A história de Contagem apresenta versões
diversificadas sobre sua origem. Uma dessas versões, fala da existência de uma família com o
sobrenome "Abóboras" que teria construído a igreja em torno da qual o município viria a surgir.
Essa versão, e outras similares, não contam documentação suficiente para serem comprovadas. Assim,
a versão mais aceita refere-se aos chamados registros, criados pela Coroa Portuguesa.
Em 1701, a Coroa portuguesa mandou instalar um posto fiscal às margens do Ribeirão das Abóboras,
nas terras da sesmaria do capitão João de Souza Souto Maior, com o objetivo de fazer a contagem do
gado que vinha da região do Rio São Francisco em direção à região das minas (Ouro Preto e
Mariana).
Como acontecia em todos os pontos que ofereciam boas oportunidades de lucro, a partir de 1716, no
entorno do posto de registro, uma grande diversidade de pessoas foi dando vida à população:
senhores de escravos; proprietários de datas minerais à procura de braços e do gado para
alimentação; patrulheiros; funcionários do Registro; delatores do transvio; religiosos,
taberneiros, desocupados e vadios.
E nas redondezas, ainda se assentavam pessoas que encontravam faixas de terras devolutas. Ali se
comercializava vários tipos de gêneros, como gado, cavalos e potros; barras de ouro; ouro em pó
para ser trocado por dinheiro ou com os guias, para casa de fundição de Sabará.
Entretanto, esse comércio era precário. Consta que o volume de ouro em pó estocado no Registro das
Abóboras era pequeno em relação aos volumes estocados em outros postos fiscais da Capitania, na
Comarca de Sabará.
Assim, o povoado que surgiu em torno do entreposto não se expandiu como núcleo urbano,
atrofiando-se com o fechamento do posto, ocorrido por volta do ano de 1759. O local do posto, que
ficou conhecido como Casa do Registro, é atualmente a Casa da Cultura.
Mas, nas proximidades daquele posto, em terras de domínio público, desenvolveu-se outro povoado em
torno de uma capelinha erguida em devoção ao Santo protetor dos viajantes, São Gonçalo do
Amarante, ou Sam Gonçalo, em 1725.
A construção de capelas e igrejas dedicadas a São Gonçalo era comum na época. Esse santo goza de
grande prestígio entre a população portuguesa e a devoção a ele acompanhou o processo de
colonização. De fato, na Capitania das Minas Gerais existia um grande número de povoações com o
nome de São Gonçalo. São exemplos: São Gonçalo do Rio das Pedras, São Gonçalo da Ponte, São
Gonçalo do Amarante, São Gonçalo do Brejo das Almas, São Gonçalo do Rio Abaixo, São Gonçalo do rio
Peixe, São Gonçalo do Rio Preto, entre outras.
Por serem tão numerosas, tornava-se necessário explicar qual seria qual, por um atributo do lugar.
Por isso, Sam Gonçallo do Ribeirão das Abóboras, pelo fato de o povoado estar próximo a esse
ribeirão e, como nas imediações havia ainda o registro fiscal, falava-se também Sam Gonçallo da
Contage. Finalmente, para não ser confundido com outros registros ou contages da Capitania, vingou
o nome Arraial de São Gonçalo da Contagem das Abóboras, ou apenas Contage das Abóboras.
Este período caracteriza-se pelo arruamento tortuoso, grandes lotes com casas no alinhamento e
profundos quintais arborizados com mangueiras e jabuticabeiras, por vezes fazendo divisa, ao
fundo, com cursos de água; legando-nos um pequeno número de edificações que resistiram ao tempo e
à especulação imobiliária, formando o que hoje se chama de sítio histórico.
Esse arraial formou o núcleo original da formação de Contagem e corresponde à região da Sede
Municipal. Daquela São Gonçallo, permaneceram parte da primitiva arborização, algumas edificações
e objetos de arte sacra.
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Contagem dos Abóboras ex-povoado, pela Lei Provincial n.º
671, de 29-04-1854, e Lei Estadual n.º 2, de 14-09-1891, subordinado ao município de Santa
Quitéria.
Elevado à categoria de vila com a denominação de Contagem, pela Lei Estadual n.º 556, de
30-08-1911, desmembrado dos municípios de Santa Quitéria e Sabará ou somente Santa Quitéria. Sede
na antiga povoação de Contagem dos Abóboras. Constituído de 4 distritos: Contagem, Campanha,
Vargem da Pantana (ex-Vargem do Pântano) e Vera Cruz.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, a vila é constituída de 4 distritos: Contagem,
Campanha, Vargem da Pantana e Vera Cruz.
Assim permanecendo nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1-IX-1920.
Pela Lei Estadual n.º 843, de 07-09-1923, o distrito de Vera Cruz foi transferido da vila de
Contagem para formar o novo município de Pedro Leopoldo. Pela mesma Lei, é criado o distrito de
Neves, com terras desmembradas do distrito de Vera Cruz, sendo anexado à vila de Contagem. O
distrito de Vargem da Pantana tomou o nome Ibiretê.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, a vila é constituída de 4 distritos: Contagem,
Campanha, Ibiretê (ex-Vargem da Pantana) e Neves.
Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937.
Pelo Decreto-lei Estadual n.º 148, de 17-12-1938, a vila de Contagem é extinta, sendo seu
território anexado ao município de Betim como simples distrito.
No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o distrito de Contagem figura no município
de Betim.
Pelo Decreto-lei Estadual n.º 1.058, de 31-12-1943, o distrito de Contagem adquiriu parte do
distrito sede do município de Belo Horizonte.
No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o distrito de Contagem permanece no
município de Betim.
Elevado à categoria de município com a denominação de Contagem, pela Lei Estadual n.º 336, de
27-12-1948, desmembrado de Betim. Sede no antigo distrito de Contagem. Constituído do distrito
sede. Instalado em 01-01-1949.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído do distrito sede.
Pela Lei Estadual n.º 1.039, de 12-12-1953, é criado o distrito de Parque Industrial (ex-povoado
de cidade Industrial) e anexado ao município de Contagem.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 2 distritos: Contagem e
Parque Industrial.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
mais historias
Na época do Brasil-colônia, a Coroa portuguesa mantinha o controle sobre os territórios ocupados
através de postos avançados chamados “postos de registro”. Tais postos fiscalizavam e registravam
todo o movimento de pessoas e mercadorias, cargas e tropas.
Ali, os viajantes, mercadores de escravos e tropeiros eram obrigados a parar e, enquanto as
mercadorias eram registradas, aproveitavam para descansar, aliviar os animais de carga e até fazer
negócios.
Como as viagens eram longas, tais postos serviam também como referência para abrigo e pernoite.
Com o tempo, em torno de alguns deles, surgiam plantações de roças e criação de gado para
sobrevivência.
No início do século XVII, nas terras da sesmaria do capitão João de Sousa Souto Maior, um terreno
conhecido como Sítio das Abóboras, foi instalado um desses postos de fiscalização. Em 1715, Dom
Brás Baltasar refere-se a este posto ao escrever no termo da junta: "quanto ao gado, se levantarão
registros como o que está posto nas Abóboras".
Em torno desse posto, surgiu um pequeno povoado. A população ergueu uma capela para abrigar o
Santo protetor dos viajantes (São Gonçalo do Amarante) e logo surgia o arraial de São Gonçalo de
Contagem – uma homenagem ao santo e uma referência à contagem das cabeças de gado, de escravos e
mercadorias para serem taxadas.
Em 1854, o arraial foi elevado à categoria de paróquia, separando-se da paróquia do Curral
Del-Rei. Em 30 de agosto de 1911, foi elevado à condição de município com o nome de Contagem. Já
então, o município compreendia os distritos de Contagem, Campanhã (Venda Nova), Vera Cruz e Vargem
da Pantana.
A partir da década de 1930, Contagem passaria a ocupar um lugar central no desenvolvimento
mineiro. Durante o IV congresso Comercial, Industrial e Agrícola, realizado em Belo Horizonte em
1935, surgiu a proposta de concentrar atividades industriais mineiras em uma área específica. Essa
proposta tinha como objetivo superar o atraso econômico mineiro e representava uma aposta no
caminho da industrialização.
Como resultado dessa nova orientação política, em 1941, o governador Israel Pinheiro inaugurou o
sistema de distritos industriais que seria gradualmente construído em Minas Gerais ao longo das
décadas seguintes. A criação do Parque Industrial, mais tarde denominado Cidade Industrial, em
Contagem, nas proximidades da capital, foi a primeira e principal medida resultante dessa nova
política.
A Cidade Industrial Juventino Dias, como foi chamada, foi instituída pelos decretos-lei 770 de 20
de março de 1941 e 778 de 19 de junho de 1941. Todavia, só foi implantada em 1946. A instalação da
Itaú, no ramo do cimento, e da Magnesita, no ramo de refratários, funcionou como alavanca para
imprimir confiança e credibilidade ao projeto e, ao final dos anos 1950, a cidade industrial havia
se transformado no maior núcleo industrial de Minas Gerais.
Em 1970, também por iniciativa do setor público, foi constituído o segundo grande projeto de
expansão industrial em Minas. Mais uma vez o foco foi localizado em Contagem. Por força da lei
municipal no 911, de 16 de abril, foi implantado o Centro Industrial de Contagem, mais conhecido
pela sigla “CINCO”. O projeto previa a instalação de 100 novas fábricas e a geração de 20 mil
novos empregos, com recursos do então BNDE (40%) e da própria Prefeitura de Contagem (60%).
Com anos, em torno dessa base industrial, se desenvolveu uma extensa malha de serviços e
equipamentos públicos. Destaca-se criação do entreposto d as Centrais de Abastecimento de Minas
Gerais S/A (CeasaMinas), ainda em 1974, e o surgimento do Eldorado, verdadeiro centro comercial da
cidade atualmente. O entreposto do CEASA é o mais diversificado do Brasil e ocupa o segundo lugar
nacional em vendas de hortigranjeiros.
A tradição urbano-industrial da cidade, deixou suas marcas na formação da paisagem urbana, na
cultura, e no caráter da gente de Contagem. Contagem desponta no cenário brasileiro não apenas
pelas lideranças que têm oferecido ao Estado e ao país, mas também por sua contribuição ao
patrimônio democrático que os brasileiros têm construído. Basta que se lembre da greve metalúrgica
de 1968, um dos símbolos nacionais da resistência ao regime militar.
O poder administrativo resolve ampliar as instalações industriais, tornando possível a implantação
do CINCO, com o objetivo de expandir seu parque fabril.
Cronologia da história
1716 - A fim de registrar todo o movimento de pessoas e mercadorias, cargas e tropas pelos
caminhos de Minas Gerais, a Coroa Portuguesa determinou a instalação de vários postos fiscais. A
Comarca do Rio das Velhas possuía dezenas de registros, um deles o Registro das Abóboras, posto
fiscal que deu origem à "Contagem". As primeiras entradas nesse posto datam de 9 de agosto de
1716.
1911 - Pela Lei nº 556, de 30 de agosto, Contagem é emancipada e elevada à Vila, desmembrando-se
dos municípios de Sabará e Santa Quitéria (atual Esmeraldas).
1912 - No dia 1º de junho, sob a presidência de João Cizinando e Costa, e presentes os vereadores
João Baptista da Rocha, Antônio Augusto Diniz Costa, Francisco Firmo de Matos, Randolpho José da
Rocha, Augusto Teixeira Camargos e Pedro de Alcântara Diniz Moreira Júnior, o presidente declarou
solenemente instalada a Câmara e, em consequência, instalado o Município de Contagem.
1938 - Decreto-lei do governo federal, a pedido do governador Benedito Valadares cria o município
de Betim e tira a autonomia de Contagem, rebaixando o município a distrito de Betim. Até 1948
Contagem fica anexada a Betim.
1946 - Construída a Fábrica de Cimento Itaú Portland, onde atualmente está erguido o Itaú Power
Shopping.
2006 - Celebração dos 200 anos do Jubileu de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Contagem.
Referencias:
IBGE
Wikipédia
Prefeitura Municipal de Contagem
Ache Tudo e Região