Mineral é um corpo natural sólido e cristalino
formado em resultado da interação de processos físico-químicos em
ambientes geológicos. Cada mineral é classificado e denominado não
apenas com base na sua composição química, mas também na estrutura
cristalina dos materiais que o compõem.
Em resultado dessa
distinção, materiais com a mesma composição química podem constituir
minerais totalmente distintos em resultado de meras diferenças
estruturais na forma como os seus átomos ou moléculas se arranjam
espacialmente (como por exemplo a grafite e o diamante). Os minerais
variam na sua composição desde elementos químicos, em estado puro ou
quase puro, e sais simples a silicatos complexos com milhares de
formas conhecidas.
Embora em sentido estrito o petróleo, o gás natural e outros
compostos orgânicos formados em ambientes geológicos sejam minerais,
geralmente a maioria dos compostos orgânicos é excluída. Também são
excluídas as substâncias, mesmo que idênticas em composição e
estrutura a algum mineral, produzidas pela atividade humana (como
por exemplos os betões ou os diamantes artificiais)O estudo dos
minerais constitui o objeto da mineralogia.
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Exemplos de Minerais |
Estrutura cristalina
Estrutura cristalina de um cristal de sal (NaCl). Note-se a
ordenação dos átomos.Um dos pilares fundamentais do estudo dos
minerais, e um dos elementos determinantes na sua classificação, é a
determinação da sua estrutura cristalina (ou ausência dela), já que
esse fator determina, a par com a composição química, a generalidade
das propriedades do material e fornece indicações claras sobre os
processos e ambientes geológicos que estiveram na sua origem, bem
como o tipo de rochas de que poderá fazer parte.
Neste contexto, estrutura cristalina significa o arranjo espacial de
longo alcance em que se encontram os átomos ou moléculas no mineral.
Na natureza existem 14 arranjos básicos tridimensionais de
partículas (neste caso átomos ou moléculas, entenda-se), designados
por redes de Bravais, agrupados em 7 sistemas de cristalização
distintos, que permitem descrever todos os cristais até agora
encontrados (as excepções conhecidas são os quase cristais de
Shechtman, os quais, contudo, não são verdadeiros cristais por não
possuírem uma malha com repetição espacial uniforme).
É portanto da conjugação da composição química e da estrutura
cristalina que é definido um mineral, sendo em extremo comuns
substâncias que em condições geológicas distintas cristalizam em
formas diferentes, para não falar da similaridade de cristalização
por parte de substâncias com composição química totalmente diversa.
De fato, dois ou mais minerais podem ter a mesma composição química,
mas estruturas cristalinas diferentes, sendo nesse caso conhecidos
como polimorfos do mesmo composto. Por exemplo, a pirite e a
marcassite são ambos constituídos por sulfeto de ferro, embora sejam
totalmente distintos em aspecto físico e propriedades.
Similarmente, alguns minerais têm composições químicas diferentes,
mas a mesma estrutura cristalina, originando isomorfos. Um exemplo é
dado pela halite, um composto de sódio e cloro em tudo similar ao
vulgar sal de cozinha, a galena, um sulfeto de chumbo, e a periclase,
um composto de magnésio e oxigênio. Apesar de composições químicas
radicalmente diferentes, todos estes minerais compartilham da mesma
estrutura cristalina cúbica.
As estruturas cristalinas determinam de forma preponderante as
propriedades físicas de um mineral: apesar do diamante e grafite
terem a mesma composição, a grafite é tão branda que é utilizada
como lubrificante, enquanto o diamante é o mais duro dos minerais, o
qual é derivado do carbono.
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Estrutura cristalina de um cristal de sal
(NaCl). Note-se a ordenação dos átomos. |
Para ser classificado como um "verdadeiro" mineral, uma substância
deve ser um sólido e ter uma estrutura cristalina definida. Deve
também ser uma substância homogênea natural com uma composição
química definida. Substâncias semelhantes a minerais que não
satisfazem estritamente a definição, são por vezes classificados
como mineralóides.
Estão atualmente catalogados mais de 4 000 minerais, todos eles
reconhecidos e classificados de acordo com a International
Mineralogical Association (IMA), a instituição de referência na
aprovação da classificação e nomenclatura internacional dos
minerais.
De fora ficam materiais como a obsidiana ou o âmbar, que embora
tenham caráter homogêneo, origem geológica e aspecto mineral dado
pela sua origem, ocorrência e características macroscópicas, não são
materiais cristalinos.
Minerais e rochas
Embora na linguagem comum por vezes os termos mineral e rocha sejam
utilizados de forma quase sinônima, é importante manter uma
distinção clara entre ambos. É preciso não perder de vista que um
mineral é um composto químico com uma determinada composição química
e uma estrutura cristalina definida, como atrás foi apontado. Se é
verdade que existem rochas compostas por um único mineral, na
generalidade dos casos, uma rocha é uma mistura complexa de um ou
diversos minerais, em proporções variadas, incluindo frequentemente
facções, que podem ser significativas ou mesmo dominantes, de
material vítreo, isto é, não cristalino.
Os minerais específicos numa rocha, ou seja aqueles que determinam a
classificação desta, variam muito. Alguns minerais, como o quartzo,
a mica ou o talco apresentam uma vasta distribuição geográfica e
petrológica, enquanto outros ocorrem de forma muito restrita. Mais
de metade dos mais de 4000 minerais reconhecidos são tão raros que
foram encontrados somente num punhado das amostras, e muitos são
conhecidos somente por alguns pequenos cristais. Pondere-se a
diferença de abundância entre o quartzo e o diamante, sendo certo
que este último nem é dos minerais mais raros.
Propriedades físicas dos minerais
As propriedades físicas dos minerais resultam da sua
composição química e das suas características estruturais. As
propriedades físicas mais óbvias e mais facilmente comparáveis são
as mais utilizadas na identificação de um mineral. Na maioria das
vezes, essas propriedades, e a utilização de tabelas adequadas, são
suficientes para uma correta identificação.
Quando tal não é
possível, ou quando um elevado grau de ambiguidade persiste, como no
caso de muitos isomorfos similares, a identificação é realizada a
partir da análise química, de estudos de óptica ao microscópio
petrográfico ou por difracção de raios X ou de neutrões. São as
seguintes as propriedades físicas macroscópicas, isto é observáveis
sem necessidade de equipamento sofisticado (por vezes designadas,
por essa razão, por propriedades de campo):
CorÉ uma característica extremamente importante dos minerais. Pode
variar devido a impurezas existentes em minerais como o quartzo, o
corindo, a fluorite, a calcite e a turmalina, entre outros. Em
outros casos, a superfície do mineral pode estar alterada, não
mostrando sua verdadeira cor. A origem da cor nos minerais está
principalmente ligada à presença de iões metálicos, fenômenos de
transferência de carga e efeitos da radiação ionizante. Eis alguns
exemplos:
Jadeíte — esverdeado;
Augita — verde escuro a preto;
Cassiterita — verde a castanho;
Pirita — amarelo-ouro.
Brilho
O brilho depende da
absorção, refracção ou reflexão da luz pelas superfícies frescas de
fractura do mineral (ou as faces dos seus cristais ou as superfícies
de clivagem). O brilho é avaliado à vista desarmada e descrito em
termos comparativos utilizando um conjunto de termos padronizados.
Os brilhos são em geral agrupados em: metálico e não metálico ou
vulgar. Diz-se que o brilho é não metálico, ou vulgar, quando não é
semelhante aos dos metais, sendo característico dos minerais
transparentes ou translúcidos. Dentro das grandes classes atrás
apontadas, o brilho de um mineral pode ser descrito como:
Brilhos não metálicos:
Acetinado — brilho não metálico que faz lembrar o brilho do cetim; é
característico dos minerais fibrosos;
Adamantino — brilho não metálico que, pelas suas características,
nomeadamente a intensidade, se assemelha ao do diamante (são
exemplos a pirargirita e a cerussita;
Ceroso — brilho não metálico que lembra o da cera (é exemplo a
variscita);
Nacarado — brilho não metálico semelhante ao das pérolas (é exemplo
a caulinita);
Resinoso — brilho não metálico que lembra o observado nas
superfícies de fratura das resinas (é exemplo a monazita);
Vítreo — brilho não metálico que lembra o do vidro (são exemplos a
fluorita, a halita e a aragonita);
Brilhos metálicos:
Metálico — brilho que se assemelha ao dos metais, sendo
característico de minerais opacos como a galena, a calcopirita e a
pirita;
Submetálico — brilho que faz lembrar o dos metais, mas não tão
intenso, sendo característico dos minerais quase opacos como a
cromita.
Traço (ou risca)A cor do traço de um mineral pode ser observada
quando uma louça ou porcelana branca é riscada. A clorite, a gipsita
(gesso) e o talco deixam um traço branco, enquanto o zircão, a
granada e a estaurolita deixam, comummente, um traço castanho
avermelhado. O traço de um mineral fornece uma importante
característica para sua identificação, já que permite diferenciar
materiais com cores e brilhos similares.
Clivagem
É a forma como muitos minerais se quebram seguindo planos
relacionados com a estrutura molecular interna, paralelos às
possíveis faces do cristal que formariam. A clivagem é descrita em
cinco modalidades: desde pobre, como na bornita; moderada; perfeita;
e proeminente, como nas micas. Os tipos de clivagem são descritos
pelo número e direcção dos planos de clivagem.
Fratura
Refere-se à maneira pela qual um mineral se parte, exceto quando ela
é controlada pelas propriedades de clivagem e partição. O estilo de
fraturação é um elemento importante na identificação do mineral.
Alguns minerais apresentam estilos de fraturação muito
característicos, determinantes na sua identificação. Minerais com
fratura conchoidal, por exemplo, são: quartzo, zircão, ilmenita,
calcedônia, opala, apatita.
Dureza
Expressa a
resistência de um mineral à abrasão ou ao risco. Ela reflete a força
de ligação dos átomos, iões ou moléculas que formam a estrutura. A
escala de dureza mais frequentemente utilizada, apesar da variação
da dureza nela não ser gradativa ou proporcional, é a escala de Mohs,
que consta dos seguintes minerais de referência (ordenados por
dureza crescente):
1 – Talco;
2 – Gipsita;
3 – Calcita;
4 – Fluorita;
5 – Apatita;
6 – Feldspato;
7 – Quartzo;
8 – Topázio;
9 – Corindon;
10– Diamante.
Densidade
É a medição direta
da densidade mássica, medida pela relação direta entre a massa e o
volume do mineral.
Tenacidade
Mede a coesão de um mineral, ou seja, a resistência a ser quebrado,
dobrado ou esmagado. A tenacidade não reflete necessariamente a
dureza, antes sendo dela geralmente independente: o diamante, por
exemplo, possui dureza muito elevada (é o termo mais alto da escala
de Mohs), mas tenacidade relativamente baixa, já que quebra
facilmente se submetido a um impacto. A tenacidade dos minerais é
expressa em termos qualitativos, utilizando uma linguagem
padronizada:
Quebradiço ou frágil – o mineral parte-se ou é pulverizado com
facilidade;
Maleável – o mineral, por impacto, pode ser transformado em lâminas;
Séctil – o mineral pode ser cortado por uma lâmina de aço;
Dúctil – o mineral pode ser estirado para formar fios;
Flexível – o mineral pode ser curvado sem, no entanto, voltar à sua
forma original;
Elástico – o mineral pode ser curvado, voltando à sua forma original
quando o forçamento cessa.
Magnetismo
Ocorre nos poucos minerais que devido à sua natureza ferromagnética
são atraídos por um íman. Os exemplos mais comuns são a magnetita, a
pirrotite e outros com elevado teor de metais que podem ser
magnetizados após aquecimento, como o manganês, o níquel e o
titânio.
Peso específico (ou densidade relativa)É a relação do peso de um
mineral quando comparado com o peso de igual volume de água. Para
isto, o mineral deve ser pesado imerso em água e ao ar. O processo
utiliza a balança de Jolly, aplicando a seguinte fórmula: onde é o
peso do mineral fora da água; a referência inicial da balança ou
calibragem em zero; e o peso do mineral dentro da água. Assim, por
exemplo, se um mineral tem peso específico 3,0 determinada pelo
processo descrito, tal significa que ele pesa três vezes mais que
igual volume de água.
Sistema cristalino
A forma do cristal é muito importante na identificação do mineral,
pois ela reflete a organização cristalina da estrutura dos minerais
e dá boas indicações sobre o sistema de cristalização do mineral.
Algumas vezes o cristal é tão simétrico e perfeito nas suas faces
que coloca em dúvida a sua origem natural. Porém, os cristais
perfeitos são muito raros, pelo que a maioria dos cristais apenas
desenvolve algumas de suas faces.
Classificação de Strunz
Os minerais podem ser classificados de acordo com sua composição
química e são listados abaixo na ordem aproximada de abundância na
crusta terrestre.
Silicatos
O grupo dos silicatos é de longe o maior grupo de minerais, sendo
compostos principalmente por silício e oxigênio, com a adição de
catiões como o magnésio, o ferro e o cálcio. Alguns dos mais
importantes silicatos constituintes de rochas comuns são o
feldspato, o quartzo, as olivinas, as piroxenas, as granadas e as
micas.
Carbonatos
O grupo dos carbonatos é composto de minerais contendo o anião
(CO3)2- e inclui a calcite e a aragonita (carbonatos de cálcio), a
dolomita (carbonato de magnésio e cálcio) e a siderita (carbonato de
ferro). Os carbonatos são geralmente depositados em ambientes
marinhos pouco profundos, com águas límpidas e quentes, como por
exemplo em mares tropicais e subtropicais. Os carbonatos
encontram-se também em rochas formadas por evaporação de águas pouco
profundas (os evaporitos, como por exemplo os existentes no Great
Salt Lake, Utah) e em ambientes de karst, isto é regiões onde a
dissolução e a precipitação dos carbonatos conduziu à formação de
cavernas com estalactites e estalagmites. A classe dos carbonatos
inclui ainda os minerais de boratos e nitratos.
Sulfatos
Todos os sulfatos contém o anião sulfato na forma SO4. Os sulfatos
formam-se geralmente em ambientes evaporíticos, onde águas de alta
salinidade são lentamente evaporadas, permitindo a formação de
sulfatos e de halóides na interface entre a água e o sedimento.
Também ocorrem em sistemas de veios hidrotermais sob a forma de
minerais constituintes da ganga associada a minérios de sulfetos. Os
sulfatos mais comuns são a anidrita (sulfato de cálcio), a celestita
(sulfato de estrôncio) e o gesso (sulfato hidratado de cálcio).
Nesta classe incluem-se também os minerais de cromatos, molibdatos,
selenatos, sulfetos, teluratos e tungstatos.
Halóides
O grupo dos halóides é constituído pelos minerais que formam os sais
naturais, incluindo a fluorite, a halite (sal comum) e o sal
amoníaco (cloreto de amónia). Os halóides, como os sulfatos, são
encontrados geralmente em ambientes evaporíticos, tais como lagos do
tipo playa e mares fechados (por exemplo nas margens do Mar Morto).
Inclui os minerais de fluoretos, cloretos e iodetos.
Óxidos
Os óxidos constituem um dos grupos mais importantes de minerais por
formarem minérios dos quais podem ser extraídos metais. Ocorrem
geralmente como precipitados em depósitos sitos próximo da
superfície, como produtos de oxidação de outros minerais situados na
zona de alteração cerca da superfície ou ainda como minerais
acessórios das rochas ígneas da crusta e do manto. Os óxidos mais
comuns incluem a hematite (óxido de ferro), a espinela (óxido de
alumínio e magnésio, um componente comum do manto) e o gelo (de
água, ou seja óxido de hidrogénio). São também incluídos nesta
classe os minerais de hidróxidos.
Sulfetos
Muitos sulfetos são também economicamente importantes como minérios
metálicos, incluindo-se entre os mais comuns a calcopirita (sulfeto
de cobre e ferro) e a galena (sulfeto de chumbo). A classe dos
sulfetos também inclui os minerais de selenetos, teluretos,
arsenietos, antimonetos, os bismutinetos e ainda os sulfossais.
Fosfatos
O grupo dos
fosfatos inclui todos os minerais com uma unidade tetraédrica de AO4
onde A pode ser fósforo, antimónio, arsénio ou vanádio. O fosfato
mais comum é a apatite, a qual constitui um importante mineralóide,
encontrado nos dentes e nos ossos de muitos animais. Esta classe
inclui os minerais de fosfatos, vanadatos, arseniatos e antimonatos.
Elementos nativos
O grupo
dos elementos nativos inclui os metais e amálgamas intermetálicas
(como as de ouro, prata e cobre), semi-metais e não-metais (antimónio,
bismuto, grafite e enxofre). Este grupo inclui também ligas
naturais, como o electrum (uma liga natural de ouro e prata),
fosfinos (hidretos de fósforo), nitritos e carbetos (que geralmente
são só encontrados em alguns raros meteoritos).
Minerais dietéticos
Designam-se por minerais dietéticos os compostos inorgânicos
necessários à vida, incluindo aqueles que devem fazer parte da boa
nutrição humana. Entre estes minerais inclui-se o sal de cozinha e
compostos contendo nutrientes e oligoelementos como o potássio, o
cálcio, o ferro, o zinco, o magnésio e o cobre.
Os minerais dietéticos podem ser constituintes naturais do alimento
ou propositadamente adicionados, na forma elementar ou mineral, ao
alimento, como o acontece com suplementos à base de carbonato de
cálcio ou de sais ferrosos. Alguns destes aditivos provêm de fontes
naturais, como os depósitos de conchas, para o carbonato de cálcio.
Em alternativa, os minerais podem ser adicionados à dieta em
separado dos alimentos, sob a forma de suplementos.
Entre os animais, e também de forma inadvertida, entre os humanos,
uma fracção importante de minerais dietéticos é ingerida
acidentalmente por ingestão de poeiras. Entre os herbívoros é
importante a pica, ou geofagia, isto é a ingestão acidental de
poeiras e materiais do solo em conjunto com a dieta normal. A
geofagia humana também é corrente em algumas sociedades rurais e
como distúrbio alimentar, particularmente entre crianças.
Referência:
Wikipédia
Ache Tudo e Região