por ordem régia de 1750.

Pelo decreto estadual nº 36, de 12-04-1890, o distrito de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del Rey para Belo Horizonte.

Pela lei estadual nº 2, de 14-09-1891, confirmou a criação do distrito de Belo Horizonte.

Elevado à categoria de município e capital, com a denominação de Cidade de Minas, pela lei estadual nº 3, de 17-12-1893, e decretos estaduais nº 716, de 05-06-1894 e 776, de 30-08-1894, desmembrado do Município de Sabará. Instalado em 12-12-1897.

Pela lei estadual nº 302, de 01-07-1901 o município e capital de cidade de Minas passou a denominar-se Belo Horizonte.

Em divisão administra referente ao ano de 1911 e nos quadros de apuração do Recenseamento Geral de 01-IX-1920, o município já denominado Belo Horizonte é constituído do distrito sede.

Pela lei estadual nº 843, de 07-09-1923, é criado o distrito de Venda Nova, ex-povoado, com território desmembrado do distrito sede de Belo Horizonte, acrescido de uma parte do distrito da sede do município de Santa Luzia do Rio das Velhas e anexado ao município de Belo Horizonte.

Em divisão administrativa referente ao de I933, o município é constituído de 2 distritos: Belo Horizonte e Venda Nova.

Assim permanecendo em divisões territoriais de 31-XII-1936 e 31-XII-1937.

Pelo decreto-lei estadual nº. 148, de 17-12-1938, o distrito de Venda Nova deixa de pertencer ao município de Belo Horizonte para ser anexado ao município de Santa Luzia.

No quadro fixado para vigorar no qüinqüênio 1939-1943, o município é constituído do distrito sede.

Pela lei nº 336, de 27-12-1948, o município de Belo Horizonte adquiriu novamente o distrito de Venda Nova desmembrado do município de Santa Luzia.

Em divisão territorial datada de I-VII-1960, o município é constituído de 2 distritos: Belo Horizonte e Venda Nova.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VI-1995.

Pela lei nº 6936, de 16-08-1995, é criado o distrito de Barreiro e anexado ao município de Belo Horizonte.

Em divisão territorial datada de 2005, o município é constituído de 3 distritos: Belo Horizonte, Barreiro e Venda Nova.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.


Alterações nímicas distritais

Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral del Rey para Belo Horizonte, alterado pelo decreto estadual nº 36, de 12-04-1890.

Belo Horizonte para Cidade de Minas, alterado pela lei estadual nº 3, de 17-12-1893 e por decretos estaduais nºs 716, de 05-06-1894 e 776, de 30-08-1894.


Alteração nímica municipal

Cidade de Minas para Belo Horizonte alterado pela lei estadual nº 302, de 01-07-1901.


Referencias:

IBGE

Wikipédia

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