VALENÇA Bahia Monografia - Nº 208 Ano: 1959
ASPECTOS HISTÓRICOS Na época em que o Brasil foi dividido em Capitanias
Hereditárias, as terras que compõem o atual Município de Valença faziam parte da
Capitania de São Jorge dos Ilhéus, doada em 1534 a Jorge de Figueiredo Correia,
e estavam subordinadas administrativamente a Vila de Nossa Senhora do Rosário de
Cairu.
O lugar era habitado por índios Tupiniquins, de índole pacífica. Os primeiros
colonos, ao que se supõe para ali se transportaram entre os anos de 1557 a 1571,
durante o governo de Mem de Sá.
Entre eles destacou-se Sebastião de Pontes,
homem rico e influente, já naquela época possuidor de dois engenhos no Recôncavo
baiano.
Estabeleceu ele um curral defronte da ilha de Tinharé. ficando o local
conhecido como Ponta do Curral. Construiu também um engenho a duas léguas da
embocadura do rio Una, próximo da primeira cachoeira, "grande e forte, muito bem
fabricado de casas de vivenda e de purgar, e também uma formosa igreja da
invocação de São Gens com três capelas de abóbadas".
Outros moradores foram
também estabelecer-se nas proximidades do engenho, com fazendas de cana. Havia
ainda, uma aldeia de indígenas subordinados a Sebastião de Pontes.
Sebastião de Pontes tinha um gênio arrebatado e violento e foi punido
severamente, havendo terminado seus dias na cadeia.
Com o seu afastamento, o povoado começou a desorganizar-se e disso se
aproveitaram os índios Aimorés para assaltá-lo.
Por muito tempo ficou interrompida a colonização do território de Valença. No
século XVIII o bandeirante paulista João Amaro Maciel Parante empreendeu
enérgica reação contra os Aimorés, permitindo a localidade retomar o ritmo de
desenvolvimento que motivou a. proposta do Ouvidor Geral da Comarca de Ilhéus,
desembargador Baltazar da Silva Lisboa, em que solicitava ao governo a criação
de uma nova vila, com sede na povoação de Una, como era conhecida na época.
Formação Administrativa Atendida pelo governo a proposta do Ouvidor Geral, foi
determinada pela Carta Regia de 23 de janeiro de 1799 a criação da Vila de Nova
Valença do Santíssimo Coração de Jesus, com território desmembrado de Cairu,
ocorrendo sua instalação a 10 de junho do mesmo ano.
Ainda por sugestão do
Ouvidor' foi construída a igreja do Santíssimo Coração de Jesus, ereta em Matriz
da Freguesia e inaugurada em 26 de setembro de 1801.
Por força da resolução n.° 368, de 10 de novembro de 1849, a sede municipal
recebeu foros de cidade, com a denominação de Industrial Cidade de Valença.
A sua composição administrativa. de acordo com a Lei n.° 628, de 30 de dezembro
de 1953, compreende 4 distritos: Valença, Guerem, Maricoabo e Serra Grande. Essa
constituição permanece inalterada em 31 de janeiro de 1958.
Valença é sede de Comarca, que abrange ainda o termo de Cairu.
Mais historia
O atual território do município de Valença, por
ocasião do descobrimento do Brasil, era habitado por indígenas tupiniquins, de
índole pacífica. Quando D. João III, Rei de Portugal, em 1534, dividiu o Brasil
em capitanias hereditárias, aquela área ficou pertencente à capitania de Ilhéus,
sob a jurisdição da Vila de Nossa senhora do Rosário de Cairu, local onde se fez
o primeiro povoamento.
Entre as pessoas que vieram povoar o território em apreço, ocupava lugar
proeminente Sebastião de Pontes, homem rico e de prestígio que já possuía dois
engenhos de açúcar no recôncavo baiano. Muitos moradores se estabeleceram nas
terras banhadas pelo rio Una, com fazendas de cana e mantimentos. Além desses
moradores "civilizados", havia, também, na vizinhança do engenho, uma aldeia
subordinada a Sebastião de Pontes.
Era o senhor Sebastião de Pontes homem
honrado, porém de gênio arrebatado e violento, acostumado à luta armada, havendo
tomado parte em expedições contra os indígenas. Não costumava transigir com quem
o ofendesse ou o contrariasse.
Aconteceu por esse tempo, provavelmente em 1573,
aparecer um mascate no engenho de Sebastião de Pontes e a este fez ofensa de que
resultou mandar açoitá-lo e a ferro quente marcá-lo numa das espáduas.
Conta-se que este mascate, tempo depois, em Portugal, alcançou meio de
apresentar-se ao rei quando este ia à missa, deixando cair à capa, única
cobertura que levava sobre os ombros, mostrando-lhe o ferrete ignóbil e com
muitas lágrimas implorou-lhe justiça.
Foram imediatamente transmitidas ordens
para a capital do Brasil, sobre a prisão e envio para Lisboa, de Sebastião de
Pontes. Fez o governo real ir ao Morro de São Paulo num navio de guerra. Seu
comandante visitou Pontes no engenho do Una e ardilosa e traiçoeiramente,
convidou-o para uma visita ao navio.
Sebastião de Pontes atraído para bordo,
quando ali almoçava foi inteirado da verdade, metido a ferros e transportado
para Lisboa. Recolhido à cadeia do Limoeiro, acabou seus dias. Desta maneira,
desapareceu de Una o primeiro homem empreendedor que lhe deu prosperidade.
Daí,
invadida a região pelos índios aimorés, de índole bravia, diminuiu o progresso e
ficou obstada por muito tempo a colonização do território de Valença. Anos
depois, já no século XVIII, após sangrentas represálias aos aimorés pelos
bandeirantes do paulista João Amaro Maciel Parente, reencontrou à localidade em
fase de progresso, que justificou a proposta do ouvidor da Comarca de Ilhéus,
desembargador Baltasar da Silva Lisboa, para a criação de uma vila na povoação
de Una. Aprovada a proposta do ouvidor, foi determinada, pela Carta Régia de 23
de janeiro de 1799, a criação da Vila de Nova Valença do Santíssimo Coração de
Jesus, com território desmembrado do município de Cairu.
Ocorreu sua instalação
a 10 de junho do mesmo ano, com a presença do dito desembargador, que sugeriu a
construção da Igreja do Santíssimo Coração de Jesus. Uma vez concluída,
tornou-se matriz da freguesia, em 26 de setembro de 1801.
Nesta época começou a extração da madeira que se destinava a construção dos
navios da armada real e a área desmatada foi sendo ocupada pelas atividades
agrícolas, notadamente a mandioca, arroz de Veneza, café ,pimenta do reino e
canela.
Aos poucos os habitantes das ilhas próximas que viviam em constantes
enfrentamentos com os índios e não conseguiam plantar foram voltando para a
área, cujo núcleo de povoação se estabelecera nas proximidades da capela de
Nossa Senhora do Amparo.
A denominação Valença foi atribuída, segundo reza a
tradição popular, por estes novos moradores, para os quais a localidade
representava a solução para os seus problemas, Terra da Valença, da salvação.
Uma outra versão atribui a escolha deste nome ao conselheiro Baltasar da Silva
Lisboa que na intenção de homenagear ao ministro Marques de Valença, elevou o
povoado á categoria de vila, em 10 de junho de 1789, dando-lhe o título de Nova
Valença.
Em 23 de janeiro de 1799 foi criados a vila de Nova Valença do Santíssimo
Coração de Jesus, com território desmembrado de Cairu. Neste mesmo ano começaram
as obras de construção da Igreja do Santíssimo Coração de Jesus, concluída em
1801 e transformada em matriz da freguesia.
Por força da Resolução nº 368, de 10 de novembro de 1849, a sede municipal
recebeu foro de cidade, sob a denominação de Industrial Cidade Valença.
A maior cidade da costa do dendê é ao mesmo tempo, uma plácida cidade pesqueira
e colonial do século XVI e um dinâmico pólo comercial e de serviços da região.
Famosa por seus camarões. Valença conta com um cais do porto onde o casario tem
a beleza de um cartão postal antigo, ofertando aos visitantes um rico patrimônio
histórico que convive em harmonia com os barcos pitorescos que povoam o Rio Una,
que divide a cidade. Três pontes interligam as duas partes da cidade.
A região sofreu com a invasão holandesa na Bahia em 1624 e participou ativamente
das lutas pela independência da Bahia.
Quando abrigou a esquadra do Lord Cochrane, vindo para combater os portugueses
em 1823. A atuação nessa luta, ao lado de Cachoeira e de Santo Amaro, foi tão
notável que a cidade recebeu o título de "a decidida" como no hino da cidade
fala.
Na Segunda Guerra Mundial, Valença também entrou em cena, quando submarinos
alemães bombardearam os navios Itajiba e Irará, na sua costa. Os passageiros
foram salvos pelo saveiro Araripe e os feridos levados para o hospital que
funcionava improvisadamente no Prédio do Sindicato dos trabalhadores da
Industria de Fiação e Tecelagem de Valença, antiga Recreativa , prédio de planta
francesa e arquitetura neoclássica.. Este mesmo prédio foi o primeiro banco de
sangue desta região, fato ocorrido em agosto de 1942.Por este gesto, Valença
recebeu o título de “ a hospitaleira”.
Decidida, pacifica e hospitaleira, Valença reúne hoje os principais estaleiros
da Bahia, onde são construídos barcos, saveiros, veleiros, escunas e até
caravelas, como a replica da nau Nina, da pequena frota de Cristóvão Colombo,
que foi feita especialmente para o filme: 1492: A conquista do Paraíso, de
Ridley Scott.
Valença teve destaque, também, no episódio da independência do Brasil, quando
obrigou a esquadra de Lord Cochrane que viera combater os Portugueses.
Juntamente com Cachoeira e Santo Amaro, Valença resistiu aos ataques lusitanos
ficando conhecida como "A Decidida".
Referencias:
Prefeitura Municipal
IBGE
Ache Tudo e Região