São Paulo - Cantareira
pode voltar ao 2º volume morto
O aumento da captação máxima de água do Sistema
Cantareira pedido pela Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para atender
parte da região metropolitana a partir de agosto
pode causar um déficit no manancial superior a 100
bilhões de litros nos próximos quatro meses e colocá-lo,
até novembro, de volta na segunda cota do volume
morto, que havia sido recuperada em fevereiro.
Estimativa apresentada nesta semana pelo
Departamento de Águas e Energia Elétrica de São
Paulo (DAEE), do governo paulista, à Agência
Nacional de Águas (ANA), do governo federal, para
subsidiar a decisão sobre o pedido da Sabesp, mostra
que o nível do Cantareira pode ficar abaixo de 7%
antes de dezembro, considerando as duas cotas do
volume morto.
O patamar seria o mesmo registrado no início de
janeiro deste ano, e pior do que os 8,8% de 30 de
novembro de 2014. Nesta quinta-feira, 29, o índice
era de 18,5%, segundo a Sabesp.
A companhia pediu aos órgãos reguladores para
aumentar o limite de retirada do Cantareira de 13,5
mil litros por segundo para 14 mil l/s em agosto, e
para suspender a redução para 10 mil l/s que havia
sido determinada para ocorrer a partir de setembro
com o objetivo de acelerar a recuperação do
manancial.
A Sabesp justificou dizendo que o Sistema Alto Tietê,
que seria usado para socorrer o Cantareira, sofre
com a seca, e que a obra emergencial que vai
abastecê-lo com 4 mil l/s de água da Billings está
atrasada e só entrará em operação em outubro,
conforme o Estado antecipou na quarta-feira, 29. O
pedido ainda não recebeu aval da ANA.
A simulação do DAEE foi feita com base em um cenário
considerado conservador pelo órgão. Nele, o volume
de água projetado para chegar às represas entre
agosto e novembro será igual ao registrado no mesmo
período em 2014: 5,9 mil litros por segundo, em
média.
Pelos cálculos, entrariam no sistema 62 bilhões de
litros nos próximos quatro meses, enquanto até 169
bilhões de litros poderiam sair para abastecer parte
da Grande São Paulo e a região de Campinas no
período.
Desta forma, restariam no dia 30 de novembro apenas
66 bilhões de litros da segunda cota do volume morto,
sem contar o pequeno estoque da Represa Paiva
Castro, em Mairiporã, hoje com 3,7 bilhões de litros.
Na mesma data em novembro de 2014, todo o Cantareira
tinha 86,8 bilhões de litros. Neste cenário, o
manancial dificilmente deixará de operar no volume
morto mesmo após as chuvas de dezembro a março.
Segundo o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, a
seca que castigou parte da região Sudeste em 2014
tinha apenas 0,6% de chance de acontecer e a
probabilidade de que ela se repita é “praticamente
nula”. Neste ano, janeiro foi o único mês em que a
vazão afluente aos reservatórios do Cantareira foi
menor do que a registrada no mesmo período em 2014.
Na média, o volume de água que chegou ao sistema nos
sete primeiros meses de 2015 foi 48,5% maior do que
entre janeiro e julho do ano passado. Ainda assim,
está 58,8% abaixo da média histórica no período.
Segundo a Sabesp, o rodízio oficial está descartado
em 2015.
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