Todos os dinossauros tinham longas caudas. Mas a
maneira com a qual eles as utilizavam variava de acordo com a espécie. Então,
qual o papel das caudas na vida dos dinossauros?
Em primeiro lugar devemos responder uma questão
importante: qual a real posição da cauda dos dinos? Elas eram arrastadas pelo
chão ou ficavam erguidas no ar? Durante anos os dinossauros foram representados
com suas enormes caudas sendo pesadamente arrastadas pelo solo. O modelo de
Joseph Leidy, como é conhecido, dominou o cenário paleontológico durante
décadas. Nós nos acostumamos a ver os enormes T-Rex andando em pé, quase eretos,
imponentes.
Mas pesquisas recentes confirmam que essa imagem estava
completamente errada. Analisando suas vértebras e o encaixe dos ossos dos
membros os cientistas perceberam que essa posição seria muito desconfortável
para os animais e, provavelmente, provocaria lesões sérias em sua coluna. Além
disso, se analisarmos seus rastros de pegadas fossilizadas, poderemos notar que
em nenhuma delas existem marcas ou sulcos que indiquem enormes e pesadas caudas
sendo arrastadas.
Em todos os casos, apenas as pegadas foram confirmadas. Assim
o modelo hoje mais aceito é o de dinossauros movendo-se com caudas quase retas,
pairando no ar. No caso dos bípedes, a espinha ficava quase que paralela à linha
do solo, fazendo com que os animais caminhassem como enormes pássaros.
Para esses animais as caudas funcionavam como um
instrumento de equilíbrio, permitindo aos mesmos caminhar ou correr sem temer
uma queda de frente no chão. O comprimento das caudas era de tal modo
proporcional ao peso na frente dos quadris, de maneira que o centro de gravidade
ficassem num ponto que equilibrava perfeitamente a metade anterior e a
posterior.
Nos dinossauros raptores, conhecidos por desenvolver
grandes velocidades, a cauda possuía filetes ósseos que a tornavam muito rígida.
Para esses animais a cauda era como um leme, permitindo a eles mudarem
rapidamente de direção caso fosse necessário.
Entre os grandes ornitópodes, como iguanodontes e
hadrossauros, a cauda também era útil para contrabalancear seus corpos quando
assumiam a posição bípede.
Alguns cientistas também propõem que as caudas
achatadas lateralmente desses animais podem ter sido bastante coloridas,
servindo de sinalizadores visuais para outros membros do grupo.
Em muitas espécies de dinossauros as caudas não eram
usadas apenas para equilíbrio. Para esses animais elas poderiam funcionar como
poderosas armas de defesa.
Os estegossauros apresentavam cravos longos e afiados
nas caudas, cujo número variava de acordo com a espécie. Esses cravos eram
manuseados com extrema habilidade por esses enormes herbívoros. Sua cauda
potente poderia desferir golpes devastadores. Se fosse atingido, um carnívoro
poderia ficar seriamente ferido.
Os anquilossauros também tinham suas caudas
ornamentadas, mas, diferente dos estegossauros que tinham cravos, estas eram
armadas com poderosos porretes ósseos. Além do porrete os anquilossauros ainda
possuíam as últimas vértebras fundidas, o que dava maior potência à arma. Com a
mesma maestria dos estegossauros, os anquilossauros poderiam desferir golpes
devastadores, capazes de quebrar a perna ou romper órgãos internos de predadores
como tiranossauros.
Os saurópodes também usavam suas caudas como arma.
Dinossauros como o Diplodocus, com sua cauda longa e fina,
semelhante a um chicote poderiam movê-la a uma velocidade de mais de 100 km/h,
provocando um estalo ensurdecedor. Se o predador não se intimidasse, poderia ser
golpeado com uma força descomunal. Alguns saurópodes, como o Shunosaurus
possuíam um pequeno porrete semelhante ao dos anquilossauros, o que piorava
ainda mais a situação.
Mas as caudas dos saurópodes não eram usadas somente
para combates. Elas desempenhavam várias outras funções, como por exemplo
comunicação. É possível que os diferentes movimentos de caudas fossem utilizados
como um tipo de comunicação visual. Também já se cogitou a hipótese de que
servissem como superfície de perda de calor. Acredita-se que os saurópodes,
devido ao seu tamanho excepcional, deveriam ter sérios problemas com
super-aquecimento. A cauda poderia servir como uma enorme superfície de
dispersão, tal qual as orelhas enormes dos elefantes-africanos.
Alguns estudos indicam ainda que os saurópodes, apesar
de quadrúpedes, poderiam ficar em pé nas patas traseiras, seja para alcançar
folhas muito altas, para se exibir em épocas de acasalamento ou para intimidar
predadores. Nesse caso eram usadas como tripé, para equilibrar o enorme peso
desses animais.
Recentemente algumas pesquisas indicaram que alguns
pequenos terópodes possuíam caudas emplumadas. É possível que alguns machos como
os de Caudipteryx se exibissem para as fêmeas balançando suas
caudas emplumadas e coloridas.