Podemos determinar o quão inteligentes
eram os dinossauros?
Durante muitos anos os cientistas pensavam que os
dinossauros eram estúpidas bestas que desapareceram graças a seu reduzido
intelecto. Mas há alguns anos essa idéia tem sido criticada e contestada por
alguns paleontólogos.
É bem verdade que não temos dinossauros vivos hoje que
possam nos mostrar suas habilidades intelectuais. Não podemos testar sua
capacidade de raciocínio através de experimentos. Mas os fósseis podem nos falar
um pouco sobre esse assunto.
Antes é claro, devemos nos lembrar que o conceito de
inteligência é bastante relativo e, normalmente, usamos nossa próprio modelo
como padrão para comparações, o que não é muito confiável. Afinal, existem
diferentes tipos de inteligência, portanto é difícil estabelecer um padrão de
comparação.
Alguns consideram que, de certa forma, todas as
espécies que conseguem se adaptar bem ao seu ambiente são inteligentes à sua
maneira. O nível de inteligência é diretamente proporcional às necessidades dos
organismos.
Mas os especialistas no assunto reconhecem dois tipos
principais de inteligência: a "instintiva" e a "aprendida".
No primeiro caso, o comportamento do animal é
determinado pelo seu código genético. O organismo já nasce sabendo como agir em
determinadas situações e como este comportamento é parte de seu DNA, nunca
poderá ser mudado. Em alguns casos pode apenas ser minimizado. É o típico caso
do cão que urina nas árvores e nos cantos. Seu comportamento instintivo faz com
que ele sinta uma irresistível atração de "regar" esses locais. Na selva esse
comportamento representa delimitação do território pelos machos. Esse instinto é
tão forte que, em geral, os cães machos tem dificuldade de aprender a urinar em
locais específicos, pois sua tendência é querer "marcar" todo o território,
nesse caso, a residência.
No segundo caso o comportamento deve ser adquirido pelo
organismo através de aprendizagem com membros mais velhos do grupo ou por
tentativa e erro. Ele não nasce com o animal e nem está inserido no DNA. A
informação fica armazenada no cérebro e, em geral, pode ser modificada mais
facilmente através de novos aprendizados.
Em geral os animais podem apresentar os dois tipos de
comportamento. Em algumas espécies, como crocodilos e tubarões, o comportamento
instintivo é mais desenvolvido; em outras, como os primatas, é o comportamento
"aprendido" que se desenvolve mais; existem ainda espécies onde há um equilíbrio
entre os dois. É o caso dos cães.
Nas espécies onde o instinto é quem comanda, em geral
os filhotes já nascem bastante independentes e, em muitos casos, já podem se
virar sozinhos. Nesses animais o cérebro tem pouca função no que se refere à
questão comportamental. Ele acaba funcionando apenas como um controlador das
atividades do organismo. Para isso ele não precisa ser grande. Prova disso são
os pequenos cérebros de crocodilos e lagartos.
Muitos dinossauros, como estegossauros, saurópodes e
anquilossauros tinham cérebros extremamente pequenos se comparados com o peso
total desses animais. Através de moldes tirados da caixa interna do crânio os
paleontólogos podem fazer modelos de como seriam os cérebros de tais criaturas,
uma vez que o cérebro se amolda à cavidade interna.
Nesses dinossauros os cérebros em geral tinham áreas
ligadas aos sentidos mais desenvolvidas. Em compensação as áreas que
correspondem ao raciocínio são pouco desenvolvidas. Essas evidências indicam que
os herbívoros maiores provavelmente eram mais instintivos, como os atuais
crocodilos e cobras.
No caso dos grandes carnívoros, como os tiranossauros,
a análise do cérebro indica uma maior capacidade de aprendizado e de raciocínio,
se comparada à dos herbívoros. Em seu tempo os tiranossauros estavam entre os
animais mais espertos. Mas se o comparássemos com animais equivalentes atuais é
provável que não fosse um Einstein.
Os tiranossauros eram animais mais equilibrados. Apesar
do forte comportamento instintivo os jovens ainda tinham de aprender muita coisa
até se tornarem adultos, como por exemplo, caçar, se defender e até aprendiam
com o tempo a roubar presas de outros carnívoros.
Em organismos onde o raciocínio e o aprendizado mandam,
normalmente o comportamento instintivo é bastante reduzido. As crias em geral
são mais vulneráveis e passam longo tempo sendo cuidadas por seus pais. O
comportamento se desenvolve à medida que aprendem, em geral por imitação, com os
mais velhos. Nesses animais o cérebro não apenas controla as atividades
orgânicas como também passa a atuar como um centro de acúmulo e processamento de
informações. Para isso ele precisaram crescer muito mais que os outros e as
áreas que correspondem à memória e ao raciocínio se desenvolveram muito. É por
isso que em animais como golfinhos e primatas, nos quais o aprendizado é
fundamental, os cérebros, se comparados com o peso corporal, são imensos.
Entre os dinossauros, os ornitomimossauros e
oviraptorssauros desenvolveram cérebros maiores Sendo animais que dependiam da
esperteza para conseguir seu alimento, é natural que sua capacidade de
aprendizado fosse maior. Acreditasse que esses animais poderiam ser comparados,
em termos de inteligência, à aves como avestruzes e emas.
Já nos raptores os cérebros cresceram ainda mais. Sendo
pequenos e não tão fortes como os maciços tiranossauros eles desenvolveram uma
incrível capacidade de caçar em bandos. Para conseguir abater presas bem maiores
os raptores precisavam de um forte senso de cooperação e coordenação. Supõe-se
que, diferente dos super-inteligentes raptores que aparecem em filmes como
Jurassic Park, os reais seriam inteligentes como papagaios e araras.
Mas os dinossauros com os maiores e mais complexos
cérebros são os troodontes. Um pouco menores e menos robustos que os raptores,
os troodontes se especializaram em caçar à noite pequenos mamíferos, quando
estes saíam de suas tocas para procurar alimento.
Alguns cientistas acreditam que tais dinossauros podem
ter sido tão inteligentes quanto lobos e chacais atuais. Mesmo tendo seus
hábitos instintivos, os troodontes podiam facilmente aprender coisas novas, que
poderiam usar para caçar de maneira mais eficiente suas presas. É possível que
os troodontes "estudassem" suas vítimas para encontrar a melhor forma de
apanhá-las.