Meio
Ambiente Riachão MA
Meio Ambiente - O Ministério do
Meio Ambiente anunciou durante a II Conferência Nacional do Meio
Ambiente, em Brasília (DF), a criação do Parque Nacional da Chapada das
Mesas. A área protegerá 160 mil hectares de Cerrado nos municípios de
Carolina, Riachão e Estreito, no centro-sul do Maranhão.
De acordo com o diretor de Ecossistemas do Ibama - Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Valmir Ortega, a
criação do parque faz parte do esforço dos órgãos ambientais do Governo
Federal para elevar a área protegida no Cerrado.
Pouco mais de 2,5% do bioma está resguardado em unidades de conservação
federais e estaduais. Conforme Ortega, a pressão para novos
desmatamentos impulsionados por carvoarias e abertura de novas frentes
para a agropecuária é muito forte. "É uma corrida contra o tempo para
salvar grandes remanescentes", ressaltou.
A região que agora está abrigada dentro do parque nacional é extremamente
rica em espécies de animais e de plantas, sem falar no alto potencial
turístico em decorrência das belezas naturais da Chapada das Mesas. Os
planos do Governo Federal incluem a criação de novas áreas protegidas no
Maranhão, formando um "mosaico" com parques e reservas estaduais e
federais e terras indígenas.
A criação do parque era debatida e avaliada desde 2004, mas ganhou força
no início deste ano com a realização de estudos de campo que comprovaram
o valor ecológico, social, econômico e cultural da região.
Foram realizadas consultas públicas em todos os municípios abrangidos,
assegurando a participação de vários segmentos sociais na definição dos
limites da unidade de conservação.
A intenção de se conservar
a região da Chapada das Mesas, no sul do Maranhão, é bem antiga. A primeira
proposta foi feita na década de 1970 e, ao longo dos anos, outras tentativas
surgiram, mas não foram concluídas. Em 2003, movimentos de defesa do
meio ambiente existentes em Carolina e o poder público local, preocupados com as
constantes ameaças de desmatamento e implantação de projetos incompatíveis com a
conservação das belezas naturais da região, encaminharam um novo pedido ao
Ministério do Meio Ambiente.
Após uma série de estudos realizados pelo IBAMA, foi apresentada à
população a proposta de criação de um Parque Nacional, com 141 mil hectares.
Esta proposta foi discutida em uma Consulta Pública realizada em Carolina em 22
de agosto de 2005, onde os participantes sugeriram a ampliação da área. Após
novas avaliações por parte do IBAMA, o Parque foi criado em 12 de dezembro de
2005 com pouco mais de 160 mil hectares, divididos em duas áreas distribuídas
pelos municípios de Carolina, Estreito e Riachão.
O Parque Nacional da Chapada das Mesas localiza-se em uma região de
importantíssimo valor para a manutenção da biodiversidade brasileira, uma vez
que atua como ecótono entre três biomas: Cerrado, Amazônia e Caatinga, portanto,
com potencial para abrigar altos níveis de riqueza e abundância de espécies da
flora e fauna.
O Cerrado encontrado na região da Chapada das Mesas é composto por um
mosaico de formações vegetais, existindo desde áreas cobertas com vegetação
rasteira com arbustos escassos (formações savânicas), até áreas cobertas com
florestas de árvores relativamente altas com grande dossel (formações
florestais).
A fauna existente dentro dos limites do PNCM é bastante rica, todavia, a
abundância tem diminuído de maneira significativa nas últimas décadas (IBAMA,
2007). Essa pressão antrópica é ainda maior em espécies comumente utilizadas
como alimento pela população local, como: jacu-peba (Penelope superciliaris),
ema (Rhea americana), tatu-peba (Euphractus sexcinctus), seriema (Cariama
cristata), guariba (Alouatta sp), jaó (Synalaxis spixii), caititu (Tayassu
tajacu), codorna (Nothura minor) iguana (Iguana iguana), teiú (Tupinambis
teguixim), bicho-preguiça (Bradypus sp), dentre outros.
Algumas espécies que ocorrem na área do Parque estão ameaçadas de
extinção, tais como: onça-pintada (Panthera onça), onça-parda (Puma concolor)
tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), águia-cinzenta (Harpyhaliaetus
coronatus), arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus), lobo-guará
(Chrysocyon brachyurus), jaguatirica (Leopardus pardalis mitis), gato-do-mato
(Leopardus tigrinus), e o gato-maracajá (Leopardus wiedii).
O Parque tem ainda grande importância local, pois protege as nascentes de
muitos rios que são usados na região para abastecimento, lazer e pesca. A
conservação do bioma Cerrado e a recuperação das áreas que já foram alteradas
também ajudam a manter as boas condições do clima e das chuvas, beneficiando
toda a região.
As chapadas, formações geológicas em arenito com mais de 60 milhões de
anos, com paredes quase a prumo e plano como uma mesa, dão o nome à região
onde o Parque se encontra. Nos s horizontalizados há presença de vegetação
herbáceo-arbustiva, nas escarpas verticalizadas, vegetação pioneira e espécies
arbóreo-arbustivas nas áreas de talus (base da escarpa).
Devido ao constante avanço da fronteira agrícola e à fragilidade
encontrada na maioria dos solos da região, a criação de uma unidade de
conservação de proteção integral de grandes dimensões, como o Parque Nacional da
Chapada das Mesas, que abrange grandes áreas de Cerrado bem preservado, pode
significar um passo importante na conservação da natureza, desde que a população
regional seja devidamente envolvida nos esforços conservacionistas, por meio da
educação ambiental.
Por tratar-se de uma unidade de conservação recente, o Parque Nacional da
Chapada das Mesas encontra-se em fase inicial de implantação. As principais
ações são voltadas para a proteção da área, que se distingue pela prevenção e
combate a incêndios florestais, com o apoio de brigadistas treinados entre os
moradores da região e contratados pelo período de seis meses; e pelo
monitoramento e fiscalização com o intuito de reduzir as ações prejudiciais ao
ecossistema.
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