Nome científico:
Lecythis pisonis Cambess. Família: Lecythidaceae
Outros
nomes populares: castanha-sapucaia,
cumbuca-de-macaco,sapucaia-vermelho (ES), marmita-de-macaco,
caçamba-do-mato
Características
gerais: É uma árvore média a alta da mata
atlântica úmida, com ocorrência desde o Rio de Janeiro até o Ceará, com
predominância nos estados do Espírito Santo e Bahia. Sua freqüência
natural na floresta nunca foi muito alta e, hoje, já pode ser considerada
rara no habitat. Isto se deve a pequena produção de sementes e a intensa
perseguição dos macacos que consomem avidamente suas castanhas. Ocorre
quase que exclusivamente nas várzeas e início de encostas em solos de boa
fertilidade e bem supridos de matéria orgânica e umidade , porém não
ocorre em solos permanentemente encharcados. Apesar de sua altura máxima
não ultrapassar 40 m, seu tronco pode atingir 9 m de circunferência.
Quando cultivada fora da mata, seu porte não ultrapassa 25 m e sua copa é
mais globosa, quando comparada com exemplares da floresta.
É considerada
uma planta decídua, ou seja, que perde suas folhas no inverno, quer pela
menor disponibilidade de água no solo, quer pela menor temperatura nesta
época do ano. Na primavera surgem as folhas novas de cor rosa-avermelhada,
juntamente com as flores de cor lilás, conferindo à sua copa beleza
indescritível. Este espetáculo dura algumas semanas, atingindo o seu auge
no final de outubro e passando lentamente para a cor verde normal. Somente
árvores adultas (com mais de 8 anos) exibem esta característica. Existem
mais 3 espécies de sapucaia, porém nenhuma com esta característica, apesar
de se assemelharem morfologicamente. A sapucaia, contudo, não é a única
espécie de árvore a exibir folhas novas coloridas.
Distribuição
geográfica
Ocorrência:
Originalmente sua distribuição natural se estendia desde o Ceará até o Rio
de Janeiro na mata atlântica de várzea, sendo mais freqüente, contudo do
sul da Bahia até o norte do Rio de Janeiro. Sua ocorrência e importância
foi mais acentuada no ES e RJ, tendo inclusive emprestado o seu nome para
designar várias localidades, como a cidade de Sapucaia no RJ.
Frutos:
Uma das principais curiosidades desta árvore é a forma de seu fruto,
denominada botanicamente "pixídio" e popularmente conhecida como
"cumbuca". Trata-se de uma cápsula lenhosa de forma globosa de 2-4 kg e
até 25 cm de diâmetro, dotada de uma tampa na extremidade oposta ao
cabinho de fixação que se descola e cai quando o fruto está maduro para
permitir a liberação das sementes. Isto ocorre nos meses de
agosto-setembro. As sementes ou "castanhas" são comestíveis e muito
deliciosas. Seu sabor rivaliza com a "castanha-do-pará", contudo não é
comercial porque a produção é muito baixa e muito perseguida pelos macacos
e outros animais selvagens.
Geralmente uma cumbuca média contém 6-12
castanhas, as quais contém, afixadas em sua base, um arilo
branco-amarelado de sabor adocicado e muito procurado pelos morcegos.
Estes recolhem as castanhas com o arilo e as levam para árvores de copa
densa para saborearem, deixando cair as castanhas após a remoção do arilo,
constituindo-se assim nos disseminadores naturais desta espécie. Portanto,
o melhor lugar para procurar as castanhas desta árvore não é sob a sua
copa, mas sob as árvores próximas de copa densa e escura.
O maior
consumidor de suas castanhas, contudo, não é o homem, mas sim o
macaco-sauá, que faz verdadeiras loucuras para consegui-las. Quando ainda
fechadas, os macacos torcem as cumbucas como se fossem arrancá-las para
acelerar a maturação. Quando parcialmente abertas, chegam a bater um fruto
contra o outro na tentativa de forçar a liberação das castanhas e, segundo
a lenda, dificilmente enfiam a mão dentro da cumbuca (pelo menos os mais
experientes), porque isto pode prender sua mão ao contraí-la para apanhar
as castanhas. Daí a expressão "macaco velho não põe a mão em cumbuca". As
cumbucas são usadas na zona rural como utensílio para fins diversos,
principalmente para vasos de plantas ou como adorno doméstico. Geralmente
ficam afixadas na árvore mesmo após a queda das castanhas por vários
meses.
Madeira:
Não é considerada de excelente qualidade. De densidade média (0,88 g/cm3),
dura, resistente, grã direita, de textura média, era usada principalmente
para vigamentos de construções rurais em geral, esteios, postes, estacas,
tábuas para assoalhos, pontes, etc. Sua durabilidade quando exposta ao
tempo não é das maiores.
Produção
de mudas:
Suas sementes (castanhas) germinam com certa facilidade em 40-70 dias se
deixadas para germinar em solo organo-argiloso logo que caídas das
árvores. Um kg de sementes contém aproximadamente 180 unidades. Semeá-las
logo que colhidas porque sua viabilidade germinativa não ultrapassa três
meses. A semeadura deve ser feita sem nenhum tratamento diretamente em
saquinhos individuais (duas sementes por embalagem) contendo substrato
organo-argiloso e mantidos em local sombreado. Cobrir as sementes com uma
camada de 1 cm do substrato peneirado e irrigar duas vezes ao dia.
A
emergência das sementes ocorre em 40-70 dias e a taxa de germinação é
apenas moderada. O desenvolvimento das mudas no viveiro e posteriormente
no local de plantio definitivo não é muito rápido, podendo ser considerado
"lento". As árvores jovens iniciam a produção aos 8-10 anos de idade.
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