No início deste século
Aracaju mais parecia um povoado que uma cidade capital. Em 1900 e 1910 os
elementos característicos de urbanidade ainda não estão presentes.
A resolução do presidente
da Província, Ignácio Barbosa, que no dia 17 de março de 1855 elevou o
povoado de Santo Antônio de Aracaju à soberba de cidade e capital, não
teve impacto imediato na fisionomia local. Mas é a partir daí que o núcleo
primordial da cidade se desloca do Alto da Colina de Santo Antônio e desce
para as margens do rio Sergipe, desenvolvendo-se na área compreendida
entre a praça Fausto Cardoso e a praça General Valadão.
Cerca de
vinte anos depois, em torno da Igreja Catedral vamos encontrar várias
construções onde os prédios públicos se erguem nas praças Fausto Cardoso,
Guilherme de Campos e Olympio Campos. Numa área estreita, entre os prédios
da Assembléia e o Palácio do Governo, se planta o Jardim Olympio Campos.
Nos canteiros, nasce o 1º coreto de Aracaju, onde por anos felizes as
famílias da capital (e vindas do interior) participaram de retretas e
quermesses. Dois prédios que fazem a cara de Aracaju se erguem no
quarteirão da praça Fausto Cardoso: a sede da Delegacia Fiscal e da
Intendência Municipal, o palacete do Tribunal de Relação, construído nos
moldes do ecletismo neoclássico.
As casas de moradores dos
quarteirões dessas duas praças eram construções simples, residências com
telhados de duas águas, portas e janelas com platimbandas ornadas por
beirais. Estamos falando do tempo em que a iluminação era feita a
querosene, com lampiões, exceto para alta burguesia, que tinha o
privilégio de gás acetileno.
No final da década, a rua
larga da praça do Palácio foi revestida de pedras calcárias, que ainda
hoje sustentam nossos pés na história centenária de Aracaju.
Em 1911
e 1920 Aracaju já se impõe como maior centro urbano do Estado e a cidade
mais industrializada de Sergipe, lá da antiga
capital, São Cristóvão, foi vendo a sua pólvora mofar sem motivo para o
fogueteiro de retorno da capital, - foi daí que veio o nome de João Bebe
Água? Não, mas aí é outra historia.
É na segunda década do
século vinte que os governantes se preocuparam com o aspecto urbano e isso
se configura num ordenamento espacial mais condizente com as novas
necessidades. A modernização implica em obras de infra-estrutura para o
abastecimento de água, esgotos, energia elétrica, rede telefônica, rede
urbana de transporte coletivos, isso tendo que manter o embelezamento das
praças e ajardinamentos.
Assim é que em 1912 a praça
Fausto Cardoso recebe um monumento em homenagem a esse grande líder
político, plantando-se novos jardins com dois coretos em estilo art-noveau,
orgulho dos sergipanos que dali fizeram palco para retretas e
manifestações cívicas.
Outro
monumento se ergue quatro anos depois, em 1916, na praça Olympio Campos
com a estátua do Monsenhor, com um pequeno jardim em torno. Depois vieram
as mudas de oizeteiros do Horto Florestal do Rio de Janeiro para
arborização desta praça que o aracajuano está acostumado a chamar de
Parque. Onde, no começo da década, em 1911, foi construído um prédio para
funcionar a Escola Normal e Escola Modelo, hoje Centro de Turismo
transformado em Rua 24 Horas.
Na face leste da cidade,
onde o antigo prédio do Atheneu pedia reforma para comportar maior número
de alunos, recebeu nos meados desta década um segundo pavimento, passando
do estilo neoclássico para o eclético. Depois estabeleceu-se no local a
Biblioteca Pública do Estado.
As grandes transformações
urbanísticas aconteceram em torno das comemorações do primeiro Centenário
da Independência de Sergipe, quando a Intendência associou-se ao Estado
para um melhor tratamento urbanístico de Aracaju, por volta de 1920.
Foi nesse contexto que a
praça Fausto Cardoso passou por uma grande reforma, sendo então arborizada
com figos-benjamim, (as palmeiras imperiais já estavam lá), atualização
das fachadas dos prédios, passando então a predominar o estilo eclético,
nessa onda de modernidade o Palácio do Governo sofreu (literalmente) uma
reforma que se notabilizou pelo exagero decorativo de suas fachadas e
platimbanda.
O ápice
dessa onde de modernização é antigo, entre 1921 e 1930, quando o antigo
coreto da praça Almirante Cardoso dá lugar à instalação de um mictório
público, possibilitando a permanência das pessoas mais tempo longe de casa
ao tempo em que implantava uma política sanitarista introduzindo medidas
higiênicas apelando para a colaboração dos cidadãos para uma cidade mais
limpa. É aí que a praça Olympio Campos recebe o tratamento de Parque (Teófilo
Dantas), com vários recursos urbanísticos, com uma gruta (diziam que no
interior da gruta produzia minerais, estalactites e estalagmites); a
Cascatinha, de onde nascia um regato por onde as crianças de então botavam
para navegar seus barquinhos de papel.
Foi construído um aquário (onde
hoje está a Galeria de Arte Álvaro Santos) que na entrada do pavilhão
exibia vitrines com peixes nunca vistos - tinha até peixe empalhado. Uma
parte do Parque abrigava uma taba com a escultura metálica de dois índios
circundados por quadro evocativo da primitiva selva, um recanto selvagem
com plantas da Mata Atlântica.
O lago das Ninfas já evocava a Mitologia.
Theófilo Dantas caprichou em todos os detalhes ao tempo em que trouxe o
maior benefício, que foi a eliminação definitiva do problema de
enchacamento que a praça tinha. A inauguração do Parque Theófilo Dantas,
em 1828, foi um marco de visão administrativa que agradou toda a população.
Na praça Fausto Cardoso, os
antigos coretos de ferro e madeira (Art-Noveau) são substituídos pela
alvenaria de inspiração eclética, transformando as características
estética da praça.
E na década seguinte, entre
1031 e 1940, que o crescimento de Aracaju se desloca para a zona oeste,
com o surgimento da ferrovia e o decréscimo dos serviços urbanos (em
conseqüência da crise econômica que o Estado então enfrenta).
Em
1946 a construção de um novo prédio para a Biblioteca Pública do Estado (Art
Décor) e a reforma do prédio antigo da Biblioteca, que teve a estrutura
mantida mas perdeu seus belos elementos formais e ornamentais, passando a
Diretoria de Finanças do Estado (até 1958), esta é uma fase que pouco
acrescenta ao perfil já moldado de Aracaju.
Com 146 anos, Aracaju ainda
guarda uma boa memória do tempo de formação da capital; sendo fundamental
a preservação dos prédios e monumentos que fazem nosso patrimônio público.
Referencias:
brasilturismo.com
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