Alguns dinossauros desenvolveram ao longo
de sua coluna dorsal vértebras extremamente alongadas (como pode ser visto na
figura do esqueleto abaixo), que até hoje intrigam os cientistas. Muitos ainda
discutem se essas vértebras se projetavam como enormes espinhos para intimidação
ou se sustentavam grandes estruturas semelhantes a barbatanas.
Não foram só os dinossauros que
apresentavam essas característica. Durante o período Permiano répteis conhecidos
como pelicossauros também apresentavam tal característica. Entre os mais famosos
está o Dimetrodon (abaixo). A maioria dos paleontólogos acredita
que essas vértebras realmente sustentavam uma grande barbatana. O problema era
entender o porquê dessa estrutura.
No caso do Dimetrodon e de
outros répteis desse período a explicação mais aceita é a de que essas
barbatanas funcionavam como uma estrutura de troca de calor. O final do Permiano
é marcado por um clima mais seco e de mudanças bruscas de temperatura. É
possivel que esses répteis tenham desenvolvido mecanismos extras para poder
controlar a temperatura corporal. Sabe-se que haviam muitos vasos sangüíneos
passando por esse local (impressões fósseis de vasos são tidas como prova da
teoria da barbatana). Quando o animal sentia muito calor, virada a barbatana na
direção do vento. O sangue, mais fresco, corriam para o resto do corpo,
resfriando-o. Quando precisava aquecer-se o animal virava a barbatana na direção
do sol, para que o sangue nas barbatanas captasse o calor e aquecesse o resto do
corpo.
Entre os dinossauros a situação é ainda
mais interessante. Já foram descobertos pelos menos 12 gêneros de dinossauros
que apresentavam essa característica, entre eles saurópodes, ornitópodes e
terópodes. O tamanho e comprimento dessas barbatanas variavam conforme a
espécie.
Carnossauros europeus como o
Metriacanthosaurus , Altispinax e Becklespinax,
apresentavam barbatanas baixas que cobriam apenas o dorso.
Já o
Acrocanthosaurus norte-americano (ao lado), apesar de também
possuir uma barbatana baixa, esta se estendia da nuca até a metade da
cauda.
O ornitópode
Ouranosaurus (ao lado),um parente do Iguanodon,
também apresentava uma barbatana, só que mais alta e desenvolvida.
Entre os saurópodes,
pode-se destacar o Rebbachisaurus, com uma barbatana baixa
dorsal e o Amargasaurus argentino (ao lado), com duas
fileiras de espinhos que partiam da nuca e formavam duas grandes
barbatanas cervicais e se estendiam até o dorso, onde se "fundiam" em uma
única fileira que terminava quase na ponta da cauda
.
Recentes descobertas feitas nos EUA
apontam um enorme predador Jurássico, bastante semelhante ao Allosaurus
batizado de Saurophaganax . Com estimados 14 m de comprimento este
foi um dos maiores carnívoros que já existiram. Também possuía vértebras
alongadas, o que indica uma barbatana baixa ao longo do dorso.
Entre os estranhos
terópodes do grupo dos espinossaurídeos também existem casos de espécies
com barbatanas. O recém-descoberto Suchomimus (ao lado)
tinha vértebras alongadas e uma barbatana que começava na altura dos
ombros e terminava no início da cauda. Seu ponto mais alto, com cerca de
50 cm localizava-se na região da pélvis.
Mas com certeza o mais impressionante
dinossauro de barbatana foi o Spinosaurus (abaixo). Esse
gigantesco espinossaurídeo com estimados 15 a 17,2 m de comprimento tinha a
maior barbatana de todos, que atingia cerca de 1,8 m no ponto mais alto.
A grande questão é: para que servia a
barbatana nesses dinossauros tão diversos?
Apesar da verdadeira resposta ainda não
ser conhecida, alguns paleontólogos especulam sua utilidade. Como essas
estrutura está presente em dinossauros de grupos tão variados, eles precisaram
analisar outros fatores que pudessem colocá-los em um ponto comum. Nessa análise
eles perceberam dois pontos em comum entre todos os dinossauros de barbatanas: o
local onde viveram e a época em que viveram. Mas será que essas descobertas
podem ajudar a solucionar o problema?
Até onde sabemos todos os dinossauros
desse grupo viveram num determinado ponto da Era Mesozóica. Com excessão do
Metriacanthosaurus e do Saurophaganax que são
conhecidos do final do Jurássico, há cerca de 150 milhões de anos, todos os
outros dinossauros de barbatana viveram no início e médio Cretáceo, entre 120 e
90 milhões de anos. Outro ponto interessante foi sua localização. Todos viveram
em regiões próximas ao Equador.
Mas você deve estar se perguntando: o
Acrocanthosaurus e o Saurophaganax viveram na América
do Norte e o Metriacanthosaurus, Altispinax e Becklespinax
viveram na Europa, que estão bem distantes do Equador, qual a relação? Acontece
que entre o final do Jurássico e o início do Cretáceo essas regiões estavam mais
ao sul, numa área que hoje conhecemos como região equatorial.
Sabe-se que esse período de transição
entre o Jurássico e Cretáceo foi repleto de mudanças importantes. Os
continentes estavam se dividindo, o clima estava mudando. E a área onde essas
criaturas viviam estava no centro das mudanças.
Entendendo essas mudanças alguns
paleontólogos acreditam que nesse período as temperaturas poderiam variar muito
durante o dia. Assim é possível que essas enormes barbatanas, tais quais ocorria
com o antigo Dimetrodon, servissem como uma estrutura de
irradiação de calor. Os animais poderiam utilizá-las tanto para absorver calor
como para dissipar o excesso. Mas alguns paleontólogos acreditam que isso é um
ultrage, pois defendem a teoria dos dinossauros como homeotérmicos e, para eles,
admitir algo assim seria como aceitar o fato dos dinossauros serem de "sangue
frio".
Talvez isso seja um tanto exagerado.
Sabemos que existem muitos homeotérmicos que utilizam meios extras de captar,
dissipar ou manter calor em seus corpos. Algumas aves, como abutres, antes do
vôo costumam abrir suas asas para absorver mais calor.
Elefantes - africanos têm
enormes orelhas que ajudam a dissipar o calor. Morsas possuem gordura acumulada
para, entre outras coisas, manterem seus corpos protegidos do frio, mantendo o
calor interno. Sendo assim é perfeitamente possível que os dinossauros desse
período tivessem mecanismos extras para ajudar no controle de temperatura
corporal sem, necessariamente, serem de "sangue frio".
Outra idéia para essas barbatanas está
diretamente relacionada à uma questão comportamental. Acredita-se que podem ter
funcionado também como estruturas de exibição. Alguns ainda se arriscam a
afirmar que as mesmas possuíam estruturas pigmentares, semelhantes a
cromatóforos que, quando estimuladas poderiam produzir cores vibrantes, tornando
a barbatana bem visível e chamativa.
Talvez os machos tivessem as barbatanas
maiores e mais coloridas, para atrair fêmeas para o acasalamento. Também
poderiam ser usadas para afastar competidores sexuais e inimigos naturais, como
predadores. Pode ainda ter sido usada para indicar status no grupo, idade e até
ter servido como uma "identidade" (nesse caso cada animal poderia ter uma
padronagem diferente). É possível ainda que, como ocorre em polvos e lulas,
conforme o estado emocional do animal (medo, agressão, irritabilidade...), a
barbatana mudasse de cor, servindo assim como um "termostato emocional".
Existem ainda alguns especialistas que não
acreditam que houvesse uma barbatana. Para eles as vértebras alongadas não eram
entremeadas por pele mas sim ficavam soltas, dando ao animal uma aparência de
porco-espinho, o que seria útil para intimidação. Mais recentemente ainda alguns
especialistas propuseram que na verdade essas vértebras sustentariam grandes
músculos, e que na verdade esses animais teriam grandes corcovas, como as dos
camelos e bisões. Essas corcovas poderiam ser usadas para acúmulo de gordura
para o caso de secas e faltas de alimentos.
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