A Humanidade desde sempre estudou os seres vivos. Nos seus primórdios, o ser
humano aprendeu a utilizar as plantas e os animais em seu proveito. Aprendeu a
evitar plantas venenosas e como tratar os animais.
Observando o comportamento
dos animais, adotou técnicas de caça. Partindo também dos conhecimentos acerca
da utilidade e da época de frutificação de variados vegetais, desenvolveu a
agricultura, aprendendo a garantir, de maneira mais constante e preditível, o
sustento das comunidades.
Os conhecimentos na área da biologia, embora empíricos
e como exercício prático do dia a dia, existem já desde a época da pré-história.
Prova disso são as representações de seres vivos em pinturas rupestres.
Antiguidade
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Gravura do século XVI, por Martin
Heemskerck, representando os Jardins suspensos da Babilônia |
Gravura do século XVI,
por Martin Heemskerck, representando os Jardins suspensos da
Babilônia. O estudo da vida emergiu em várias civilizações e
culturas, ao longo do tempo histórico. Na Mesopotâmia, sabia-se já
que o pólen podia ser utilizado para fertilizar plantas. Elementos
do mundo vivo eram já utilizados como objetos de comércio em 1800
a.C., durante o período Hammurabi, especialmente as flores. Os povos
orientais já tinham conhecimento do fenômeno de polinização em
palmeiras e do fenômeno de dimorfismo sexual em variadas espécies
vegetais.
Na Índia, textos descrevem variados aspectos da vida das aves. No Egito, a
metamorfose de insetos e anfíbios são descritos. Egípcios e babilônios tinham já
um conhecimento apreciável de anatomia e fisiologia de várias formas de vida. Na
Mesopotâmia, animais eram mantidos naquilo que hoje podemos considerar como
sendo os primeiros jardins zoológicos.
No Egito, eram usados baixos relevos e papiros para fazer a representação
anatômico do corpo humano e de outros animais. A prática do embalsamento
utilizado pelo povo egípcio requeria já um amplo conhecimento das propriedades
de plantas e óleos de origem vegetal.
No entanto, nestas épocas, a superstição ainda vinha muitas vezes associada ao
conhecimento objetivo. Na Babilônia e Assíria, órgãos de animais eram usados
para prever o futuro, e no Egito, uma grande dose de misticismo envolvia a
prática médica.
Durante o período greco-romano, os estudiosos começam a dar mais ênfase e
utilização a métodos racionalistas.
Aristóteles tornou-se, na Antiguidade clássica, num dos mais influentes e
importantes naturalistas. Atingiu tal estatuto, fruto do seu aturado trabalho de
observação da natureza, sobretudo no que diz respeito ao comportamento e
características dos animais e plantas. Desenvolveu trabalho relacionado com a
categorização dos seres vivos, tendo sido o primeiro a formular um sistema de
classificação, baseado na distinção entre animais com sangue e animais sem
sangue. Constatou a existência de orgão homólogos e análogos em vários grupos de
seres vivos. O seu trabalho foi de tal modo importante que a sua influência e
idéias perduraram durantes séculos.
O sucessor de Aristóteles, Teofrasto, foi o autor de inúmeros trabalho sobre
botânica (Historia Plantarum) que sobreviveram como sendo os mais importantes
contributos para esta área até à Idade Média.
Na Roma Antiga, Plínio, o Velho é conhecido pelos seus conhecimentos em botânica
e natureza em geral. Mais tarde, Galeno tornou-se num pioneiro nas áreas da
medicina e anatomia.
Idade Média
A Idade Média é por muitos considerada como a idade das trevas, no que também
diz respeito ao avanço do conhecimento científico. No entanto, e no que diz
respeito às ciências biológicas, alguns avanços verificaram-se neste período.
Muitos estudiosos de medicina começam a orientar o seu trabalho também para as
áreas da zoologia e botânica.
É precisamente no mundo árabe que as ciências naturais mais se desenvolveram.
Muita da literatura da Grécia Antiga, incluído as obras de Aristóteles, foi
traduzida para árabe.
De particular relevo encontra-se o trabalho de al-Jahiz (776-869): Kitab al
Hayawan (Livro dos animais). Nesta obra, o autor discorre sobre sobre variados
assuntos, entre os quais há que frisar os que dizem respeito à organização
social de insetos (especialmente formigas), à psicologia e comunicação animal.
Parte da obra sobreviveu até aos nossos dias, encontrando atualmente numa
biblioteca em Milão.
Durante o século XIII, Alberto Magno escreveu De Vegetabilis et Plantis (por
volta de 1260) e De animalibus. Este autor deu especial relevância à reprodução
e sexualidade das plantas e animais. Na primeira obra, há a destacar a
diferenciação entre plantas monodicotilodóneas e dicotiledóneas e entre plantas
vasculares e não vasculares.
Alberto Magno foi beber dos conhecimentos de
Aristóteles. Deles retirou o seu melhor, não se curvando sobre eles, mas
adotando uma atitude crítica. Chega a afirmar que O objectivo da ciência natural
não é simplesmente aceitar as afirmações de outros, mas investigar as causas que
operam na natureza. Chega a dedicar um capítulo inteiro, numa de suas obras, ao
que ele chamou de erros de Aristóteles.
Tal como Roger Bacon, seu contemporâneo,
Alberto Magno estudou intensivamente a natureza, utilizando de modo intensivo o
método experimental. Em De vegetabilis relata que:A experimentação é o único
meio seguro em tais investigações. Em termos do estudo da botânica, os seus
trabalhos são comparáveis, em importância aos de Teofrasto. De referir que era
um Doutor da Igreja. Este facto veio sublinhar o facto que a Igreja não se opõe
ao estudo da natureza e que a fé e a ciência podem caminhar lado a lado.
Deram-se também avanços significativos em óptica, que no futuro proporcionou o
desenvolvimento de um aparelho que irias revolucionar a maneira como os
estudiosos viam e interpretavam o mundo vivo: o microscópio.
Talvez o principal legado da Idade Média para o avanço do conhecimento
científico na área das ciências biológicas terá sido o estabelecimento de
inúmeras universidades que funcionaram como gérmen do pensamento e método
científico contemporâneos. Na Europa foram fundadas as primeiras universidades
por volta de 1200 (Paris, Bologna e Oxford). Muitos documentos gregos e árabes
começaram a ser traduzidos, dando ímpeto a um avanço em várias áreas do
conhecimento, incluindo a Biologia e a Medicina.
Renascença
Século XVII e Século XVIII
Capa da obra de Lineu: Systema Naturae. Em 1628, William Harvey mostra que o
sangue circula pelo corpo todo e que é bombeado pelo coração. (fisiologia:Harvey:desenvolver).
Com a descoberta do microscópio por Antony van Leeuwenhoek, por volta de 1650,
abre-se um pequeno grande mundo que até então havia escapado ao olhar atento dos
cientistas e curiosos.
O trabalho na área da história natural das plantas, foi impulsionado por
Giovanni Bodeo da Stapel, em 1644, de forma quase enciclopédica.
Em 1658, Jan Swammerdam tornou-se o primeiro a observar eritrócitos, enquanto
que Leeuwenhoek, por volta de 1680, observou pela primeira vez espermatozóides e
bactérias.
Durante estes dois séculos, grande ênfase foi dada à classificação, nomeação e
sistematização dos seres vivos. O expoente máximo desta atividade foi Lineu. Em
1735 publicou o seu sistema taxonômico, baseado nas semelhanças morfológicas
entre seres vivos e na utilização de uma nomenclatura binominal (nomes
científicos) em latim.
A descoberta e descrição de novas espécies tornou-se nessa época, uma ocupação
generalizada no meio científico.
Friedrich Wöhler demonstrou em 1828, que moléculas orgânicas como a ureia,
poderiam ser sintetizadas por meios artificiais, abalando assim a corrente do
vitalismo.
Em 1833, foi sintetizada artificialmente a primeira enzima (diastase): uma nova
ciência, a bioquímica, começa a dar os primeiros passos.
Por volta de 1850, a teoria miasmática da doença foi ultrapassada pela nova
teoria germinal da doença. O método anti-séptico tornou-se prática usual na
atividade médica.
Por volta de 1880, Robert Koch introduziu métodos para fazer crescer culturas
puras de microorganismos, utilizando placas de Petri contendo agar e nutrientes
específicos. A disciplina da bacteriologia começava assim a tomar forma.
Introduziu também aquilo a que se viria a chamar de postulados de Koch,
permitindo através da sua utilização, à determinação concreta que um
microorganismo provoca uma doença específica.
A geração espontânea, crença que afirmava a possibilidade de poder aparecer vida
a partir de matéria não viva, foi finalmente desacreditada por via de
experiências levadas a cabo por Louis Pasteur.
Século XIX
Darwin caricaturado como macaco.Schleiden e Schwann propõem a sua teoria celular
em 1839. Esta teoria tinha como princípios basilares o facto de a célula ser a
unidade básica de constituição dos organismos e facto de que todas as células
serem provenientes de células pré-existentes.
O naturalista britânico Charles Darwin, no seu livro A Origem das Espécies
(1859) descreve a seleção natural como mecanismo primário da evolução. Esta
teoria se desenvolveu no que é agora considerado o paradigma central para
explicação de diversos fenômenos na Biologia
Em 1866, a genética dá os seus primeiros passos graças ao trabalho de um monge
austríaco, Gregor Mendel. Nesse ano, formulou as suas leis da hereditariedade.
No entanto, o seu trabalho permaneceu na obscuridade durante 35 anos.
Em 1869, Friedrich Miescher descobre aquilo a que ele chamou de núcleína
(tratava-se de um preparado rude de DNA).
O citologista Walther Flemming, em 1882, tornou-se no primeiro a demonstrar que
os estágios diferenciados da mitose não eram fruto de artefatos de coloração das
lâminas para observação microscópica. Assim, estabeleceu-se que a mitose ocorre
nas células vivas e para além disso que o número cromossômico duplicava em
número mesmo antes da célula se dividir em duas. Em 1887, August Weismann propôs
que o número cromossômico teria pois que ser reduzido para metade, no caso das
células sexuais (gâmetas). Tal proposição tornou-se fato quando da descoberta do
processo da meiose.
Século XX
Mesmo no início do século XX, em 1902, o cromossomo foi identificado com a
estrutura que alberga os genes. Desta forma, o papel central dos cromossomos na
hereditariedade e nos processos de desenvolvimento foi estabelecido. O fenômeno
de linkage genético e a recombinação de genes em cromossomos durante a divisão
celular foram explorados, em particular por Thomas Hunt Morgan, através de
organismo modelo: a drosophila melanogaster.
Ainda no início do século, deu-se a unificação da idéia de evolução por seleção
natural com os processos da genética mendeliana, produzindo a chamada síntese
moderna. Estas idéias e processos continuaram a ser investigados e aprofundados
através de uma nova disciplina, a genética populacional. Mais tarde, na segunda
metade do século, a sociobiologia e a psicologia evolutiva foram também beber
dessas idéias.
Oswald Avery, em 1943, mostrou concludentemente que era o DNA e não as
proteínas, que compunham material genético dos cromossomas. Em 1953, James
Watson e Francis Crick mostraram que a estrutura do DNA era em forma de dupla
hélice, Em paralelo, propuseram o possível papel da estrutura assim apresentada
no processo de replicação.
A natureza do código genético foi experimentalmente
descortinado a partir do trabalho de Nirenberg, Khorana e de outros, no final da
década de 50. Esta última descoberta aliada à descoberta da primeira enzima de
restrição em 1968 e da técnica de PCR em 1983, proporcionaram o impulso da
ciência a que hoje damos o nome de biologia molecular.
O estudo dos organismo, da sua reprodução e da função dos seus órgãos, passou a
ser efetuado a nível molecular. O reducionismo na análise dos processos
biológicos tornava-se cada vez mais triunfante e promissor. Mesmo os processos
de classificação científica dos organismos, especialmente a cladística, passou a
utilizar dados moleculares como as seqüências de DNA e RNA como caracteres a ter
em conta.
Nos meados da década de 80, como conseqüência do trabalho pioneiro de Woese (sequenciação
RNA ribossomal do tipo 16S), a própria árvore da vida tomou nova forma. De uma
classificação em dois domínios, passou-se a uma classificação em três domínios:
Archaea, Bacteria e Eukarya.
Enquanto que o processo de clonagem em plantas era já conhecido há milênios, foi
só em 1951 que o primeiro animal foi clonado pelo processo de transferência
nuclear. A ovelha Dolly tornou-se depois, em 1997, no primeiro clone de mamífero
adulto, através do processo de transferência de um núcleo de célula somática
para o citoplasma de um ovócito anucleado. Poucos anos mais tarde, outros
mamíferos foram clonados pelo mesmo método: cães, gatos e cavalos.
Em 1965, foi demonstrado que células normais em cultura dividiam-se apenas um
número limitado de vezes (o limite de Hayflick), envelhecendo e morrendo depois.
Por volta da mesma altura, descobriu-se que as células-troncas eram uma exceção
a esta regra e começou-se o seu estudo exaustivo.
O estudo das células-troncas
totipotentes começou a ser crucial para se entender a biologia do
desenvolvimento, levando também à esperança de aparecimento de novas aplicações
médicas de importância relevante.
A partir de 1983, com a descoberta dos genes homeobox, muitos dos processos de
morfogênese dos organismos, do ovo até ao adulto, começaram a ser descobertos,
começando pela mosca-da-fruta, passando por outros insectos e animais, incluído
o Homem.
Referencia:
Wikipedia
Ache Tudo e Região