ONU considera líder norte-coreano 'cúmplice' de abusos aos direitos humanos
China e Cuba são contra julgamento de ditador da Coreia do Norte em Haia.
O relator especial da ONU sobre direitos humanos na Coreia do Norte, Marzouki Darusman, afirmou nesta
sexta-feira, em Seul, que o ditador Kim Jong-un é "cúmplice" dos "crimes contra a humanidade"
cometidos pelo regime do seu país e deve "prestar contas" à Justiça internacional.
"Está provado que a Coreia do Norte continua cometendo crimes contra a humanidade sob o comando de Kim
Jong-un", disse Darusman em entrevista coletiva, ao se referir ao último relatório da Comissão de
Investigação da ONU, que deve provocar uma resolução para levar o caso ao Tribunal Penal Internacional
(TPI).
Kim Jong-un não se pronunciou sobre a carta das Nações Unidas, que adverte que "a máxima autoridade do
país deverá prestar contas" se não acabarem as "massivas violações dos direitos humanos", segundo o
enviado da ONU.
A Assembleia Geral das Nações Unidas votará na próxima semana uma resolução voltada ao Conselho de
Segurança para levar a Coreia do Norte ao TPI, pelos "crimes contra a humanidade".
Darusman reforçou seu apoio a essa resolução, que é apoiada pela maior parte da comunidade
internacional, mas censurada por países como China e Cuba, que se opuseram ao julgamento das
autoridades de Pyongyang em Haia.
O relator criticou o fato de a China, que tem direito a veto no Conselho de Segurança, se opor a abrir
o debate sobre esse assunto, mas foi cauteloso ao se recusar a avaliar a posição do país e afirmar que
"respeita sua independência" como Estado membro da ONU.
Quanto a Cuba, o país apresentou uma proposta de emenda para mudar a resolução da Assembleia Geral por
considerar que ela leva a "um precedente perigoso" para os países em desenvolvimento.
Alinhada com a posição da Coreia do Norte, Cuba propõe não incluir Kim como responsável pelas
violações dos direitos humanos em troca de permitir a entrada do relator em território norte-coreano.
Darusman disse que concorda com o segundo ponto, mas é absolutamente contra o primeiro, ao considerar
que "a prestação de contas dos responsáveis é um dos objetivos principais da Comissão de
Investigação".
O relatório divulgado em março denuncia que, na Coreia do Norte, ocorrem crimes como "extermínio,
assassinato, escravidão, desaparições, execuções sumárias, tortura, violência sexual e perseguições de
caráter político, religioso e de gênero", entre outros.
A Comissão de Investigação, que teve seu acesso negado ao país, redigiu o documento a partir de 240
relatos de vítimas diretas e testemunhas, entre elas 80 sobreviventes dos acampamentos de trabalho
forçado, onde há entre 80.000 e 120.000 prisioneiros políticos.
(Com agência EFE)
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