A fundação da capital
Capitão João Leite da Silva Ortiz, fundador de Curral del Rei.
Antiga Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral. Na imensa
faixa de terras ao largo do Rio das Velhas assenhoradas pelo
bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva (mais tarde Anhanguera II),
veio seu primo e futuro genro João Leite da Silva Ortiz à procura de
ouro a ocupar em 1701 a Serra dos Congonhas (mais tarde Serra do
Curral) e suas encostas, em que estabeleceu a Fazenda do Cercado,
base do núcleo do Curral del Rei, onde desenvolveu uma pequena
plantação e criou gado, com numerosa escravatura.
O povoamento aos
poucos foi se firmando, de forma tal que em 1707 já aparecia citada
em documentos oficiais. Em 1711, a carta de sesmaria é obtida por
Ortiz, com a concessão da área que "começava do pé da Serra do
Curral, até a Lagoinha, estrada que vai para os currais da Bahia,
que será uma légua, e da dita estrada correndo para o rio das Velhas
três léguas por encheio". Conforme trecho da carta de sesmaria, à
ortografia da época, concedida por Antônio Albuquerque Coelho de
Carvalho:
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Faço saber aos q'. esta
minha Carta de Sesmaria virem q', havendo respto. ao q'. por
sua petição me enviou a dizer João Leyte da Silva, q'. ele
suppte., em o ano passado de 1701 fabricou fazenda em as
minas no distrito do Rio das Velhas em a paragem aonde
chamão o Sercado, e na dita fazda. teve plantas e criações,
de que sempre pagou dízimos e situou gado vacum, tudo em
utelidade da fazenda real e conveniência dos minros. (…)
|
Ortiz dedicou-se especialmente ao plantio de roças, criação e
negociação de gado, trabalhos de engenho e, provavelmente, a
mineração de ouro nos córregos. O progresso da fazenda atraiu outros
moradores e um arraial começou a se formar, tornando-se um dos
pontos de concentração dos rebanhos transitados pelo registro das
Abóboras, vindos do sertão da Bahia e do São Francisco para o
abastecimento das zonas auríferas.
Apoiado na pequena lavoura, na criação e comercialização de gado e
na fabricação de farinha, o arraial progrediu. A grafia da
região favoreceu o estabelecimento de uma povoação dada à
agricultura e à vida pastoril. Os habitantes deram o nome de Curral
del Rei, por causa do cercado ou curral ali existente, em que se
reunia o gado que havia pago as taxas do rei, segundo a tradição
corrente.
O arraial contava com umas 30 ou 40 cafuas cobertas de
sapé e pindoba, entre as quais foi erguida uma capelinha situada à
margem do córrego Acaba-Mundo (onde hoje se encontra a catedral),
tendo à frente um cruzeiro e ao lado um rancho de tropas.
Algumas poucas fábricas, ainda primitivas, instalaram-se na região,
donde se produzia algodão e se fundia ferro e bronze. Das pedreiras,
extraía-se granito e calcário, e frutas e madeiras eram
comercializadas para outros locais. Das trinta ou quarenta famílias
inicialmente existentes, a população saltou para a marca de 18 mil
habitantes.
Em 1750, por ordem da Coroa, foi criado o distrito de Nossa Senhora
da Boa Viagem do Curral, então sede da freguesia do mesmo nome
instituída de fato em 1718, por Miguel Garcia Velho. Elevado à
condição de freguesia em 1780, mas ainda subordinado a Sabará, o
Curral del Rei englobava as regiões (ou curatos) de Sete Lagoas,
Contagem, Santa Quitéria (Esmeraldas), Buritis, Capela Nova do Betim,
Piedade do Paraopeba, Brumado, Itatiaiuçu, Morro de Mateus Leme,
Neves, Aranha e Rio Manso.
Com a extinção dos curatos,
a jurisdição do Curral del Rei viu-se novamente reduzida ao primeiro
arraial, com sua população de 2.500 habitantes, que chegou a 4.000
moradores já ao fim do século XIX.
Está
situada em campos amenos na extensa planície de sua serra donde
manão imensas fontes de cristalinas e saborosas águas; o clima da
região e temperado; a atmosphera he salutifera; está circulada de
pedras e mais materiais onde se podem fazer soberbos edifícios; a
natureza criou este logar para sua formosa e linda cidade, si algum
dia for auxiliada esta lembrança.
O Arraial de Curral del Rei (1896).Porém, enquanto Vila Rica, Sabará,
Serro Frio e outros núcleos mineradores se constituíam em centros
populosos e ricos, Curral del Rei e sua vocação para o comércio do
gado sertanejo estacionou em seu desenvolvimento, não oferecendo
lucro que fixasse ao solo uma população como a de outros lugares. O
apogeu de Ouro Preto perdurou até o fim do século XVIII, quando as
jazidas esgotaram-se e o ciclo do ouro deu lugar à pecuária e
agricultura, criando novos núcleos regionais e inaugurando uma nova
identidade estadual.
Belo Horizonte 1930
A região de montanhas negras que vai de Ouro Preto à região do
Curral del Rei, com uma área de aproximadamente 7.160 km² e reservas
próximas a 29 bilhões de toneladas de minério de ferro, formam o
local conhecido como Quadrilátero Ferrífero. Para entrar na era que
então se anunciava, deixando para trás o passado monárquico, os
sócios do Clube Republicano do arraial propuseram a mudança de seu
nome para Belo Horizonte. Assim, em 1890, o arraial do município de
Sabará tornou-se Belo Horizonte.
A então capital de Minas Gerais, a cidade de Ouro Preto, não
apresentava alternativas viáveis ao desenvolvimento físico urbano, o
que gerou a necessidade da transferência da capital para outra
localidade. Com a República e a descentralização federal, as
capitais tiveram maior relevo: ganhava vigor a ideia de mudança da
sede do governo mineiro, pois a antiga Ouro Preto era travada pela
grafia.
Comissão Construtora no campo de obras.O governador Augusto de Lima
encaminhou ao Congresso Mineiro a questão, que reunido em Barbacena,
em sessão de 17 de dezembro de 1893, indicou pela lei n. 3,
adicional à Constituição Estadual, a disposição de que a mudança da
capital ocorresse para local que reunisse as condições ideais.
Cinco
localidades foram sugeridas: Juiz de Fora, Barbacena, Paraúna,
Várzea do Marçal e Belo Horizonte. A comissão técnica, chefiada pelo
engenheiro Aarão Reis, julgou em igualdade de condições Belo
Horizonte e Várzea do Marçal, decidindo-se ao final pela última
localidade. Voltou o Congresso a se pronunciar, e depois de novos e
extensivos debates, institui-se que a capital fosse construída nas
terras do arraial de Belo Horizonte.
Inauguração de Belo Horizonte, em 12 de dezembro de 1897.O local
escolhido oferecia condições ideais: estava no centro da unidade
federativa, a 100 km de Ouro Preto, o que muito facilitava a mudança;
acessível por todos os lados embora circundado de montanhas; rico em
cursos d'água; possuidor de um clima ameno, numa altitude de 800
metros.
A área destinada à nova capital parecia um grande anfiteatro
entre as Serras do Curral e de Contagem, contando com excelentes
condições climatológicas, protegida dos ventos frios e úmidos do sul
e dos ventos quentes do norte, e arejada pelas correntes amenas do
oriente que vinham da serra da Piedade ou das brisas férteis do
oeste que vinham do vale do Rio Paraopeba.
Era um grande vale
cercado por rochas variadas e dobradas, com longa e perturbada
história geológica, solos rasos, pouco desenvolvidos, de várias
cores, às vezes arenosos e argilosos, com idade aproximada de 1
bilhão e 650 milhões de anos.
Em 1893, o arraial foi elevado à categoria de município e capital de
Minas Gerais, sob a denominação de Cidade de Minas. Em 1894, foi
desmembrado do município de Sabará. No mesmo ano, os trabalhos de
construção foram iniciados pela Comissão Construtora da Nova
Capital, chefiada por Aarão Reis, com o prazo de 5 anos para o
término dos trabalhos.
Em maio de 1895, Aarão Reis foi substituído
pelo engenheiro Francisco de Paula Bicalho. Ao 12 de dezembro de
1897, em ato público solene, o então presidente de Minas, Crispim
Jacques Bias Fortes, inaugurou a nova capital. A cidade, que já
contava com 10 mil habitantes em sua inauguração, custou aos cofres
estaduais a importância de 36 mil contos de réis. Em 1901, a Cidade
de Minas teve seu nome modificado para o atual, em virtude da
dualidade de nomes, já que o distrito e a comarca se chamavam Belo
Horizonte.
O projeto de Aarão Reis
Projetada pelo engenheiro Aarão Reis entre 1894 e 1897, Belo
Horizonte foi a primeira cidade brasileira moderna planejada.
Elementos chaves do seu traçado incluem uma malha perpendicular de
ruas cortadas por avenidas em diagonal, quarteirões de dimensões
regulares e uma avenida em torno de seu perímetro, a Avenida do
Contorno.
Trecho do relatório escrito por Aarão Reis, engenheiro-chefe da
Comissão Construtora da Nova Capital, sobre a planta definitiva de
Belo Horizonte, aprovada pelo Decreto nº 817 de 15 de abril de 1895:
Foi organizada, a planta geral da futura cidade dispondo-se na parte
central, no local do atual arraial, a área urbana, de 8.815.382 m²,
dividida em quarteirões de 120 m x 120 m pelas ruas, largas e bem
orientadas, que se cruzam em ângulos retos, e por algumas avenidas
que as cortam em ângulos de 45º.
Às ruas fiz dar a largura de 20 metros, necessária para a
conveniente arborização, a livre circulação dos veículos, o trafego
dos carros e trabalhos da colocação e reparações das canalizações
subterrâneas. Às avenidas fixei a largura de 35 metros, suficiente
para dar-lhes a beleza e o conforto que deverão, de futuro,
proporcionar à população (…)''
Planta geral da cidade de Belo Horizonte (1895).Entretanto, Aarão
Reis não queria a cidade como um sistema que se expandiria
indefinidamente. Entre a paisagem urbana e a natural foi prevista
uma zona suburbana de transição, mais solta, que articulava os dois
setores através de um bulevar circundante, a Avenida do Contorno,
bastante flexível e que se integrava perfeitamente na composição
essencial.
A concepção do plano fundia as tradições urbanísticas
americanas e europeias do século XIX. O tabuleiro de xadrez da
primeira era corrigido por meio das amplas artérias oblíquas, e
espaços vazios, uma preocupação constante com as perspectivas
monumentais que provinha do Velho Mundo, com marcadas influências de
Haussmann.
Belo Horizonte surgia como uma tentativa de síntese urbana no final
do século XIX. O objetivo de se criar uma das maiores cidades
brasileiras do século XX era atingido. Porém, o plano de Belo
Horizonte pertencia a sua época, seu conceito estava embasado em
fundamentos do século anterior.
O projeto da cidade foi inspirado no modelo das mais modernas
cidades do mundo, como Paris e Washington. Os planos revelavam
algumas preocupações básicas, como as condições de higiene e
circulação humana. A cidade foi dividida em três principais zonas: a
área central urbana, a área suburbana e a área rural.
Praça Sete e Avenida Afonso Pena.A área central urbana receberia
toda a estrutura urbana de transportes, educação, saneamento e
assistência médica, e abrigaria os edifícios públicos dos
funcionários estaduais. Ali também deveriam se instalar os
estabelecimentos comerciais. Seu limite era a Avenida do Contorno,
que à época se chamava 17 de Dezembro.
A região suburbana, formada
por ruas irregulares, deveria ser ocupada mais tarde e não recebeu
de imediato a infraestrutura urbana. A área rural seria composta por
cinco colônias agrícolas com inúmeras chácaras e funcionaria como um
cinturão verde, abastecendo a cidade com produtos hortigranjeiros.
Para a concretização do projeto, o arraial de Curral del Rei foi
completamente destruído, com a transferência de seus habitantes para
outro local. Sem condições de adquirir os terrenos valorizados da
área central, os antigos moradores foram empurrados para fora da
cidade, principalmente para Venda Nova.
Acreditava-se que os
problemas sociais seriam evitados com a retirada dos operários após
a conclusão das obras, o que na prática não ocorreu. A cidade foi
inaugurada às pressas, ainda inacabada. Os operários, em meio às
obras, não foram retirados e, sem lugar para ficar, formaram favelas
na periferia da cidade juntamente com os antigos moradores do Curral
del Rei.
Comissão Construtora da Nova Capital.A inauguração da cidade
encerrava um período mais do que iniciava outro. Mostrava
preocupações com a pesquisa urbanística, arquitetônica e construtiva
bastante excepcionais para a sua época. Sem dúvida indicou uma
tendência promissora para o urbanismo no Brasil.
As novas
construções se opunham ao barroco colonial, tentando apagar as
lembranças do passado. O Brasil independente buscava seu estilo no
ecletismo desse tempo. Os primeiros conjuntos urbanos se definiam. A
Praça da Liberdade aparecia como grande paço municipal, com as
Secretarias de Estado e o Palácio do Governo.
O Parque Municipal,
embora com seu traçado inicial modificado, se implantava no local
previsto. A Praça da Estação, a Avenida Santos Dumont, a Rua da
Bahia e a Avenida Afonso Pena faziam parte de diversas imagens de
época que contavam a trajetória da cidade.
A expansão urbana extrapolou em muito o plano original. Quando foi
iniciada sua construção, os idealizadores do projeto previram que a
cidade alcançaria a marca de 100 mil habitantes apenas quando
completasse 100 anos. Em 1997, ano do centenário, a cidade possuía
mais de 2 milhões de pessoas. Essa falta de visão se repetiu em toda
a história da cidade, que jamais teve um planejamento consistente
que previsse os desafios da grande metrópole que se tornaria.
Aos poucos, pequenas fábricas instalaram-se, a energia elétrica
ampliou-se, as obras foram retomadas, os transportes melhoraram e
começaram a surgir praças e jardins que deram uma nova paisagem. O
número de empregos cresceu, chegaram novos habitantes, a vida social
e cultural começou a se agitar. A indústria ganhou impulso na década
de 1920 e inauguraram-se grandes obras, surgiram novos bairros sem
planejamento e, com eles, sérios problemas urbanos.
A expansão
Vista parcial do centro de Belo Horizonte no início da década de
1930. Em primeiro plano, a avenida Afonso Pena.A nova capital foi o
maior problema do governo do Estado no início do regime: construída
após vencer muitos obstáculos, ela permaneceu em relativa estagnação
devido à crise financeira. Ligações ferroviárias com o sertão e o
Rio de Janeiro puseram a cidade em comunicação com o interior e a
capital do país. O desenvolvimento foi mínimo até 1922.
Pelas proclamadas virtudes de seu clima, a cidade tornou-se atrativa,
especialmente para o tratamento da tuberculose: multiplicaram-se os
hospitais, pensões e hotéis, mas até 1930 exerceu função quase
estritamente administrativa.
Foi também na década de 1920 que surgiu
em Belo Horizonte a geração de escritores de raro brilho que iria se
destacar no cenário nacional. Carlos Drummond de Andrade, Ciro dos
Anjos, Pedro Nava, Alberto Campos, Emílio Moura, João Alphonsus,
Milton Campos, Belmiro Braga e Abgar Renault se encontravam no Bar
do Ponto, na Confeitaria Estrela ou no Trianon para produzir os
textos que revolucionaram a literatura brasileira.
Nos anos 1930, Belo Horizonte se consolidava como capital, não
isenta de críticas e de louvores. Deixava de ser uma teoria
urbanística para ser uma conquista humana, algo para ser não somente
visto, mas para ser vivido também. Nesta época o município já
contava com 120.000 habitantes e passava por problemas de ocupação,
gerando uma crise de carência de serviços públicos. Necessitava de
um novo planejamento para que se recuperasse a cidade moderna.
Praça Raul Soares em meados da década de 1930.As construções que
mais marcaram este período são o Cine Brasil, de 1931; o Edifício
Chagas Dória, de 1934, do arquiteto Alfredo Marestrof; o Edifício
Ibaté, de 1935, de Ângelo Murgel; o Edifício Sulacap, de 1941, de
Roberto Capello, com sua interessante articulação com o Viaduto de
Santa Teresa; o Edifício Acaiaca, de 1943, de Luís Pinto Coelho; a
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, de 1935; o Hospital da Santa
Casa, de 1946, e o Edifício do Banco do Brasil, de 1942, ambos de
Raffaelo Berti.
Estas obras representavam um primeiro momento do modernismo na
cidade. Abandonava-se o ecletismo dos anos 1920 em função de um
racionalismo temperado com elementos da art-déco, da Bauhaus, ou
mesmo elementos decorativos de origem indígena, como no Edifício
Acaiaca. Contraditoriamente, Ouro Preto, a cidade espontânea,
apresentava contínuos urbanos muito bem definidos, e Belo Horizonte,
a cidade planejada, se articulava através de seus volumes soltos.
No início da década de 1940, a cidade dobrou sua população, bem mais
do que o previsto pela Comissão Construtora e passou por uma grande
modernização. Consolidava-se a verticalização de sua área central.
Esboçavam-se planos diretores no sentido de reorganizar a expansão
da cidade. Abriam-se novas avenidas de fundo de vale. Tentava-se
cadastrar a cidade. Reconhecia-se a crise habitacional como grave
problema social.
Vista noturna da avenida Afonso Pena em fins da década de 1950.A
década de 1940 trouxe o avanço da industrialização, além da criação
do Complexo Arquitetônico da Pampulha, inaugurado em 1943 por
encomenda do então prefeito Juscelino Kubitschek.
O conjunto da
Pampulha reuniu os maiores nomes do modernismo brasileiro, com
projetos de Oscar Niemeyer, pinturas de Portinari, esculturas de
Alfredo Ceschiatti e jardins de Roberto Burle Marx. Ao mesmo tempo,
o arquiteto Sílvio de Vasconcelos também criou muitas construções de
inspiração modernista, notadamente as casas do bairro Cidade Jardim,
que ajudaram a definir a fisionomia da cidade.
Na década de 1950, a população da cidade dobrou novamente, passando
de 350 mil para 700 mil habitantes. Como resposta ao crescimento
desordenado da cidade, o prefeito Américo René Gianetti deu início à
elaboração de um Plano Diretor para Belo Horizonte.
Na década de 1960, muitas demolições foram feitas, transformando o
perfil da cidade, que passou, então, a ter arranha-céus e asfalto no
lugar de árvores. Belo Horizonte ganhou ares de metrópole. A
conurbação da cidade com municípios vizinhos se ampliou.
Ainda na década de 1960, a cidade atingiu mais de 1 milhão de
habitantes. Nessa época, os espaços vazios do município praticamente
se esgotaram, e o crescimento populacional passou a se concentrar
nos municípios conurbados a Belo Horizonte, como Sabará, Contagem,
Betim, Ribeirão das Neves e Santa Luzia. Na tentativa de resolver os
problemas causados pelo crescimento desordenado, foi instituída a
Região Metropolitana de Belo Horizonte e foi criado o Plambel, que
desencadeou diversas ações visando a conter o caos metropolitano.
A historia recente
Praça da Liberdade
A década de 1980 foi marcada pela valorização da
memória da cidade, com a alteração na orientação do crescimento.
Vários edifícios de importância histórica foram tombados.
Foi
iniciada a implantação do metrô de superfície. Iniciada em 1984 e
concluída em 1997, a canalização do Ribeirão Arrudas pôs fim ao
problema das enchentes ao centro da capital. Contudo, vários
problemas surgiram e alguns permaneceram. Um deles foi a degradação
da Lagoa da Pampulha, um dos principais cartões-postais da cidade,
que se tornara uma lagoa praticamente morta devido à poluição de
suas águas.
A cidade foi palco ainda de grandes manifestações visando a queda da
ditadura militar no Brasil, sob a liderança de Tancredo Neves, na
época governador do estado. A fisionomia urbana foi novamente
alterada com a proliferação de prédios em estilo pós-moderno,
especialmente na afluente Zona Sul da cidade, graças à influência de
um grupo de arquitetos liderado por Éolo Maia. Na mesma década, a
cidade também passou a ser servida pelo Aeroporto Internacional de
Confins, localizado no município de Confins, a 38 km do centro da
capital.
A cidade moldada pela Serra do Curral.A década de 1990 foi marcada
pela valorização dos espaços urbanos e pelo reforço da estrutura
administrativa do município, com a aprovação em 1990 da Lei Orgânica
do Município e do Plano Diretor da cidade, em 1996. A gestão
municipal se democratizou com a realização anual do Orçamento
participativo.
O desafio ainda em curso diz respeito ao
fortalecimento da gestão integrada da Região Metropolitana de Belo
Horizonte, que reúne 34 municípios que devem cooperar entre si para
a resolução de seus problemas comuns. Espaços públicos como a Praça
da Liberdade, a Praça da Assembleia e o Parque Municipal, que se
encontravam abandonados e desvalorizados, foram recuperados e a
população voltou a frequentá-los e a cuidar de sua preservação.
Nesta primeira década do século XXI, Belo Horizonte tem se destacado
pelo desenvolvimento do setor terciário da economia: o comércio, a
prestação de serviços e setores de tecnologia de ponta (destaque
para as áreas de biotecnologia e informática).
Alguns dos
investimentos recentes nesses setores são a implantação do Parque
Tecnológico de Belo Horizonte, do Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento do Google para a América Latina e do moderno centro
de convenções Expominas.
|
O turismo de eventos, com a realização de
congressos, convenções, feiras, eventos técnico-científicos e
exposições, tem fomentado o crescimento dos níveis de ocupação da
rede hoteleira e do consumo dos serviços de bares, restaurantes e
transportes. |
A cidade também vem experimentando sucesso no setor
artístico-cultural, principalmente pela políticas públicas e
privadas de estímulo desse setor, como a realização de eventos fixos
em nível internacional e o crescimento do número de salas de
espetáculos, cinemas e galerias de arte. Por tudo isso, a cada ano a
cidade se consolida como um novo polo nacional de cultura.
A
planta do primitivo núcleo urbano tinha um traçado irregular, típico
das pequenas vilas surgidas durante o período colonial: ruas compridas
e tortuosas, como caminhos ao longo dos quais se assentava o casario.
O poeta Olavo Bilac em artigo no Minas Gerais de 25 de agosto
de 1916 escrevia:
"Era ao cair de
uma tarde de janeiro de 1894. Depois de viajar algumas léguas do
sertão mineiro (...) cheguei a estas planícies esplêndidas (...). A
imensa arena brava abria-se para o oriente, encostada ao sul, à
lombada do Curral e ao norte à da Contagem.
Continua
Referencias
IBGE
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