Você sabia
que um pneu demora pelo menos 600 anos para se decompor?
Reaproveitamento e reciclagem
A borracha
natural é um polímero obtido da seiva da seringueira, árvore de origem
amazônica, mas que ganhou o mundo, principalmente pela rápida adaptação
que sofreu quando, na virada do século, foi plantada com sucesso nas
florestas tropicais asiáticas.
Para sua extração são feitos
pequenos cortes superficiais no caule da árvore, através dos quais o látex
é captado. Depois de sua coagulação e secagem, este material é aquecido e posteriormente processado com outras substâncias químicas,
transformando-se em borracha.
Com o passar do tempo,
criou-se na Alemanha a tecnologia para fabricá-la artificialmente a partir
do petróleo. Apesar de a borracha sintética ser muito parecida com a
borracha natural, ela não é tão resistente ao calor e racha com a mudança
de temperatura muito rápida. Por isso, os artefatos são sempre
constituídos de uma parcela da borracha natural.
No Brasil, a maior parte da
borracha produzida industrialmente é usada na fabricação de pneus,
correspondendo a 70% da produção. Além disso ela pode ser empregada em
calçados, instrumentos cirúrgicos (como tubos, seringas e outros produtos
farmacêuticos, além de luvas cirúrgicas e preservativos). |
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OS PNEUS
Os pneus foram inventados em
1845, depois que o norte-americano Charles Goodyear descobriu casualmente
o processo de vulcanização da borracha, quando deixou cair borracha e
enxofre no fogão.
Tornaram-se então substitutos
das rodas de madeira e ferro, usadas em carroças e carruagens. A borracha
além de ser mais resistente e durável, absorve melhor o impacto das rodas
com o solo, o que tornou o transporte mais confortável e funcional.
A maior parte dos pneus hoje é
feita de 10% de borracha natural (látex), 30% de petróleo (borracha
sintética) e 60% de aço e tecidos (tipo lona), que servem para fortalecer
ainda mais a estrutura.
Produção X Descarte
Um estudo feito pela
Universidade de Vrije, na Holanda, descobriu que todos os dias são
fabricados cerca de 2 milhões de novos pneus no mundo. Isto significa uma
produção anual de 730 milhões de pneus (janeiro/1999). Ao mesmo tempo,
hoje são transformados em sucata 800 milhões de unidades por ano.
No Brasil, em 1993, 0,5% do
lixo urbano brasileiro eram de pneus velhos e fora de uso. Hoje são
descartados no país cerca de 17 milhões de pneus por ano.
Reciclagem e reaproveitamento
Para recuperação e regeneração
é necessária a separação da borracha vulcanizada de outros componentes
(como metais e tecidos, por exemplo). Os pneus são cortados em lascas e
purificados por um sistema de peneiras. As lascas são moídas e depois
submetidas à digestão em vapor d’água e produtos químicos, como álcalis e
óleos minerais, para desvulcanizá-las. O produto obtido pode ser então
refinado em moinhos até a obtenção de uma manta uniforme ou extrudado para
obtenção de grânulos de borracha.
A borracha regenerada
apresenta duas diferenças básicas do composto original: possui
características físicas inferiores, pois nenhum processo consegue
desvulcanizar a borracha totalmente, e tem uma composição indefinida, já
que é uma mistura dos componentes presentes. No entanto, este material tem
várias utilidades: cobrir áreas de lazer e quadras de esporte, fabricar
tapetes para automóveis; passadeiras; saltos e solados de sapatos; colas e
adesivos; câmaras de ar; rodos domésticos; tiras para indústrias de
estofados; buchas para eixos de caminhões e ônibus, entre outros.
Aspectos
interessantes |
O Brasil se encontra em 2º lugar no ranking mundial de
recauchutagem de pneus.
Um pneu de avião a
jato pode ser recauchutado até 30 vezes.
A reciclagem e
reaproveitamento dos pneus no Brasil corresponde a cerca de 30 mil
toneladas (Cempre, 1999). |
OUTRAS
FORMAS DE RECICLAGEM E REAPROVEITAMENTO DOS PNEUS
Proteção de
construções à beira mar –
nos diques e cais; barragens e contenção de encostas, onde são
geralmente colocados inteiros;
Recauchutagem
– são adicionadas novas camadas de borracha nos pneus "carecas" ou sem
friso. A recauchutagem aumenta a vida útil do pneu em 40% e economiza
80% de energia e matéria-prima em relação à produção de pneus novos.
Reaproveitamento
energético (fornos de cimento e usinas termoelétricas)
- cada quilograma de pneu libera
entre 8,3 a 8,5 kilowatts por hora de energia. Esta energia é até 30%
maior do que a contida em 1 quilo de madeira ou carvão. As indústrias de
papel e celulose e as fábricas de cal também são grandes usuárias de
pneus em caldeiras, usando a carcaça inteira e aproveitando alguns
óxidos contidos nos metais dos pneus radiais.
Importante:
A queima de pneus para
aquecer caldeiras é regulamentada por lei. Ela determina que a fumaça
emanada (contendo dióxido de enxofre, por exemplo) se enquadre no padrão I
da escala de Reingelmann para a totalidade de fumaças.
Estudos,
pesquisas e novas tecnologias
ð
A RELASTOMER
Tecnologia e Participações S.A. desenvolveu um processo cuja
característica básica é a recuperação de borrachas vulcanizadas a baixa
temperatura (máximo 80ºC), a execução deste processamento na fase
líquida e a utilização de catalisador heterogêneo. O produto regenerado
apresenta alta homogeneidade, mantendo 75% das características físicas
da composição original.
ð
Um subprojeto
interdisiciplinar envolvendo pesquisadores das faculdades de Engenharia
Civil e Mecânica da Unicamp propõe uma solução de gerenciamento de pneus
descartados. A proposta dos professores Carlos Alberto Mariotoni, Caio
Glauco Sanchéz e E. Goulart consiste na construção de um reator de leito
fluidizado que processa fragmentos de pneus usados, para a obtenção de
subprodutos através de sua gaseificação.
ð
O Departamento de
Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-RJ) é pioneiro no desenvolvimento de pesquisa relacionada à
reutilização de pneus usados em obras de engenharia no Brasil. A PUC-RJ,
com apoio da International Development Research Centre (IDRC) e da
Geo-Rio e com a participação da Universidade de Ottawa, vem
desenvolvendo experimentos de construção de muros de arrimo com pneus e
ensaios relativos ao reforço de solos com pneus usados, o que introduz
uma resistência e rigidez adicionais aos aterros.
FORMAS
INADEQUADAS DE DISPOSIÇÃO DE PNEUS
E SUAS CONSEQÜÊNCIAS AO AMBIENTE
-
Jogados em terrenos
baldios, acumulam, por causa de seu formato, água da chuva no seu
interior, servindo de local onde os mosquitos transmissores de
doenças, como a dengue e a febre amarela, colocam seus ovos.
-
Colocados em lixões,
misturam-se com o resto do lixo, absorvendo os gases liberados
pela decomposição, inchando e estourando. Acabam sendo separados e
abandonados em grandes pilhas em locais abertos, junto a esses
lixões.
-
Queimados, podem
causar incêndios, pois cada pneu é capaz de ficar em combustão por
mais de um mês, liberando mais de dez litros de óleo no solo,
contaminando a água do subsolo e aumentando a poluição do ar.
Saiba então que isto é proibido pela legislação ambiental !
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O QUE
PODE SER FEITO?
Ö
Manter os pneus em lugar
abrigado ou cobri-los para evitar que a água entre e se acumule.
Ö
Antes de jogar pneus num
aterro, furar as carcaças para deixar escorrer a água ou cortá-las em
muitos pedaços, para diminuir seu volume.
Ö
RECICLAR, porque: economiza
energia - para cada meio quilo de borracha feita de materiais
reciclados, são economizados cerca de 75% a 80% da energia necessária
para produzir a mesma quantidade de borracha virgem (nova); economiza
petróleo (uma das fontes de matéria-prima); reduz o custo final da
borracha em mais de 50%.
Ö
REDUZIR o consumo dos pneus,
mantendo-os adequadamente cheios e alinhados, fazendo rodízio e
balanceamento a cada dez mil quilômetros e procurar usar pneus com tiras
de aço, que têm uma durabilidade 90% maior do que o normal.
Fontes:
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/pautas/ju142-4.html)
- maio/ 1999;
RELASTOMER (21) 590-9148;
Warmer Bulletin n. 64 – jan/1999 pág. 4-5;
Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento
Integrado, Cempre/IPT –1995;
Pneus (Ficha Técnica nº 8), Cempre;
Informativo Inst. Ecol. Aqualung, jan/fev de
1999.
Ache Tudo e Região
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