O elétron
(português brasileiro) (eletrão [português
europeu], electrão [português angolano]) (do
grego ήλεκτρον, élektron, "âmbar") é uma
partícula subatômica, de símbolo e− ou β−,
com carga elétrica negativa. Pertence à
primeira geração da família dos léptons, e
considera-se que são partículas elementares
porque não possuem componentes conhecidos. A
massa do elétron é aproximadamente 1/1836 da
massa do próton. As propriedades da
quânticas do elétron incluem um momento
angular intrínseco (spin) fracionário, o que
significa que é um férmion.
|
Portanto, dois
elétrons não podem ocupar o mesmo estado
quântico, de acordo com o princípio da
exclusão de Pauli. Como toda matéria,
possui propriedades de ondas e de
corpúsculos: pode colidir com outras
partículas, mas também pode ser
difratado, assim como a luz. As
propriedades ondulatórias dos elétrons
são mais fáceis de se observar
experimentalmente do que as de outras
partículas como os nêutrons e prótons
porque os elétrons têm uma massa menor e
assim um comprimento de onda de Broglie
maior. |
Os elétrons
desempenham um papel essencial em muitos
fenômenos físicos, tais como a eletricidade,
o magnetismo e a condutividade térmica. Os
elétrons estão sujeitos à ação de três
interações fundamentais da natureza: a
gravidade, a força eletromagnética e a força
fraca. Por ter carga elétrica, um elétron
gera um campo elétrico em sua vizinhança.
Quando se move em relação a um observador
gera também um campo magnético. Campos
eletromagnéticos externos afetam um elétron
por meio da força de Lorentz. Elétrons
irradiam energia na forma de fótons quando
acelerados. Elétrons são também essenciais
em muitas aplicações tecnológicas, tais como
a eletrônica, a soldagem, os tubos de raios
catódicos, a microscopia eletrônica, a
radioterapia, os lasers, os detectores de
radiação ionizante e os aceleradores de
partículas.
Um raio de
elétrons defletidos em um círculo por um
campo magnético.
Interações
envolvendo elétrons e outras partículas
subatômicas são de interesse da química e da
física nuclear. A interação entre os
prótons, localizados no núcleo atômico, e os
elétrons por meio da da força de Coulomb é
responsável pela estrutura do átomo. As
ligações químicas são devidas à troca ou
compartilhamento de elétrons entre dois ou
mais átomos. O filósofo natural Richard
Laming foi o primeiro a teorizar o conceito
de uma carga elétrica de quantidade
indivisível para explicar as propriedades
químicas dos átomos em 1838; O físico George
Johnstone Stoney nomeou esta carga como
‘electron’ em 1891, enquanto que Joseph John
Thomson e sua equipe identificaram a
partícula em 1897.
Robert A.
Millikan |
Os elétrons
também podem participar em reações
nucleares, tais como a nucleossíntese
estelar, onde são conhecidos como
partículas beta. Elétrons podem ser
criados a partir do decaimento beta de
isós radioativos e em colisões de
alta energia, por exemplo quando os
raios cósmicos entram na atmosfera
terrestre.
A
antipartícula do elétron é denominada
pósitron; tem muitas características
idênticas às do elétron, mas sua carga
elétrica é positiva. Quando um elétron
colide com um pósitron, ambas as
partículas são totalmente aniquiladas,
produzindo fótons de raios gama. |
Historia e
descobrimento do elétron
Os gregos antigos
observaram que o âmbar atraía pequenos
objetos quando friccionado com a lã. Junto
com o raio, este fenômeno é uma das
primeiras observações registradas com a
eletricidade. Em seu tratado De Magnete,
publicado em 1600, o cientista inglês
William Gilbert cunhou o termo em neolatim
electricus, para se referir a esta
propriedade de atração de pequenos objetos
após a fricção. Ambas as palavras elétrico e
eletricidade são derivadas da forma latina
ēlectrum (que também é a raiz para a liga
metálica de mesmo nome), que veio da palavra
grega para o âmbar, ἤλεκτρον (ēlektron).
No início do
século XVII, Francis Hauksbee e Charles
François du Fay descobriram de modo
independente o que eles acreditavam ser dois
tipos de eletricidade, uma gerada a partir
da fricção do vidro, e a outra da fricção da
resina de âmbar. A partir disto, Du Fay
teorizou que a eletricidade consistia de
dois fluidos elétricos, vítreo e resinoso,
que são separados pela fricção e que se
neutralizam quando combinados. Uma década
depois, Benjamin Franklin propôs que a
eletricidade não era constituída por dois
tipos de fluidos elétricos, mas pelo mesmo
fluido sob diferentes pressões. Ele deu a
eles a nomenclatura atual de carga positiva
e negativa. Franklin imaginou que os
portadores de carga fossem positivos.
Entre 1838 e 1851,
o filósofo britânico Richard Laming
desenvolveu a ideia de que o átomo seria
composto de um núcleo de matéria cercado por
partículas subatômicas com carga elétrica
unitária. No início de 1846, o físico
William Weber postulou que a eletricidade
era composta de cargas fluidas positivas e
negativas e que a interação entre elas seria
descrita pela lei do inverso do quadrado.
Após estudar o fenômeno da eletrólise em
1874, o físico George Johnstone Stoney
sugeriu a existência de uma "quantidade de
eletricidade singular definida", a carga de
um íon monovalente. Ele foi capaz de estimar
o valor desta carga elementar e por meio da
lei de Faraday da eletrólise.
Entretanto, Stoney
acreditava que essas cargas estariam
permanentemente ligadas aos átomos e que não
poderiam ser removidas. Em 1881, o físico
Hermann von Helmholtz argumentou que tanto
as cargas negativas quanto as positivas
seriam subdivididas em partes elementares
que "comportam-se como átomos de
eletricidade".
Em 1881, Stoney
criou o termo electrolion, mas dez anos
depois adotou a palavra electron para
descrever estas cargas elementares,
escrevendo em 1894: "... uma estimativa foi
feita para o valor correto dessa unidade
fundamental notável, para a qual eu tenho
desde então ousado sugerir o nome
electron.[notas. Em 1906, uma proposta para
mudar a nomenclatura para electrion não foi
bem sucedida porque Hendrik Lorentz preferiu
manter a palavra electron. A palavra inglesa
electron é uma combinação das palavras
electric e ion. O sufixo -on passou então a
ser utilizado no nome de outras partículas
subatômicas, tais como proton e neutron.
Descoberta
Em 1869, o físico Johann Wilhelm Hittorf
estudava a condutividade elétrica em gases
rarefeitos e descobriu um brilho emitido do
cátodo que aumentava em tamanho com a
redução da pressão do gás. Em 1876, o físico
Eugen Goldstein demonstrou que os raios
deste brilho formavam uma sombra, e os
apelidou de raios catódicos.
Durante
a década de 1870, o físico e químico Sir
William Crookes desenvolveu o primeiro tudo
de raios catódicos com um vácuo no interior.
Ele então demonstrou que os raios
luminescentes aparecendo dentro do tubo
carregavam energia e se moviam do cátodo
para o ânodo. Além disso, ao aplicar um
campo magnético, ele foi capaz de defletir
os raios, assim demonstrando que os raios se
comportavam como se fossem carregados
negativamente. Em 1879, propôs que estas
propriedades poderiam ser explicadas pelo
que ele denominou 'matéria radiante'. Ele
então sugeriu que este seria o quarto estado
da matéria, consistindo de moléculas
carregadas negativamente que eram projetadas
com alta velocidade a partir do cátodo.
O físico Arthur Schuster realizou um
experimento similar ao de Crookes, colocando
placas de metal paralelas aos raios
catódicos e aplicando um potencial elétrico
entre as placas. O campo defletia os raios
em direção a placa carregada positivamente,
fornecendo maiores evidências que os raios
carregavam cargas negativas.
Através
da medição da quantidade de deflecção para
um dado nível de corrente elétrica, em 1890,
Schuster foi capaz de estimar a relação
massa-para-carga dos componentes dos raios.
Todavia, isto resultou em um valor que era
mais de mil vezes superior ao que era
esperado, então foi dado pouco crédito aos
seus cálculos na época.
Em 1892,
Hendrik Lorentz sugeriu que a massa destas
partículas (elétrons) poderia ser
consequência de sua carga elétrica.
Em 1896, o físico J. J. Thomson, com seus
colegas John S. Townsend e Harold A. Wilson,
executaram experimentos indicando que os
raios catódicos eram partículas únicas, aos
invés de ondas, átomos ou moléculas como era
acreditado anteriormente. Thomson fez boas
estimativas tanto da carga e e da massa m,
descobrindo que as partículas dos raios
catódicos, que ele chamou de "corpúsculos",
teriam talvez um milésimo da massa do menor
íon conhecido: o hidrogênio.
Ele
demonstrou que a relação carga para massa,
e/m, era independente do material do cátodo.
Também demonstrou que as partículas
carregadas negativamente produzidas por
materiais radioativos, pelo aquecimento de
materiais e pelos materiais luminosos eram
universais. O nome electron foi novamente
proposto para estas partículas pelo físico
George Fitzgerald, e o nome então ganhou
aceitação universal.
Enquanto
estudava a fluorescência natural de minerais
em 1896, o físico Henri Becquerel descobriu
que eles emitiam radiação sem nenhuma
exposição a uma fonte externa de energia.
Estes materiais radioativos se tornaram o
interesse de muitos cientistas, incluindo o
físico Ernest Rutherford que descobriu que
eles emitiam partículas. Ele denominou estas
partículas como alfa e beta, com base na sua
capacidade de penetrar a matéria.
Em
1900, Becquerel demonstrou que os raios beta
emitidos pelo Rádio podiam ser defletidos
por um campo elétrico, e que a relação
massa-para-carga era a mesma que para os
raios catódicos. Esta evidência fortaleceu a
visão de que os elétrons existiam como
componentes dos átomos.
A carga do
elétron foi medida com mais cuidado pelos
físicos Robert Millikan e Harvey Fletcher em
sua experiência da gota de óleo de 1909.
Este experimento usou um campo elétrico para
prevenir uma gota de óleo carregada de cair
pela ação da gravidade. Este dispositivo
podia medir a carga elétrica de tão poucos
íons quanto de 1 a 150, com uma margem de
erro de menos de 0,3%. Experimentos
comparáveis feitos anteriormente pela equipe
de Thomson, utilizando nuvens de gotas de
água carregadas geradas pela eletrólise, e
em 1911 por Abram Ioffe, que obteve de modo
independente o mesmo resultado que Millikan
usando micropartículas de metal carregadas,
que publicou seus resultados em 1913.
Todavia, gotas de óleo eram mais estáveis do
que de água por causa de sua baixa taxa de
evaporação, e assim eram mais adequadas para
a experimentação por longos períodos de
tempo.
No início do século XX, foi
descoberto que sob certas condições uma
partícula carregada se movimentando
rapidamente causava a condensação de vapor
de água supersaturada ao longo do seu
caminho. Em 1911, Charles Wilson empregou
este princípio para criar a câmara de nuvens
para que pudesse fotografar o caminhos
destas partículas, tais como os elétrons em
alta velocidade.
Teoria atômica
Em 1914, experimentos dos físicos Ernest
Rutherford, Henry Moseley, James Franck ed
Gustav Hertz demonstraram amplamente a
estrutura de um átomo como um núcleo de
carga positiva cercado por elétrons de baixa
massa. Em 1913, o físico Niels Bohr postulou
que os elétrons residiam em estados de
energia quantizada, com a energia
determinada pelo momento angular das órbitas
do elétron sobre o núcleo.
Os
elétrons poderiam se mover entre estes
estados, ou órbitas, pela emissão ou
absorção de fótons em frequências
específicas. Por meio destas órbitas
quantizadas, ele explicou com precisão as
linhas espectrais do átomo de hidrogênio.
Porém, o modelo de Bohr falhou em explicar a
intensidade relativa das linhas espectrais e
não foi bem sucedido em explicar o espectro
de átomos mais complexos.
|
O Modelo
atômico de Bohr, mostrando os
estados dos elétrons com energia
quantizada pelo número n. Um elétron
caindo para as órbitas inferiores
emite um fóton com a mesma energia
entre os orbitais. |
As ligações químicas entre átomos
foram explicadas por Gilbert Newton Lewis,
que em 1916 propôs que a ligação covalente
entre dois átomos é mantida por um par de
elétrons compartilhados entre eles.
Posteriormente, em 1927, Walter Heitler e
Fritz London deram uma explicação completa
da formação do par de elétrons e a ligação
química em termos de mecânica quântica. Em
1919, o químico Irving Langmuir elaborou que
o modelo estático de Lewis do átomo e
sugeriu que todos os elétrons eram
distribuídos em sucessivas "camadas
esféricas (quase) concêntricas, de mesma
espessura".
As camadas eram, por sua
vez, divididas por ele em um número de
células cada uma contendo um par de
elétrons. Com este modelo, Langmuir foi
capaz de explicar qualitativamente as
propriedades químicas de todos os elementos
na tabela periódica, os quais já se sabia
que se repetiam amplamente entre eles de
acordo com a lei periódica.
Em 1924,
o físico Wolfgang Pauli observou que a
estrutura em forma de camada do átomo
poderia se explicada por um conjunto de
quatro parâmetros que definiriam cada estado
de energia quântica, enquanto cada estado
fosse inabitado por não mais que um único
elétron. (Esta proibição contra mais de um
elétron ocupando o mesmo estado de energia
quântica ficou conhecida como princípio da
exclusão de Pauli.)
O mecanismo
físico para explicar o quarto parâmetro, que
tinha dois valores possíveis distintos, foi
elaborada pelos físicos Samuel Goudsmit e
George Uhlenbeck. Em 1925, Goudsmit e
Uhlenbeck sugeriram que um elétron, além do
momento angular de sua órbita, possuía um
momento angular intrínseco e momento dipolo
magnético. O momento angular intrínseco
ficou conhecido como Spin. e explicou a
divisão misteriosa das linhas espectrais
observadas em espectrômetros de alta
resolução; este fenômeno ficou conhecido
como divisão da estrutura fina.
Historia da mecânica quântica
Em sua
dissertação Recherches sur la théorie des
quanta (Pesquisa na Teoria Quântica), o
físico Louis de Broglie teorizou que toda a
matéria possuia uma onda de matéria similar
a luz.
Isto é, sob condições
apropriadas, elétrons e outras matérias
iriam demonstrar propriedades tanto de
partículas ou ondas. As propriedades
corpusculares de uma partícula são
demonstradas quando apresentam uma posição
localizada no espaço ao longo de sua
trajetória em um dado momento.
A
natureza similar as ondas é observada, por
exemplo, quando um raio de luz passa através
de fendas paralelas e cria padrões de
interferência. Em 1927, o efeito da
interferência foi observado em um raio de
elétrons pelo físico George Paget Thomson
com um filme de metal fino e pelos físicos
Clinton Davisson e Lester Germer usando um
cristal de níquel.
|
Na mecânica
quântica, o comportamento do elétron
em um átomo é descrito por um
orbital atômico, que é a
probabilidade de distribuição ao
invés de uma órbita. Na figura, as
sombras indicam a probabilidade
relativa de "encontrar" um elétron,
dada a energia correspondente para
um número quântico, naquele ponto. |
A previsão de De Broglie da natureza
de onda para os elétrons levou a Erwin
Schrödinger postular uma equação de onda
para os elétrons se movendo sob a influência
do núcleo do átomo. Em 1926, esta equação, a
equação de Schrödinger, descreveu com
sucesso como os elétrons se propagam.
Ao invés de produzir uma solução que
determinava a localização de um elétron ao
longo do tempo, esta equação também poderia
ser usada para predizer a probabilidade de
encontrar um elétron perto de uma posição,
especialmente uma posição perto de onde o
elétron estava ligado no espaço, para o qual
a equação de onda do elétron não mudava ao
longo do tempo.
Esta abordagem levou
a segunda formulação da mecânica quântica (a
primeira sendo de Heisenberg em 1925), e as
soluções da equação de Schrödinger, assim
como de Heisenberg, forneceram derivações
para os estados energéticos de um elétron em
um átomo de hidrogênio que eram equivalentes
a aqueles que tinham sido fornecidos
inicialmente por Bohr em 1913, e que eram
conhecidos por reproduzir o espectro do
hidrogênio. Depois que o spin e a interação
de múltiplos elétrons foi considerada, a
mecânica quântica posteriormente tornou
possível predizer a configuração dos
elétrons nos átomos com números atômicos
maiores que do hidrogênio.
Em 1928,
baseado no trabalho de Wolfgang Pauli, Paul
Dirac desenvolveu um modelo para o elétron –
a equação de Dirac, consistente com a teoria
da relatividade, pela aplicação das
considerações de simetria e relativística
para a formulação do Hamiltoniano da
mecânica quântica no campo eletromagnético.
Para resolver alguns problemas com sua
equação relativística, em 1930 Dirac
desenvolveu um modelo de um vácuo como um
mar infinito de partículas tendo energia
negativa, que foi apelidado de mar de Dirac.
Isto o levou a predizer a existência de um
pósitron, uma contraparte de anti-matéria do
elétron. Esta partícula foi descoberta em
1932 por Carl Anderson, que sugeriu chamar
os elétrons padrões de negatrons, e usar o
elétron como um termo genérico para
descrever ambas as variantes carregadas
negativamente e positivamente.
Em
1947, Willis Lamb, em colaboração com Robert
Retherford, descobriu que certos estados
quânticos do átomo de hidrogênio, que
deveriam ter a mesma energia, eram
deslocados em relação ao outro, a diferença
sendo o desvio de Lamb. Na mesma época,
Polykarp Kusch, trabalhando com Henry M.
Foley, descobriu que o momento magnético do
elétron é levemente superior ao previsto
pela teoria de Dirac. Esta pequena diferença
foi posteriormente chamada de momento dipolo
magnético anômalo do elétron.
Posteriormente, tal diferença foi explicada
pela teoria da eletrodinâmica quântica,
desenvolvida por Sin-Itiro Tomonaga, Julian
Schwinger e Richard Feynman no final da
década de 1940.
Aceleradores de
partículas
Com o desenvolvimento do
acelerador de partículas durante a primeira
metade do século XX, os físicos começaram a
estudar em profundidade as propriedades das
partículas subatômicas.
A primeira
tentativa bem sucedida de acelerar elétrons
usando a indução eletromagnética foi feita
em 1942 por Donald Kerst. Seu betatron
inicial alcançou a energia de 2,3 MeV,
enquanto betatrons subsequentes alcançaram
300 MeV. Em 1947, a radiação síncrotron foi
descoberta com um elétron síncroton de 70
MeV pela General Electric. Esta radiação foi
causada pela aceleração de elétrons,
movendo-se próximos a velocidade da luz
através do campo magnético.
Com um
raio de energia de 1,5 GeV, o primeiro
colisor de partículas de alta energia foi o
ADONE, que iniciou sua operação em 1968.
Este dispositivo acelerou elétrons e
pósitrons em direções opostas, efetivamente
dobrando a energia de suas colisões quando
comparadas com a colisão de um alvo estático
com um elétron. O Grande Colisor de Elétrons
e Pósitrons da Organização Europeia para a
Pesquisa Nuclear, que esteve operacional
entre 1989 e 2000, alcançou colisões
energéticas de 209 GeV e fez importantes
medições para o Modelo Padrão da física de
partículas.
Modelo padrão de
partículas elementares. O elétron (símbolo
e) está na esquerda.
No modelo padrão
da física de partículas, os elétrons
pertencem ao grupo de partículas subatômicas
chamadas de léptons, o qual se acredita ser
uma partícula elementar ou fundamental. Os
elétrons tem a menor massa de um lépton
carregado (ou partícula eletricamente
carregada de qualquer tipo) e pertencem à
primeira geração de partículas fundamentais.
A segunda e a terceira gerações contêm
léptons carregados, o múon e o tau, que são
idênticos ao elétron em carga, spin e
interações fundamentais, porém são mais
massivos. Léptons diferem dos outros
constituintes básicos das matérias, os
quarks, por não interagirem por meio da
força forte. Todos os membros do grupo dos
léptons são férmions, porque todos eles
possuem um spin fracionário; o elétron tem
um spin de
12
.
Classificação
Uma tabela com
quatro colunas e quatro linhas, cada célula
contendo um identificador de partícula
Propriedades fundamentais
A massa
invariante de um elétron é aproxidamente de
9.109×10−31
kilogramas, ou
6996548900000000000♠5.489×10−4
unidades de massa atômica. Com base no
princípio de Einstein da equivalência
massa-energia, esta massa corresponde a um
resto de energia de 0.511 MeV. A razão entre
a massa de um próton e a de um elétron é de
aproximadamente 1836. Medições astronômicas
demonstram que a proporção mássica entre o
próton e o elétron tem mantido o mesmo valor
por pelo menos a metade da idade do
universo, conforme foi previsto pelo Modelo
Padrão.
Elétrons têm uma carga
elétrica de −1.602×10−19
coulomb, que é utilizada como unidade
padrão para a carga de partículas
subatômicas, e também é chamada de carga
elementar.
Esta carga elementar tem
uma incerteza relativa padrão de 2.2×10.
Dentro dos limites da precisão experimental,
a carga do elétron é idêntica a do próton,
porém com o sinal oposto. Uma vez que o
símbolo e é utilizado para a carga
elementar, o elétron é comumente simbolizado
pelo e−, no qual o sinal negativo indica a
carga negativa. O pósitron é simbolizado
pelo e+ porque tem as mesmas propriedades
que o elétron porém com uma carga positiva
ao invés da negativa.
O elétron tem um
momento angular intrínseco ou spin de
12
. Esta propriedade é normalmente
estabelecida ao se referir ao elétron como
uma partícula spin-12
.
Para tais partículas
a magnitude do spin é
√32
ħ. enquanto o resultado de uma
medição de uma projeção de um spin em
qualquer eixo pode ser somente ±ħ2
. Além do spin, o elétron tem um
momento
magnético ao longo do
eixo giratório. É aproximadamente igual a um
Magnetão de Bohr, que é uma constante física
de valor igual a
6976927400914999999♠9.27400915(23)×10−24 joules
por tesla.
A orientação do
spin com respeito ao momento do elétron
define a propriedade das partículas
elementares conhecida como helicidade.
O elétron não possui subestrutrutura
conhecida. e assume-se ser um ponto material
com uma carga pontual e nenhuma extensão
espacial. Na física clássica, o momento
angular e o momento magnético de um objeto
dependem de suas dimensões físicas.
Consequentemente, o conceito de um elétron
sem dimensões possuir estas propriedades não
está de acordo com observações experimentais
em armadilhas de Penning que indicam o
elétron com um raio finito e não-nulo. Uma
possível explicação para esta situação
paradoxal é descrita abaixo na subseção
"Partículas virtuais" ao levar em
consideração a transformação
Foldy–Wouthuysen.
O problema do raio do elétron é um
desafio para a física teórica moderna. A
admissão da hipótese de um raio finito de um
elétron é incompatível com as premissas da
teoria da relatividade. Por outro lado, um
elétron como um ponto (raio zero) gera
dificuldades matemáticas sérias devido a
auto-energia do elétron tender ao infinito.
A observação de um único elétron em uma
armadilha de Penning demonstra que o limite
superior do raio da partícula é de 10−22
metros.
Também há uma constante física
chamada de "raio do elétron clássico", com
um valor muito maior de
6985281789999999999♠2.8179×10−15 m,
maior inclusive que o raio do próton.
Entretanto, a terminologia provém de um
cálculo simplista que ignora os efeitos da
mecânica quântica; na realidade o raio do
elétron clássico tem pouco a ver com a
verdadeira estrutura fundamental do elétron.
Existem partículas elementares que
espontaneamente decaem em partículas menos
massivas. Um exemplo é o múon, que decai
para um elétron, um neutrino e um
antineutrino, com um tempo de meia-vida de
6994220000000000000♠2.2×10−6
segundos.
Todavia, acredita-se que o elétron é
estável no fundamento teórico: o elétron é a
partícula menos massiva com uma carga
elétrica diferente de zero, então seu
decaimento iria violar a conservação de
carga. O limite experimental inferior para o
tempo de meia vida do elétron é de
7028659999999999999♠6.6×1028
anos, com um intervalo de confiança de 90%.
Propriedades quânticas
Assim como
todas as outras partículas, os elétrons
podem se comportar como ondas. Esta
propriedade é denominada dualidade
onda-corpúsculo e pode ser demonstrada
utilizando a experiência da dupla fenda.
A natureza ondulatória do elétron
permite que ele passe através de duas fendas
paralelas, ao invés de passar somente por
uma, como seria esperado para uma partícula
clássica. Na mecânica quântica, a
propriedade ondulatória de uma partícula
pode ser descrita matematicamente como uma
função complexa, denominada função de onda,
comumente representada pela letra grega psi
(ψ).
Uma projeção tridimensional
de um plano bidimensional. Existem picos ao
longo de um dos eixos e vales simétricos ao
longo do outro, com forma de uma sela
Exemplo de uma função de onda
antissimétrica para um estado quântico de
dois férmions idênticos em uma caixa
unidimensional. Se as partículas mudarem de
posição, a função de onda inverte seu sinal.
Elétrons são partículas idênticas porque
não podem ser distinguidas uma das outras
devido a suas propriedades físicas
intrínsecas. Na mecânica quântica, isto
significa que um par de elétrons interagindo
deve ser capaz de mudar de posições sem uma
mudança observável para o estado do sistema.
A função de onda de férmions, incluindo
elétrons, é antisimétrica, o que significa
que pode mudar de sinal quando dois elétrons
são trocados; isto é
ψ(r1,
r2) = −ψ(r2,
r1), onde as
variáveis r1 e r2
correspondem ao primeiro e segundo elétrons,
respectivamente. Uma vez que o valor
absoluto não é alterado pelo sinal na troca,
isto corresponde a probabilidades idênticas.
Bósons, tais como o próton, tem funções de
onda simétricas.
Partícula virtual
Flutuação
quântica de vácuo
Em uma visão
simplificda, cada fóton passa algum tempo
como uma combinação de um elétron virtual
com sua antipartícula, o pósitron virtual,
que rapidamente se aniquilam logo em
seguida. A combinação da variação de energia
necessária para criar estas partículas, e o
tempo durante o qual elas existem, caem em
um limiar de detectabilidade expressado pelo
princípio da incerteza de Heisenberg, ΔE ·
Δt ≥ ħ. Como efeito, a energia necessária
para criar estas partículas virtuais, ΔE,
pode ser "emprestada" do vácuo quântico por
um período de tempo, Δt, então seu produto
não é mais do que a constante de Planck
reduzida,
ħ ≈
6984660000000000000♠6.6×10−16 eV·s.
Assim, para um elétron virtual, Δt é no
máximo
1.3×10−21
s.
Enquanto um par virtual elétron-pósitron
existe, a força de Coulomb do campo elétrico
ambiente em volta de um elétron provoca um
pósitron criado a ser atraído pelo elétron
original, enquanto o elétron criado
experimenta uma repulsão. Isto causa o que é
chamado de polarização do vácuo. Como
efeito, o vácuo se comporta como um meio
tendo uma constante dielétrica maior que uma
unidade. Assim a carga efetiva de um elétron
é na verdade menor do que o seu valor
verdadeiro, e a carga diminui com o aumento
da distância do elétron.
Esta
polarização foi confirmada experimentalmente
em 1997 utilizando o acelerador de
partículas TRISTAN. Partículas virtuais
causam um efeito de blindagem comparável
para a massa do elétron.
A interação
com partículas virtuais também explica o
pequeno (na ordem de 0,1%) desvio do momento
magnético intrínseco de um elétron para o do
magneton de Bohr (a anomalia do momento
magnético). O nível de concordância
extraordinário entre a diferença prevista e
a determinada experimentalmente é vista como
uma das grandes realizações da
eletrodinâmica quântica.
O paradoxo
aparente (mencionado acima na subseção de
propriedades) de uma partícula pontual tendo
um momento angular intrínseco e momento
magnético pode ser explicada pela formação
de fótons virtuais no campo elétrico gerado
pelo elétron. Estes fótons fazem o elétron
mudar para um modo tremido (conhecido como
zitterbewegung), que resulta em um movimento
circular com precessão. Este movimento
produz o spin e o momento magnético do
elétron. Em átomos, esta criação de fótons
virtuais explica o desvio de Lamb observado
em linhas espectrais.
Interação
Um elétron gera um campo elétrico que
exerce uma força atrativa em uma partícula
com carga positiva, tal como um próton, e
uma força repulsiva em uma partícula
negativa. A intensidade desta força é
determinada pela lei do inverso do quadrado
de Coulomb.
|
Uma
descrição esquemática do par virtual
elétron-pósitron aparecendo
aleatoriamente perto de um elétron
(parte inferior à esquerda) |
Quando o elétron está em movimento, gera
um campo magnético. :140 A lei de
Ampére-Maxwell relaciona o campo elétrico a
massa em movimento do elétron (a corrente
elétrica) em relação a um observador. Esta
propriedade de indução alimenta o campo
magnético que move um motor elétrico. O
campo eletromagnético de uma partícula
carregada arbitrariamente em movimento é
expresso pelo potencial de Liénard–Wiechert,
o qual é válido mesmo quando a partícula
está próxima da relativística da luz.
|
Uma
partícula carregada q (à esquerda)
está se movendo com velocidade v
através do campo magnético B que
está orientado em direção ao
observador. Para um elétron, q é
negativo então segue uma trajetória
curva em direção ao . |
Quando um elétron está se movendo através
do campo magnético, está sujeito a força de
Lorentz que atua perpendicularmente ao plano
definido pelo campo magnético e a velocidade
do elétron. Esta força centrípeta faz o
elétron seguir uma trajetória helicoidal
através do campo com um raio chamado de raio
de Larmor. A aceleração deste movimento em
curva induz um elétron a irradiar energia na
forma de radiação síncrotron. :160 A emissão
de energia por sua vez provoca um recuo do
elétron, conhecido como força
Abraham–Lorentz, que cria uma fricção que
retarda o elétron. Esta força é provocada
pela “reação de volta” do próprio campo do
elétron sobre si mesmo.
Os fótons
mediam interações eletromagnéticas entre
partículas na eletrodinâmica quântica. Um
elétron isolado em uma velocidade constante
não pode emitir ou absorver nenhum fóton
real; ao fazê-lo iria violar a lei da
conservação da energia e o momento linear.
Por outro lado, fótons virtuais podem
transferir momento entre duas partículas
carregadas. Esta troca de fótons virtuais,
por exemplo, gera a força Coulomb. A emissão
de energia pode ocorrer quando um elétron em
movimento é defletido por uma partícula
carregada, tal como um próton. A aceleração
do elétron resulta na emissão da radiação
Bremsstrahlung.
Uma colisão inelástica entre um fóton
(luz) e um elétron solitário (livre) é
chamada de efeito Compton. Esta colisão
resulta na transferência de momento e
energia entre as partículas, o que modifica
o comprimento de onda do fóton em um valor
chamado de desvio de Compton. A magnitude
máxima do desvio do comprimento de onda é
h/mec, que é
conhecido como comprimento de onda Compton.
Para um elétron, tem uma valor de
6988243000000000000♠2.43×10−12 m.
Quando o comprimento de onda da luz é longo
(por exemplo, o comprimento de onda da luz
visível é 0.4–0.7 μm) o desvio do
comprimento de onda se torna desprezível.
Tal interação entre a luz e elétrons livres
é chamada de efeito Thomson ou efeito
Thomson linear.
A força relativa da interação
eletromagnética entre duas partículas
carregadas, tais como um elétron e um
próton, é dada pela constante de estrutura
fina. Este valor é uma quantidade
adimensional formada pela razão das duas
energias: a energia eletrostática de atração
(ou repulsão) em uma separação de um
comprimento de onda de Compton, e o resto de
energia da carga. É dada por α ≈ 6997729735300000000♠7.297353×10−3,
que é aproximadamente igual a
1137
.
Quando elétrons e pósitrons colidem, eles
se aniquilam, dando origem a dois ou mais
fótons de raios gama. Se o elétron e o
positron tem um momento desprezível, um
positrônio pode se formar antes do evento de
aniquilação em dois ou três fótons de raios
gama totalizando 1.022 MeV. Por outro lado,
fótons de energia elevada podem se
transformar em um elétron e um pósitron num
processo chamado de produção de par, mas
somente na presença de um partícula
carregada próxima, tal como um núcleo.
Na teoria da interação eletrofraca, o
componente canhoto da função de onda do
elétron forma um isospin fraco pareado com
um elétron neutrino. Isto significa que
durante a interação fraca, elétrons
neutrinos se comportam como elétrons. Ambos
os membros deste par suportam uma interação
de corrente carregada pela emissão ou
absorção de um
W
e pode ser convertida em um outro membro. A
carga é conservada durante a reação porque o
bóson W também carrega uma carga, cancelando
qualquer mudança líquida durante a
transmutação. Interações de correntes
carregadas são responsáveis pelo fenômeno de
decaimento beta em um átomo radioativo. O
elétron e o elétron neutrino podem suportar
uma interação de corrente neutra pela troca
de um Z0
, e isto é responsável pela
dispersão elástica do elétron neutrino.
Um elétron pode se ligar ao núcleo de um
átomo pela atração da força de Coulomb. Um
sistema com um ou mais elétrons conectado a
um núcleo é denominado átomo. Se o número de
elétrons for diferente da carga elétrica do
núcleo, tal átomo é denominado íon. O
comportamento similar a onda de uma ligação
eletrônica é descrita por uma função
denominada orbital atômico. Cada orbital tem
seu próprio conjunto de números quânticos
tais como energia, momento angular e
projeção do momento angular, e somente um
conjunto distinto desses orbitais existe em
volta do núcleo. De acordo com o princípio
da exclusão de Pauli, cada orbital deve ser
ocupado por até dois elétrons, que devem
diferir em seu número quântico de spin.
Os elétrons podem se transferir entre
orbitais diferentes por meio da emissão ou
absorção de um fóton cuja energia é igual à
diferença das energias inicial e final.
Outros métodos de transferência de orbital
incluem colisões com partículas, tais como o
que ocorre no efeito Auger. Para escapar de
um átomo, a energia do elétron deve ser
superior à energia de ionização daquele
átomo. Isto ocorre, por exemplo, com o
efeito fotoelétrico, quando a energia de um
fóton que colide com um átomo é maior do que
a energia de ionização daquele átomo.
O momento angular do orbital é
quantizado. Por possuir carga, o elétron
produz um momento magnético orbital que é
proporcional ao seu momento angular. O
momento magnético líquido de um átomo é
igual à soma vetorial do momento angular
orbital e dos momentos magnéticos de spin de
todos os elétrons e do núcleo. O momento
magnético do núcleo é desprezível comparado
com o dos elétrons, que ao ocupar o mesmo
orbital (denominados, elétrons emparelhados)
se cancelam.
As ligações químicas
entre átomos ocorrem como resultado da
interação eletromagnética, conforme descrita
pelas leis da mecânica quântica. A ligação
mais forte é formada pelo compartilhamento
ou transferência de elétrons entre átomos,
permitindo a formação de moléculas. Dentro
da molécula, os elétrons de movem sob a
influência de vários núcleos atômicos,
ocupando um orbital molecular; tanto como
podem ocupar orbitais atômicos de átomos
isolados.
Um fator fundamental nestas
estruturas moleculares é a existência de
pares de elétrons. Estes são elétrons com
spins opostos, permitindo a estes ocupar o
mesmo orbital molecular sem violar o
princípio da exclusão de Pauli (tal como no
átomo). Orbitais moleculares diferentes tem
distribuição espacial diferentes da
densidade dos elétrons. Por exemplo, em
pares ligados (i.e. em que os pares estão
conectados os átomos) os elétrons podem ser
encontrados com a probabilidade máxima em um
volume relativamente pequeno entre os
núcleos. Por outro lado, em pares de
elétrons não ligados estes estão
distribuídos ao largo de um grande volume ao
redor do núcleo.
Condutividade
Se um corpo tem mais ou menos elétrons do
que o necessário para balancear a carga
positiva de seu núcleo, então o objeto tem
uma carga elétrica líquida. Quando existe um
excesso de elétrons, é dito que está
carregado negativamente. Quando existem
menos elétrons do que o número de prótons no
núcleo, é dito que está carregado
positivamente. Quando o número de elétrons e
prótons é igual, suas cargas se cancelam e o
objeto está neutro eletricamente. Um corpo
macroscópico pode desenvolver uma carga
elétrica pela fricção e pelo efeito
triboelétrico.
Elétrons independentes
se movendo no vácuo são denominados livres.
Em metais, também se comportam como se
fossem livres. Na realidade as partículas
que são comumente chamadas de elétrons nos
metais e outros sólidos são
quase-elétrons-quasipartículas, que têm a
mesma carga elétrica, spin e momento
magnético de um elétron real mas podem
possuir uma massa diferente.
Quando
elétrons livres -tanto no vácuo quanto em
metais- se movem, produzem uma rede de fluxo
de carga denominada corrente elétrica, que
gera um campo magnético. Do mesmo modo uma
corrente pode ser criada por uma mudança no
campo magnético. Estas interações são
descritas matematicamente pela equação de
Maxwell.
Em uma dada temperatura,
cada material tem uma condutividade elétrica
que determina o valor da corrente elétrica
quando um potencial elétrico é aplicado.
Exemplos de bons condutores incluem metais
tais como o cobre e o ouro, enquanto que o
vidro e o Teflon são péssimos condutores. Em
qualquer material dielétrico, os elétrons
permanecem conectados aos seus respectivos
átomos e o material se comporta como um
isolante elétrico.
A maioria dos
semicondutores tem um nível variável de
condutividade que reside entre os extremos
de condução e isolamento elétrico. Por outro
lado, metais têm uma estrutura eletrônica de
banda contendo bandas eletrônicas
parcialmente preenchidas.
A presença
de tais bandas permite que os elétrons em
metais se comportem como se fossem livres ou
deslocalizados. Estes elétrons não estão
associados a um átomo específico, então
quando um campo elétrico é aplicado, eles
ficam livres para se mover como um gás
(denominado gás de Fermi) através do
material como se fossem elétrons livres.
Por causa da colisão entre átomos e
elétrons, a velocidade de deriva dos
elétrons em um condutor é da ordem de
milímetros por segundo. Todavia, a
velocidade em que a mudança de corrente em
um ponto do material causa mudanças de
corrente em outras partes do material, a
velocidade de propagação, é aproximadamente
75% da velocidade da luz. Isto ocorre porque
sinais elétricos se propagam como uma onda,
com a velocidade dependente da constante
dielétrica do material.
Metais são
relativamente bons condutores de calor,
basicamente por conta dos elétrons
deslocalizados que são livres para
transportar energia térmica entre átomos.
Porém, ao contrário da condutividade
elétrica, a condutividade térmica é quase
independente da temperatura. Isto é expresso
matematicamente pela lei de Wiedemann–Franz,
que expressa que a relação da condutividade
térmica para a elétrica é proporcional a
temperatura. A desordem térmica na treliça
metálica aumenta a resistividade elétrica do
material, produzindo uma dependência da
temperatura para a corrente elétrica.
Quando resfriados a um ponto denominado
temperatura crítica, materiais podem ser
submetidos a uma transição de fase em que
perdem toda a resistividade a corrente
elétrica, em um processo conhecido como
supercondutividade. Na teoria BCS, este
comportamento é modelado por pares de
elétrons entrando num estado quântico
chamado de condensado de Bose-Einstein. Este
par de Cooper tem seus movimentos acoplados
a matéria próxima via vibrações na rede
chamadas de fônons, e por meio disso evitam
as colisões com átomos que normalmente criam
a resistência elétrica. (Pares de Cooper tem
um raio de aproximadamente 100 nm, portanto
podem se sobrepor uns aos outros.)
Entretanto, o mecanismo pelo qual
supercondutores de temperatura superior
operam ainda permanece incerto.
Elétrons no interior de sólidos condutores,
nos quais são quasipartículas, quando
confinados firmemente em temperaturas
próximas ao zero absoluto, se comportam como
se tivessem divididos em três outras
quasipartículas: spínons, órbitons e hólons.
O primeiro carrega o spin e momento
magnético, o segundo a localização orbital e
o último a carga.
Movimento e energia
De acordo com a teoria da relatividade
especial de Einstein, a medida que um
elétron se aproxima da velocidade da luz, do
ponto de vista de um observador sua massa
relativística aumenta, e por causa disso
torna-se mais difícil acelerar a partir de
dentro do plano do observador de referência.
A velocidade do elétron pode se aproximar,
mas nunca alcançar, a velocidade da luz no
vácuo, c. Entretanto, quando elétrons
relativísticos- isto é, elétrons se movendo
a uma velocidade próxima de c-são injetados
em um meio dielétrico tal como a água, onde
a velocidade local da luz é
significantemente menor que c, os elétrons
temporariamente se movem mais rápido do que
a luz no meio. A medida que interagem com o
meio, eles geral uma luz fraca denominada
radiação Cherenkov.
Os efeitos da relatividade especial são
baseados em uma quantidade conhecida como
fator de Lorentz definido como
onde ‘’v’’ é a velocidade da partícula. A
energia cinética Ke de um
elétron se movendo com velocidade v
é:
-
onde me é a massa do
elétron. Por exemplo, o Centro Acelerador
Linear de Stanford pode acelerar um elétron
a aproximadamente 51 GeV. Uma vez que um
elétron se comporta como um onda, em uma
dada velocidade tem a característica do
comprimento de onda de Broglie. Isto é dado
por λe = h/p
onde h é a constante de Planck e p
é o momento. Para o elétron de 51 GeV acima,
o comprimento de onda é aproximadamente
6983240000000000000♠2.4×10−17 m,
que é pequeno o suficiente para explorar
estruturas inferiores ao tamanho do núcleo
atômico.
A teoria do Big Bang é amplamente aceita
para explicar os estágios iniciais da
evolução do Universo. Durante o primeiro
milissegundo do Big Bang, a temperatura era
superior a 10 bilhões Kelvin e os fótons
tinham energia media superior a milhares de
elétron-volts. Estes fótons tinham energia
suficiente para reagir um com outro para
formar pares de elétrons e pósitrons. Da
mesma forma, os pares de elétron-pósitron se
aniquilavam e emitiam fótons energéticos:
- γ
+ γ
↔ e+
+
e−
Um equilíbrio entre elétrons, pósitrons e
fótons foi mantido durante esta fase da
evolução do Universo. Porém, após 15
segundos terem se passado, a temperatura do
universo caiu a um limiar inferior onde a
formação elétron-pósitron poderia ocorrer. A
maior parte dos elétrons e pósitrons
sobreviventes se aniquilou, liberando
radiação gama que reaqueceu o universo.
Por razões que permanecem incertas,
durante o processo de leptogênese havia um
excesso no número de elétrons em relação aos
pósitrons. Assim, aproximadamente um elétron
a cada bilhão sobreviveu ao processo de
aniquilação. Este excesso foi compatível com
o excesso de prótons em relação aos
antiprótons, em uma condição conhecida como
assimetria bárion, que resultou em uma carga
líquida de zero para o universo. Os prótons
e nêutrons remanescentes começaram a
participar de reações em um processo
conhecido como nucleossíntese, formando
isós do hidrogênio e hélio, com traços
do elemento lítio. Este processo atingiu um
máximo após aproximadamente cinco minutos.
Os nêutrons remanescentes da nucleossíntese
passaram por um decaimento beta negativo com
uma meia-vida de aproximadamente mil
segundos, liberando um próton e um elétron
no processo,
- n
→ p
+ e−
+
ν
e
Pelos próximos
7005300000000000000♠300000–7005400000000000000♠400000 anos,
o excesso de elétrons permaneceu com muita
energia para se conectar ao núcleo atômico.
O que se seguiu foi um período conhecido
como recombinação, quando os átomos neutros
foram formados e o universo em expansão se
tornou transparente para a radiação.
Aproximadamente um milhão de anos após o
big bang, a primeira geração de estrelas
começou a se formar. No interior da estrela,
a nucleossíntese estelar resultou na
produção de pósitrons da fusão do núcleo
atômico. Estas partículas de antimatéria
imediatamente aniquilaram os elétrons,
liberando raios gama. O resultado foi uma
redução estável no número de elétrons, e um
aumento compatível no número de nêutrons.
Todavia, o processo de evolução estelar pode
resultar na síntese de isós radioativos.
Alguns isós podem subsequentemente
passar por um decaimento beta negativo,
emitindo um elétron e um antineutrino do
núcleo. Um exemplo é o isó Cobalto-60 (60Co)
que decai para formar o Níquel-60.
No final de sua vida, uma estrela com
mais de 20 massas solares pode passar por um
colapso gravitacional para formar um buraco
negro. De acordo com a física clássica,
estes objetos estelares massivos exercem uma
atração gravitacional tão forte que previnem
qualquer coisa, até mesmo a radiação
eletromagnética, de escapar do raio de
Schwarzschild. Porém, acredita-se que os
efeitos da mecânica quântica potencialmente
permitem a emissão da radiação de Hawking a
esta distância. Presume-se que elétrons e
pósitrons são criados no horizonte de
eventos destas estrelas restantes.
Quando pares de partículas virtuais (tal
como um elétron e um pósitron) são criados
nas proximidades do horizonte de eventos, a
distribuição especial aleatória destas
partículas pode permitir a um deles aparecer
no exterior; este processo é denominado
tunelamento quântico. O potencial
gravitacional do buraco negro pode fornecer
a energia necessária para transformar esta
partícula virtual em uma real, permitindo
ser irradiada para o espaço.
Em
compensação, o outro membro do par é dado
uma energia negativa, que resulta em uma
perda líquida de energia-massa pelo buraco
negro. A taxa de aumento da radiação de
Hawking aumenta com o decréscimo da massa,
eventualmente causando a evaporação do
buraco negro até, finalmente, explodir.
Raios cósmicos são partículas viajando
através do espaço com energias elevadas, com
registros de valor tão altos quanto
7001480652946100000♠3.0×1020 eV.
Quando estas partículas colidem com núcleos
atômicos na atmosfera terrestre, uma chuva
de partículas é gerada, incluindo píons.
Mais da metade da radiação cósmica observada
na superfície da terra consiste de múons.
Esta partícula é um lépton produzido na
atomosfera superior pelo decaimento de um
píon.
- π−
→
μ−
+
ν
μ
Um múon, por sua vez, pode decair para
formar um elétron ou um pósitron.
- μ−
→
e−
+
ν
e +
ν
μ
Observação
A observação remota de elétrons requer a
detecção das suas energias radiadas. Por
exemplo, em ambientes altamente energizados
como a coroa solar, elétrons livres formam o
plasma que irradia energia devido a radiação
Bremsstrahlung. O gás de elétron pode ser
submetido a oscilação plasmática, que são
ondas provocadas por variações sincronizadas
na densidade do elétron, e estes produzem
emissões energéticas que podem ser
detectadas por radiotelescópios.
A
frequência de um fóton é proporcional a sua
energia. Conforme um elétron transita entre
diferentes níveis de energia em um átomo,
absorve ou emite um fóton em uma frequência
característica. Por exemplo, quando átomos
são irradiados por uma fonte de espectro
amplo, surgem linhas de absorção distintas
no espectro da radiação transmitida.
Cada elemento ou molécula demonstra um
conjunto característico de linhas
espectrais, tal como o espectro do átomo de
hidrogênio. Medições espectroscópicas da
intensidade e tamanho destas linhas permitem
determinar a composição e propriedades
físicas da substância.
Em condições
de laboratório, a interação de elétrons
individuais pode ser observada por meio de
um detector de partícula, que permite a
medição de propriedades específicas tais
como energia, spin e carga. O
desenvolvimento da armadilha de íons
quadrupolo e a armadilha de Penning permitiu
que partículas carregadas fossem contidas em
regiões pequenas por períodos longos. Isto
permitiu a medição precisa das propriedades
das partículas. Por exemplo, em uma ocasião
a armadilha de Penning foi utilizada para
conter um único elétron por um período de
dez meses. O momento magnético do elétron
foi medido com uma precisão de onze dígitos,
que, em 1980, era superior a qualquer outra
constante física.
O primeiro vídeo
com imagens da distribuição energética de um
elétron foi gravado por uma equipe da
Universidade de Lund, Suécia, em fevereiro
de 2008. Os cientistas utilizaram flashes
luminosos extremamente curtos, chamados
pulsos de attosegundos, que permitiram a
observação do elétron pela primeira vez.
A distribuição de elétrons em materiais
sólidos pode ser visualizada pela
espectroscopia de fotoemissão angular
(ARPES). Esta técnica emprega o efeito
fotoelétrico para medir o espaço recíproco-
uma representação matemática de estruturas
periódicas que é utilizada para inferir a
estrutura original. A ARPES pode ser usada
para determinar a direção, velocidade e
dispersão do elétron dentro do material.
Aplicações em plasma
Formação
Feixes de partículas
Um raio violeta vindo de cima produz um
brilho azul sobre um modelo do ônibus
especial. Durante um teste no túnel de
vento da NASA, um modelo do ônibus espacial
é bombardeado com um feixe de elétrons,
simulando o efeito dos gases ionizantes
durante a reentrada.
Feixes de
elétrons são utilizados na soldagem. Eles
permitem densidades energéticas de até 107
W·cm−2 ao longo de um diâmetro focal de
0.1–1.3 mm e normalmente não requerem
material de preenchimento. Esta técnica de
soldagem precisa ser executada no vácuo para
prevenir que os elétrons interajam com os
gases antes de atingir seu alvo, e pode ser
usada para unir materiais condutivos que
seriam incompatíveis para soldagem por
outros métodos.
A litografia por
feixe de elétrons é um método de gravação de
semicondutores com resoluções menores que um
micrômetro. Esta técnica é limitada pelo
alto custo e baixa performance, a
necessidade de operar o feixe no vácuo e a
tendência dos elétrons se dissiparem no
sólido. O último problema limita a uma
resolução de 10 nm. Por esta razão, só é
utilizada para a produção de um pequeno
número de circuitos integrados
especializados.
A irradiação por
elétrons é utilizada em materiais para mudar
suas propriedades físicas ou esterilizar
produtos alimentícios e médicos. O feixe de
elétrons torna-se fluido ou quase derrete o
vidro sem incremento significativo da
temperatura ou intensidade da radiação: e.g.
a radiação intensiva de elétrons causa a
diminuição de em muitas ordens de magnitude
da viscosidade e diminuição gradual de sua
energia de ativação.
Os aceleradores
de partículas lineares geram feixes de
elétrons para o tratamento de tumores
superficiais na radioterapia. Esta técnica
pode ser usada para tratamento de lesões de
pele como o carcinoma basocelular porque o
feixe de elétron tem uma baia penetração
antes de ser absorvido, normalmente até 5 cm
para elétrons energizados na faixa de 5–20
MeV. Um feixe de elétrons pode ser usado
para suplementar o tratamento de áreas que
têm sido irradiadas por raio-x.
Os
aceleradores de partículas usam campos
elétricos para impulsionar elétrons e suas
antipartículas para energias elevadas. Estas
partículas emitem radiação sincrotrônicas
conforme passam pelo campo magnético. A
dependência da intensidade desta radiação
sobre o spin polariza o feixe de elétrons-
um processo conhecido como efeito
Sokolov–Ternov. Feixes de elétrons
polarizados podem ser úteis para vários
experimentos.
A radiação
sincrotrônica também pode resfriar o feixe
de elétrons para reduzir a difusão do
momento das partículas. Feixes de elétrons e
pósitrons são colididos com as partículas
acelerando na energia requerida; detectores
de partículas observam a emissão energética
resultante, que a física de partículas
estuda.
Imagiologia
A difração
de elétrons de baixa energia é um método de
bombardear um material cristalino com um
feixe de elétrons alinhado e então observar
o padrão de difração resultante para
determinar a estrutura do material. É
requerida uma energia na faixa de 20–200 eV.
A técnica de difração de elétrons de
alta energia usa a reflexão de um feixe de
elétrons disparado em vários ângulos
pequenos para caracterizar a superfície do
material cristalino. O feixe de energia
normalmente está na faixa de 8–20 keV e o
ângulo de incidência é de 1–4°.
A
microscopia eletrônica direciona um feixe de
elétrons sobre o espécime. Alguns elétrons
mudam suas propriedades, tais como a direção
do movimento, ângulo, e energia e fase
relativa conforme interagem com o material.
Os microscopistas podem registrar estas
mudanças no feixe de elétrons e reproduzir
imagens de nível atômico do material.
Sob luz azul, a microscopia ótica
convencional tem uma resolução de difração
limitada a aproximadamente 200 nm. Em
comparação, a microscopia eletrônica é
limitada ao comprimento de onda de Broglie
do elétron, que é igual a 0.0037 nm para
partículas aceleradas através de um
potencial de 100.000-Volts.
O
Microscópio eletrônico de transmissão de
aberração corrigida é capaz de atingir uma
resolução inferior a 0.05 nm, que é mais do
que suficiente para visualizar átomos
individualmente. Esta capacidade torna a
microscopia eletrônica útil para a
imagiologia de alta resolução. Entretanto,
são instrumentos caros com alto custo de
manutenção.
Existem dois tipos de
microscópios eletrônicos: por transmissão ou
por varredura. O microscópio eletrônico de
transmissão funcionam como um retroprojetor,
com o feixe de elétrons passando através de
uma fatia do material e sendo projetadas por
lentes em um slide fotográfico ou
dispositivo de carga acoplada. O microscópio
eletrônico por varredura emitem um feixe de
elétrons fino, assim como em um aparelho de
TV, através da amostra analisada para
reproduzir a imagem.
A faixa de
ampliação vai de 100× até 1.000.000× ou
superior para ambos os tipos. O microscópio
de corrente de tunelamento utiliza
tunelamento quântico de elétrons a partir de
uma ponta de metal afiada para dentro do
material estudado e pode produzir imagens a
nível atômico da superfície.
Outras
aplicações
No laser de elétrons
livres, um feixe de elétrons relativísticos
passa através de um par de onduladores que
contém uma matriz de imãs dipolares cujos
campos apontam em direções alternadas. Os
elétrons emitem radiação sincrotrônica que
interage de forma coerente com os mesmos
elétrons para amplificar o campo de radiação
na frequência de ressonância. O laser pode
emitir radiação eletromagnética de radiança
coerente em uma faixa ampla de frequências,
desde o microondas até o raio-X.
Os
elétrons são importantes em tubos de raios
catódicos, onde têm sido amplamente
utilizados em dispositivos de imagem em
instrumentos de laboratório, monitores de
computador e aparelhos de televisão. Em um
tubo fotomultiplicador, cada fóton que
atinge o fotocátodo inicia uma avalanche de
elétrons que produz um pulso de corrente
detectável.
Tubos de vácuo utilizam
um fluxo de elétrons para manipular sinais
elétricos, e possuem um papel crítico no
desenvolvimento da tecnologia eletrônica.
Porém, eles têm sido substituídos por
dispositivos de estado sólido tais como
transistores.
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