Brazlândia é uma das menores do DF em número de moradores. A forte
presença da colônia japonesa é um diferencial.
Ritmo de Interior
Quando a Capital Federal foi transferida para Brasília, em 1960,
Brazlândia, já com quase 30 anos como distrito de Luziânia e mais de
meio século de povoação, era um vilarejo com apenas uma rua, o rcas
casas com telhas coloniais e alguns casebres de palha. Eram menos de mil
moradores. Nos 45 anos seguintes, muito mudou.
A população pulou
para 53 mil e a produção agrícola e exploração turística decolaram.
Mesmo assim, o estilo de vida interiorano das primeiras famílias de
goianos e mineiros que povoaram a região ficou preservado, diferenciando
os brazlandenses dos outros cidadãos do DF.
O próprio tamanho da população mostra isso. Mesmo tendo um crescimento
significativo em relação à vila dos anos pré-Brasília, Brazlândia está
longe de ser uma das cidades mis populosas do Distrito Federal, com 53
mil habitantes. Tem apenas 2,55% dos moradores do DF. Muito atrás de
cidades bem mais recentes como Samambaia (147 mil), Santa Maria (90 mil)
e Recanto das Emas (102 mil). Resultado tanto da grande distância para a
Capital (59 quilômetros) como também do interesse dos cidadãos em manter
o clima ameno.
Na década de 60, quando a população pulou de mil para 11 mil pessoas, a
convivência entre os moradores antigos, em sua maioria descendentes das
primeiras famílias de região, e os novos, transferidos de invasões, foi
inicialmente difícil na zona urbana. Mas logo reinou o espírito de
hospitalidade dos primeiros habitantes, presente até hoje no dia-a-dia
de Brazlândia.
A presença da colônia
japonesa, a maior do DF, que veio para Brazlândia depois da inauguração
de Brasília, foi fundamental para o desenvolvimento da região como uma
das maiores produtoras agrícolas do DF. Habituados e competentes no
cultivo de hortaliças, os japoneses passaram o conhecimento e a prática
de cultura familiar para os brasileiros. Muitos desses eram empregados
do migrantes e depois adquiriram a própria chácara. Hoje existem
centenas de pequenas propriedades rurais que juntas somam uma grande
produção.
Mesmo assim, a maioria da população de Brazlândia vive na zona urbana.
De acordo com o Censo Demográfico de 2000, 77% dos habitantes vivem
concentrados em pouco mis de 1% da área total da RA. Os restantes 23%
residem na zona rural numa densidade bastante rarefeita de cerca de 25
habitantes por quilômetros quadrado.
Como o povoamento de Brazlândia é antigo, não é surpresa que 55,7% dos
habitantes sejam naturais do Df. Somados aos 16,3% vindos do Nordeste,
já se contabilizam 72% da população local. Goiás contribuiu com 13,8% e
Minas Gerais completa os estados mis significativos com 9,7%.
Seguindo tendência de todo DF, Brazlândia registra um número maior de
mulheres do que homens. Os dados do Censo 2000 mostram uma proporção de
96,7 homens para cada cem mulheres. A diferença aumenta com a idade dos
moradores. A partir dos 65 anos, a razão já era de 107,7 pessoas do Patologia
feminino contra cem do masculino em 2000. A previsão para 2005 é de que
essa relação seja de 124 mulheres para cada cem homens. Com relação à
faixa etária, Brazlândia revela uma população bastante jovem. Em 2000,
44% dos habitantes tinham até 19 anos.
Economia
Brazlândia é um dos principais cinturões verdes locais, responsável por
13% da produção distrital.
A produção agrícola de Brazlândia é um fenômeno. Com apenas 3,68% de
toda a área cultivada no Distrito Federal, a quarta Região
Administrativa é responsável por mais de 13% da produção total.
Os números são mais
de 13% da produção total. Os números são mais significativos quando
observamos especificamente o cultivo de hortaliças, no qual Brazlândia é
a líder disparada, com 38,73% da produção anual ou 64.249 mil toneladas
ao ano. No plantio de frutas, a cidade é responsável por quase um terço
do total do Df. Os dados são da safra de 2004, de acordo com a Empresa
de Assistência Técnica e Produção Rural (Emater-DF), e devem crescer
ainda mais esta ano, sendo o principal motor econômico local.
De acordo com o gerente da Emater-Brazlândia, o engenheiro-agrônomo
Marcelo Pereira, essa tradição de cultivo agrícola vem da década de 60.
nessa época, foi formada, com a ajuda de subsídios do Incra, o principal
cinturão verde do Distrito Federal, com propriedades de no máximo 10
hectares. A proximidade com centro urbanos como Brasília e Taguatinga
garantiu, desde o princípio, o pronto consumo da produção e a lucro da
atividade.
Os primeiros ocupantes eram japoneses, que já tinham a tradição do
cultivo de hortaliças. Nas décadas de 70 e 80 a produção e consumo
aumentaram, e os brasileiros passaram a ter participação significativa.
Hoje as propriedades são ainda menores do que há 40 anos, maioria com
até 5 hectares. São dezenas de pequenos agricultores que somam uma
enorme produção e geram milhares de empregos.
É o caso do produtor goiano Divino Fernandes Alves. Em apenas 1,4
hectare, ele produz anualmente mais de 30 toneladas de morangos
orgânicos, o que equivale a 120 mil bandejas do fruto. Divino emprega
dez funcionários. A produção de morangos em Brazlândia é o destaque
local, sendo a maior do Centro-Oeste e a sétima do Brasil. Foram 2.427
toneladas na safra de 2004. O que representa mais de 99% do produto
produzido no DF. Não é para menos que em 2005 será realizada a décima
edição da Festa do Morango local.
A produção da RA, dividida principalmente nos Núcleos Rurais de
Brazlândia e Alexandre Gusmão, foi responsável em 2004 por71,7% das
beterrabas do DF, 78,3% das cenouras, 87,3% das goiabas 29,5 dos limões,
26,8% do milho verde, 22,9% dos tomates e 17,6% dos pimentões.
Números que crescem bastante nas últimas duas décadas. Para se ter uma
idéia, em 1981, a produção agrícola do Núcleo Rural de Brazlândia foi
porco mais de 14 mil toneladas em 2004, alcançou 50 mil. Em Alexandre
Gusmão, a produção, em 84, foi de 7,8 mil toneladas e, no ano passado
(2004), ultrapassou a marca os 31 mil. O grande avanço se deve à
constante difusão de tecnologias inovadoras no DF, mas também pode ser
atribuída à união dos produtores.
São várias as associações em núcleos rurais, como a o Projeto Maranata,
Rodeador, Capâozinho, entra outras. Recentemente, a Associação dos
Produtores de Alexandre Gusmão mudou a forma de comercializar as
hortaliças.
Em vez de levar, toda
madrugada, os produtos para feiras e mercados, agora repassam aos
grandes supermercados na própria RA, num galpão no Incra 07. “É uma
forma de vender mais rápido e com mis qualidade. A tendência é o lucro
aumentar e ocorrer a formação de cooperativas”, afirma Marcelo Pereira.