Algumas Técnicas do tratamento do lixo
Uma deplorável realidade. Depósitos a céu aberto ainda são o principal
método de disposição de lixo em 100% das cidades. Essa destinação inadequada
acarreta uma série de problemas para a saúde (pública) humana e para a
produtividade, além do desperdício de recursos que poderiam ser utilizados
(reciclagem) e do comprometimento de reservatórios naturais (rios,
nascentes).
ATERROS SANITÁRIOS
É o lixão sofisticado! Entretanto, se todos os critérios legais para a
instalação de um aterro fossem realmente respeitados, a crítica não
procederia. Uma vez escolhida e desmatada a área, a implantação de um aterro
deveria passar pelas seguintes fases:
- Identificação do lençol freático e das nascentes da região;
- Drenagem das nascentes;
- Terraplanagem;
- Camada de regularização e instalação da manta de impermeabilização do
solo;
- Camada de proteção da manta, feita com solo;
- Destinação do chorume: drenos de fundo e lagoas de tratamento
Depois, quando o aterro estiver com a capacidade máxima de lixo, encerra sua
"vida" útil. Recomenda-se que aterros encerrados sejam mantidos sob
vigilância e manutenção por pelo menos 5 anos, pois continuam a produzir
lentamente biogás e chorume (líquido escuro derivado do lixo) por mais 10
anos.
Outro grande problema associado aos aterros é o tratamento do líquido
percolado ou chorume. O custo/benefício não favorece a adoção de medidas
sofisticadas de tratamento (usinas piloto, osmose reversa, etc.). A
alternativa é desviá-lo para uma estação de tratamento de esgoto, onde é
diluído e tratado (éimportante lembrar que temos muitas cidades sem
saneamento básico).
USINAS DE COMPOSTAGEM
As usinas de compostagem associadas às usinas de reciclagem começaram a ser
instaladas no Brasil em 1963. Atualmente, temos apenas 8 unidades de
compostagem em todo o Brasil, com 30 bioestabilizadores, em São Paulo (SP),
Santo André (SP), São José dos Campos (SP), Belém (PA), Belo Horizonte (MG),
Boa Vista (RR), Brasília (DF) e Rio de Janeiro (RJ). A capacidade total de
processamento é de (apenas) aproximadamente 3000 toneladas de lixo por dia.
A relação custo/benefício que essa técnica oferece tem justificado um
crescente interesse de inúmeros municípios e ecologistas. Uma usina com
apenas um bioestabilizador orgânico é capaz de tratar mais de 90
toneladas/dia de lixo - ou seja, a produção diária de lixo de uma população
de 100.000 habitantes.
No processo, há uma prévia separação de materiais (gerenciamento de lixo),
encontrados no lixo: são separados os metais, papelão, trapos, plásticos,
vidros - e esses são destinados aos aterros ou usinas de reciclagem. A
matéria orgânica restante (aproximadamente 50%), transforma-se num
fertilizante orgânico que é chamado composto. O composto é um produto
homogêneo e pasteurizado, com cheiro e aspecto semelhantes ao da terra
vegetal. É ótima fonte de matéria orgânica, com diversos micro-nutrientes
essenciais à agricultura e jardinagem. É um excelente recondicionador da
terra, pois é diretamente assimilado pelas raízes das plantas.
INCINERADORES
A eliminação do lixo pela ação do fogo é uma prática muito antiga. Nas áreas
rurais, costuma-se queimar restos de galhos e poda para limpar terrenos para
plantio. A ação do fogo reduz sensivelmente o volume do lixo, impede a
disseminação de doenças (principalmente no caso do lixo hospitalar) e as
cinzas resultantes - cerca de 30% do volume inicial - pode ser mais
facilmente destinada. Além disso, há outra vantagem: o lixo urbano é
composto por grandes quantidades de plástico e papel e por isso, não há
necessidade de utilizar combustível para alcançar a temperatura correta
(800ºC). Em termos mais simples: o lixo queima sozinho.
Por outro lado, a incineração sem controle dos produtos pode resultar em
grande fonte de poluição. Portanto, os vapores da combustão devem ser
tratados em filtros e torres de lavagem, para depois serem liberados na
atmosfera através de chaminés, cujas alturas devem ser determinadas após
observar as condições de clima e grafia da área.
RECICLAGEM
As modernas sociedades urbanas, em face da tendência de uma verdadeira
revolução industrial-ambiental, vêm "redesenhando o progresso tecnológico".
O conceito de desenvolvimento sustentável aparece como uma alternativa
eficiente que pode assegurar um crescimento racional e um progresso
econômico. Entre os novos valores que emergem desse conceito estão a
"tecnologia limpa", a "legislação verde", o "consumidor consciente" e a
"reciclagem de materiais". O senso comum vê a reciclagem como a "salvação
da lavoura". Teoricamente, é bonito dizer que, ao reintroduzir
componentes do lixo na linha de produção, poupam-se matérias-primas ao mesmo
tempo em que se atenua de forma significante o grave problema da destinação
do lixo, mas um projeto de reciclagem em grande escala e abrangente esbarra
na questão do lucro. O interesse pelo produto se justifica somente quando
ele dá lucro. Aí sim, a indústria se interessa.
Veja abaixo os materiais recicláveis que estão gerando lucro e renda para
muitas famílias, além de ajudar consideravelmente a economia de recursos
naturais:
Alumínio
Para fabricar o alumínio metálico, usa-se como matéria-prima o minério
de alumínio, conhecido como bauxita. O Brasil tem uma das maiores reservas
do mundo, estimada em 870.000 toneladas. O grande nó desse produto é que ele
é eletrolítico. É a corrente elétrica que possibilita tal façanha. Gasta-se
muita energia elétrica, que é cara, para produzir alumínio. Por isso se diz
que o alumínio metálico tem altíssimo conteúdo de energia. Quando
reintroduzimos o alumínio metálico na linha de produção, reaproveitando, por
exemplo, as latinhas de refrigerante, poupamos muita energia, o que
significa redução de custos. Reutilizando alumínio já produzido, conseguimos
uma economia da ordem de 96% da energia necessária para produzir o minério.
Plásticos
Nos últimos anos,
têm-se verificado uma tendência de aumento na utilização de plásticos. Até a
década de 50, o material predominante utilizado em embalagens de materiais
sólidos era o papelão, e os materiais preferidos para armazenamento de
líquidos eram o vidro e as latas.
De lá pra cá, os plásticos conquistaram o mercado das embalagens, devido ao
baixo custo.
Por muito tempo se negligenciou o problema do descarte desses materiais; seu
fim era e ainda tem sido, na maioria dos casos, os aterros sanitários,
diferentes dos vidros, que geralmente são reutilizados, e do papel, que é
biodegradado no meio ambiente.
Atualmente, o interesse de vários segmentos industriais no reaproveitamento
de diversos tipos de plástico vem crescendo. Do processo esquematizado
abaixo, surge o formato de novos objetos: solas de tênis e sapatos,
interruptores de tomadas, baldes, mangueiras...
1) O material plástico
é separado manualmente
2) É moído e e diluído sob intensa agitação
3) A massa agitada é separada e seca
4) Depois de seco é aglutinado e vai para extrusora que dá formato ao objeto
desejado (Solas de tênis, mangueiras, etc).
Vidros
Desde
1986, a indústria de vidro no Brasil desenvolve um programa de reciclagem
permanente, baseado num processo de educação e instalação dos chamados
"papa-vidros" em diversos locais públicos e privados. O programa contempla
um suporte técnico na criação de centros de tratamento, para onde é
encaminhado o material vítreo coletado, o qual é selecionado,
descontaminado, esmagado (moído), lavado e, finalmente, encaminhado para
indústria, onde novamente será reutilizado como matéria-prima no fabrico de
novos vidros.
Para produzir materiais vítreos, há considerável gasto com energia para
alimentar os fornos que fundem o vidro. Dependendo do tipo de vidro, a
temperatura pode variar entre 1500 e 1600ºC em contínua produção; o forno
normalmente é alimentado por óleo combustível, gás natural ou, em alguns
casos, eletricidade. A fusão é etapa que gasta mais energia, perfazendo
aproximadamente 80% do total usado para transformar o mineral, por exemplo,
numa garrafa.
A reciclagem de vidros significa também uma economia significativa de
energia, já que o vidro reciclado contém uma energia que, de outra forma,
deveria ser fornecida. Comparativamente, a temperatura usada para refundir o
vidro reciclado é menor e permite economizar cerca de 100 litros de óleo
combustível (ou seu equivalente) para cada tonelada de vidro produzido.
No Brasil, o vidro ainda corresponde a 3% dos resíduos urbanos, mas é bem
possível que essa porcentagem diminua, porque o vidro é um material 100%
reciclável, por uma tecnologia simples, barata e consagrada, que mantém
excelente qualidade nos novos produtos gerados a partir da sucata, além de
haver interesse financeiro da indústria e conscientização da população. O
Brasil produz atualmente cerca de 890 mil toneladas de embalagens de vidro
por ano. Cerca de 25% desse total provém de matéria prima reciclada.
Papel e papelão
Para cada tonelada de papel são poupadas aproximadamente 20 árvores! Além da
preservação das florestas, a reciclagem proporciona uma economia de energia
em torno de 70%, portanto, além do retorno em termos ecológicos, temos
também uma economia de energia e água na produção de papel, a partir do
papel velho que seria jogado no lixo.
O papel, depois de selecionado e enfardado, é vendido para as indústrias de
papel que o utilizam como matéria-prima na produção de papel novo. Alguns
exemplos: Papel toalha, guardanapos, lenços de papel, papel higiênico e
papel para impressão. Nas indústrias gráficas: cadernos, livros, caixas para
embalar produtos alimentícios e caixas de papelão para uma infinidade de
utilidades.
O papel é feito tradicionalmente de fibras de vegetais. Para a produção de 1
tonelada de papel, gastam-se quase 100 mil litros de água tratada, muita
energia e mais de 50 árvores adultas. Quando se aproveita o papel já usado,
os gastos são extremamente reduzidos: economia de 50% a 80% de energia e o
corte de 20 à 30 árvores são poupados. Nas grandes cidades, quase 25% do
lixo é constituído de papel e o Brasil, por incrível que pareça, ainda
importa papel de outros países. |
|
Conheça
o
Ache
Tudo e Região
o portal
de todos Brasileiros. Cultive o hábito de ler, temos
diversidade de informações úteis
ao seu dispor. Seja bem
vindo, gostamos de
suas críticas e sugestões, elas nos ajudam a
melhorar a cada ano.
|
|
|