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  BALEIA JUBARTE  
Animais em extinção Lista de Mamiferos
   
 


A baleia jubarte , também chamada baleia corcunda ou preta, pertence a família Balaenopteridae e é conhecida por seu temperamento dócil, pelas acrobacias que realiza (saltos, exposição de cabeça e nadadeiras, etc.) e por um desenvolvido sistema de vocalização hiper complexo.

 



Uma característica marcante da espécie são as nadadeiras peitorais extremamente longas, que atingem quase 1/3 do comprimento total do corpo. As fêmeas, um pouco maiores que os machos, podem alcançar 16 m de comprimento e pesar 40 toneladas.


Quando em fuga deslocam-se a velocidades de até 27 km/h. As jubartes realizam migrações sazonais entre áreas de alimentação em altas latitudes, e área de reprodução e cria em regiões tropicais.

No Atlântico Sul Ocidental, a principal área de reprodução desta espécie é o Banco dos Abrolhos, no litoral sul da Bahia.  

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Nos meses de julho a novembro, estas baleias procuram as águas quentes, tranquilas e pouco profundas de Abrolhos para acasalar e dar à luz a um único filhote, que nasce após uma gestação de aproximadamente 11 meses.

 

A caça indiscriminada reduziu drasticamente quase todas as populações de baleias do planeta. As baleias jubarte, cuja população mundial antes da caça era cerca de 150.000 indivíduos, hoje está estimada em quase 25.000 baleias distribuídas em todos os oceanos. Elas se encontram na Lista Ofícial de Espécies Ameaçadas de Extinção.

 

 

A BALEIA JUBARTE

Quando falamos em “baleia”, até há poucos anos atrás a imagem que a maioria das pessoas fazia desses animais era o cachalote de cabeça quadrada da célebre novela Moby Dick, de Herman Melville. Hoje, entretanto, dentre todas as espécies de grandes cetáceos, a baleia jubarte (que tem por nome científico Megaptera novaeangliae, nome que indica sua característica física mais marcante - as nadadeiras peitorais enormes - e sua primeira população cientificamente descrita, na “Nova Inglaterra”, ou seja, a costa Nordeste dos Estados Unidos) é possivelmente uma das mais conhecidas do público em geral, graças às filmagens e fotografias mundialmente divulgadas, feitas em suas áreas de reprodução em águas tropicais límpidas, e ao seu som que, ao ser descoberto e divulgado, seria um dos mais contundentes símbolos da luta contra a caça desenfreada desses animais: o célebre canto das baleias.
 
Podendo atingir 16 metros de comprimento (como todos os misticetos as fêmeas são maiores que os machos) e pesar até quarenta toneladas, as baleias jubarte são facilmente reconhecíveis pelas nadadeiras peitorais brancas e muito maiores em relação ao tamanho do corpo que em qualquer outra espécie de baleia, podendo chegar a aproximadamente um terço do comprimento total do animal. Igualmente típica na maioria dos animais é a presença de manchas brancas na face inferior da cauda, que diferem de indivíduo para indivíduo, permitindo identificá-los por fotografias. O corpo é quase totalmente negro com ocasionais manchas brancas no ventre, e a cabeça é algo achatada na parte superior e marcada por pequenos porém visíveis tubérculos arredondados, e além destes algumas cracas costumam acompanhar as baleias jubarte agarradas à pele de sua cabeça e nadadeiras.
 
Presentes em todos os oceanos, as baleias jubarte eram comuns em águas brasileiras quando os primeiros colonizadores europeus aqui aportaram, e fosse outra a época do ano que marcou a chegada de Cabral ao Sul da Bahia, certamente haveria na descrição do “novo continente” uma menção à abundância de baleias na região navegada pelos exploradores portugueses.
Porém, a descoberta das baleias brasileiras, em especial da jubarte e das baleias francas que aqui habitavam no inverno e primavera, não tardaria a acontecer, e já no início do século XVII se instalavam na Bahia os primeiros concessionários da caça à baleia, dando início a uma matança que só se encerraria em nossas águas quase quatrocentos anos depois, quando em 1987 a legislação federal LEI 7.643/87 proibiu a caça e o molestamento desses singulares animais. Em muitas localidades do litoral baiano ainda existem remanescentes das Armações que operavam na época da caça, que na região de Abrolhos se prolongou até 1924 e atingiu duramente a população de jubartes. Caçada com igual intensidade em diversos outros pontos do planeta, tanto em suas áreas de reprodução tropicais como nas áreas de alimentação em águas frias, a espécie já na primeira metade do século XX encontrava-se ameaçada de extinção.
 
Não foi senão em 1966 que as baleias jubarte foram protegidas legalmente pela primeira vez, através da Comissão Internacional da Baleia, que proibiu sua captura comercial. Desde então, lentamente as populações da espécie vêm se recuperando lentamente do dano causado pela caça; de uma população original estimada em 150.000 animais, restam hoje apenas cerca de 25.000 baleias jubarte em todos os oceanos. Atualmente, a população estimada na região de Abrolhos é de 1000 indivíduos que aqui vêm reproduzir-se durante o inverno e primavera. A admiração dos animais pelos visitantes da região e o reconhecimento de seu valor intrínseco como seres vivos substituiu, felizmente a tempo, a perseguição impiedosa que quase nos negou a continuidade do convívio com as jubartes. 
 
Migrações
 
Quase todos os grandes cetáceos, principalmente as baleias de barbatana, que se alimentam de pequenos organismos marinhos, empreendem grandes migrações sazonais entre suas áreas de alimentação e de reprodução. A migração é um tema muito polêmico, uma das explicações para que as baleias se submetam a tão longas viagens anuais, que significam milhares de quilômetros percorridos a cada estação, está nas diferentes condições ambientais necessárias à captura do alimento e à reprodução.
 
Ao findar-se o verão, e antes que o gelo volte a cobrir boa parte dos mares austrais, as baleias jubarte principiam a longa viagem que as levará de volta a suas áreas de reprodução. A partir deste momento, elas enfrentarão um jejum quase absoluto de cerca de oito meses, no qual terão de sobreviver à migração de ida e volta e, muitas delas, ainda parir e amamentar um filhote. As águas mais quentes e tranqüilas dos trópicos são essenciais à sobrevivência dos recém-nascidos, e sua distância das concentrações de alimento faz com que a vida de uma baleia seja uma permanente viagem. No início do inverno, as baleias jubarte estarão na região de Abrolhos, prontas para entregar-se uma vez mais aos imemoriais ritos reprodutivos de sua espécie. Ainda desconhecidas, as rotas utilizadas pelas baleias em suas migrações poderão no futuro ser desvendadas graças ao avanço da pesquisa, através de transmissores de satélite instalados de forma indolor nos animais.
 
A baleia jubarte ocupa o quinto lugar em tamanho, dentre as grandes baleias que atualmente habitam os oceanos. Seu corpo alongado é caracterizado ( assim como todos os rorquais – família Balaenopteridae ) pela presença da nadadeira dorsal e uma série de dobras ou sulcos que vão da mandíbula ao umbigo. Estes sulcos ventrais conferem às baleias uma maior hidrodinâmica quando nadando em longas distâncias. Por outro lado, quando expandidos aumentam o volume da boca ( aproximadamente 3 vezes) , permitindo durante a alimentação que uma maior quantidade de água seja filtrada.
 
A cabeça de uma jubarte é grande em proporção ao volume total do corpo. A boca percorre o comprimento total da cabeça terminando logo a frente dos olhos. Estes estão localizados lateralmente, em ambos os lados da cabeça. Cada olho é aproximadamente do tamanho de um coco seco e apresenta coloração acinzentada. Os ouvidos estão localizados atrás e pouco abaixo dos olhos.
 
A ausência de orelhas torna difícil a visualização da minúscula abertura do ouvido . As narinas ou orifícios respiratórios estão localizados perto do centro da cabeça , protegidos por uma elevação que ajuda a evitar a entrada de água durante a respiração. Tubérculos ou nódulos sensitivos adornam a cabeça das jubartes . Eles estão distribuídos ao longo da mandíbula e maxila . Cada tubérculo possui um folículo capilar e embora sua função exata não esteja totalmente definida, acredita-se que estes atuem como orgãos sensoriais .
 
Um pedúnculo caudal liga a região mediana do corpo a cauda nas jubartes . A região dorsal do pedúnculo caudal pode por vezes apresentar ondulações causadas pela saliência das vértebras caudais, oriundas da perda de peso após prolongado período de jejum.
 
A característica mais marcante destas baleias são suas nadadeiras. As longas nadadeiras peitorais, que nas jubartes adultas chegam a atingir 1/3 do comprimento total do corpo, são usadas no mecanismo de equilíbrio e também auxiliam na locomoção , termoregulação , defesa e rituais de acasalamento.
 
A nadadeira caudal é larga podendo ter de 4 a 5 metros de comprimento nas baleias adultas. É dividida em 2 lobos que em geral apresentam os bordos serrilhados . No lado dorsal e nas pontas são comumente observados organismos incrustantes (cracas) , enquanto que o lado ventral apresenta padrões de pigmentação variando do preto ao branco total, únicos para cada indivíduo, utilizados na identificação destes animais.
 
Na parte ventral do pedúnculo caudal encontra-se uma protuberância denominada carina , presente em ambos os Patologias e cuja função exata ainda é desconhecida. Anteriormente à carina localiza-se a fenda anal (anus) seguida pela abertura genital. Nas fêmeas a abertura das glândulas mamárias está localizada em cada lado da abertura genital. Uma pequena protuberância denominada lobo hemisférico está presente apenas nas fêmeas e possibilita a determinação do Patologia, quando visualizada.


ALIMENTAÇÃO
 

As baleias jubarte de Abrolhos passam o verão nas proximidades da Antártida, onde nessa estação do ano o krill - um minúsculo tipo de camarão - e outros pequenos organismos do plâncton marinho - se reproduz em enormes quantidades, formando massas vivas de milhões de indivíduos, que são capturados nas franjas de barbatanas da boca e avidamente devorados pelas baleias.
 
Quando uma baleia jubarte está se alimentando, uma grande quantidade de alimento e água entra em sua boca, então ela usa a língua para expelir a água através das barbatanas, que retém apenas o alimento em sua fina rede de franjas. As barbatanas de uma jubarte adulta atingem até 1,5 metros de comprimento.
 
Pequenos peixes encontrados em grandes concentrações também fazem parte do cardápio das jubartes, que pescam em grupos usando um elaborado esquema de cortinas de bolhas de ar para cercar suas presas, elas nadam no meio desta cortina até chegar à superfície com a boca aberta e as pregas estendidas capturando o alimento, assim, com mais facilidade. Subir à superfície com a boca aberta é uma técnica de alimentação chamada “gulping”(gulp = engolir,devorar) utilizada por espécies da família balaenopteridae. As baleias francas (família Balaenidae) nadam na superfície com a boca aberta capturando o alimento -“skimming”(skim = tirar da superfície), já a baleia cinza (família Eschrichtidae), raspa o fundo ingerindo não só organismos como areia -“sucker”(suck = sugar).
 
Organismos do Zooplancton - Copépodos, eufasídeos e anfípodos fazem parte da dieta alimentar dos misticetos. Podendo ingerir várias toneladas de alimento por semana ( aproximadamente uma tonelada por dia ), a baleia jubarte armazena a energia dessas enormes refeições na forma de uma espessa camada de gordura, que lhe serve não apenas de isolante térmico, mas também de reserva energética que será consumida durante o resto do ano, na migração para as áreas de reprodução e novamente de volta à Antártida no próximo verão.
 
Os filhotes se alimentam durante os primeiros 6 a 9 meses de vida exclusivamente de leite. Após este período eles já são observados capturando alimentos sólidos. A partir de então passam várias semanas utilizando os 2 tipos de alimentos (leite e alimentos sólidos), até que ocorra o desmame definitivo.
 
A amamentação ocorre logo após o nascimento. A mãe possui 2 fendas mamárias, localizadas cada uma ao lado da abertura genital na parte ventral do corpo, entre o umbigo e o ânus. Durante a lactação as glândulas mamárias aumentam em espessura e mamilos sobressaem através das fendas mamárias expandidas. Ao encontrar o mamilo o filhote estimula-o com a língua fazendo com que o leite saia sob pressão em sua boca.


REPRODUÇÃO
 

As baleias estão entre os mamíferos que se reproduzem mais lentamente; após uma gestação de aproximadamente um ano, as jubartes dão à luz um único filhote, que permanecerá sendo amamentado e inteiramente dependente da mãe durante pelos menos outro ano inteiro. Assim, em geral uma baleia adulta terá um filhote a cada três anos somente.
A cópula das baleias jubarte nunca foi observada.
 
O “bebê-baleia” já nasce com cerca de 4 a 5 metros de comprimento e podendo pesar até umas 5 toneladas. Inicialmente muito apegado à mãe, de quem se separa apenas ocasionalmente, aos poucos vai aprendendo a explorar seu ambiente e a fazer movimentos mais vigorosos, que ajudarão a preparar seu jovem corpo para o árduo, porém inevitável, exercício da migração de volta às áreas de alimentação no verão. No ano seguinte, o filhote já com cerca de 8 metros passará a viver sozinho as aventuras da migração, até que atinja a maturidade sexual, a partir dos 5 anos e possa acasalar-se.
 
A Respiração das Baleias
 
As baleias podem ser avistadas de longe pelo famoso “esguicho” que produzem ao respirar; só que, ao contrário do que se pensa, não se trata de um esguicho d’água, mas sim do ar quente expelido dos pulmões rapidamente, que se condensa ao entrar em contato com o ambiente e forma a coluna de condensação que pode atingir vários metros de altura.
 
O tempo que uma baleia jubarte pode permanecer submersa sem respirar pode chegar a 30 minutos, mas na região de Abrolhos o intervalo de respiração observado costuma ser bem menor especialmente no caso de fêmeas acompanhadas de filhotes.
 
Mergulhos Reveladores
 
Freqüentemente, ao mergulhar, as baleias jubarte adultas expõem a face inferior da cauda. Nesta região do corpo das jubartes, pode ser observado um padrão de manchas brancas e pretas típicas da espécie. O padrão de manchas e marcas da cauda, quando fotografado, permite aos pesquisadores identificar individualmente as baleias, como se a cauda fosse uma verdadeira “impressão digital” de cada animal. Esta técnica recebe o nome de fotoidentificação.
 
Através da fotografia destes padrões de manchas é possível catalogar as baleias de cada região. Milhares de baleias jubarte, desde os anos 70, foram identificadas em todos os oceanos. O acompanhamento das baleias individualmente ao longo de alguns anos permite compreender seu comportamento, relações sociais e história de vida.
 
O histórico de avistagem de fêmeas específicas fornece informações sobre as taxas reprodutivas, do mesmo modo que, alguns indivíduos vistos em diferentes regiões, separadas por muitos quilômetros, possibilitam o esclarecimento sobre seus movimentos e migração.
 
 Em Abrolhos, o trabalho de fotoidentificação do Projeto Baleia Jubarte já permitiu a catalogação de mais de 500 indivíduos, muitos dos quais foram avistados em várias ocasiões ao longo de 9 anos.

 

Baleia N°15 – Identificada em 1989

Baleia N°15 – Reavistada em 1991

 

Baleia N°141 – Identificada em 1994

Baleia N°141 – Reavistada em 1996

 

Batidas de Caudal e Peitoral

 

Os comportamentos mais vigorosos das baleias são geralmente de difícil interpretação quanto ao seu significado; no caso das jubartes, entretanto, sabe-se que as batidas de cauda na superfície do mar, que podem ser escutadas a grande distância, costumam representar padrões de agressividade, servindo ainda para sinalizar o molestamento quando embarcações aproximam-se em demasia. As batidas efetuadas com as enormes nadadeiras peitorais também podem ocorrer nestas situações, sendo ainda associadas com a receptividade ao parceiro durante os rituais de acasalamento.


Saltos


O espetáculo mais impressionante proporcionado pelas baleias durante sua permanência na região dos Abrolhos, o salto é ainda um comportamento de significado comportamental inexplicado, muito embora existam várias hipóteses a respeito, que vão desde a comunicação até o combate a ectoparasitos, passando - quem sabe? - pelo simples prazer de saltar. A visão de um animal de quarenta toneladas saindo quase que inteiramente da água é inexquecível e confirma a enorme força da musculatura que impulsiona as baleias jubarte pelos oceanos afora.
 
O Canto das Jubartes
 
Os sons emitidos pelas baleias são conhecidos há muito tempo pelos navegadores oceânicos e pelos baleeiros, mas são relativamente recentes as iniciativas no sentido de estudá-los e tentar compreender o seu significado comportamental Em 1967, o Dr. Roger Payne e outro cientista norte-americano, Scott McVay, ao estudarem as baleias jubarte no Caribe, fizeram uma descoberta surpreendente: o som que os machos da espécie emitiam eram verdadeiras canções no sentido musical, longas seqüências sonoras repetidas da mesma forma.
 
Essas canções das jubartes são muito mais longas do que o canto de pássaros, e podem chegar a mais de trinta minutos, muito embora a média esteja perto dos quinze minutos de duração. São divididas em frases repetitivas chamadas temas, e cada canção contém de dois a nove temas, e são cantadas em longas seqüências que de repetição que podem ultrapassar as 24 horas de cantoria. As canções diferem entre as distintas populações reprodutivas da espécie.
 
O Dr. Payne, que além de pesquisador é um músico treinado, notou ao longo de muitos anos de estudo que apesar das baleias jubarte e os seres humanos estarem separados por caminhos evolutivos totalmente distintos, as canções das jubartes obedecem a leis de composição surpreendentemente similares às humanas. Por exemplo:
 
* As jubartes empregam sistemas de ritmo em suas canções, ao invés de simplesmente produzirem sons aleatoriamente formados;
* As jubartes usam frases melódicas de duração similar às das músicas humanas - alguns segundos - e criam temas a partir delas;
* A duração de cada canção é intermediária entre a de uma música moderna e uma sinfonia clássica. Poderia ser de poucos segundos, como as aves, ou de muitas horas, mas não - é uma duração efetivamente similar às nossas próprias composições.
* Talvez o mais surpreendente, as jubartes ultilizam-se de rimas em suas canções.
 
A questão das rimas do canto das jubartes está diretamente relacionada a outra interessante descoberta dos estudos de longo prazo da espécie: as canções são “válidas” somente para uma determinada temporada reprodutiva, sendo alteradas lentamente, ao longo dos anos, até se tornar uma canção inteiramente distinta ao cabo de aproximadamente cinco anos, representando cinco estações reprodutivas. Nisto, o canto das jubartes difere radicalmente das canções humanas, que são compostas totalmente distintas entre si de imediato.
 
As mudanças graduais nas canções são adotadas por todos os machos de uma determinada área de reprodução (como a região de Abrolhos), de forma que todos os cantores estão constantemente adaptando-se às mudanças mais recentes, cujo processo de surgimento permanece inexplicado. Uma vez que os machos de jubarte de um mesmo oceano podem eventualmente alternar sua presença em diferentes áreas de reprodução, existe um verdadeiro “intercâmbio musical” entre essas populações mais próximas, que passam a ter canções ainda distintas, porém parecidas.
 
As teorias referentes ao significado dessas canções etéreas e belas - que em Abrolhos podem por vezes ser ouvidas na superfície, graças à reverberação do som no casco da embarcação - ainda são muito divergentes. Uma delas defende que as canções sejam uma forma de atrair as fêmeas; outra, que elas sirvam para desafiar e afastar outros machos na área; e ainda que sejam uma mistura de ambas funções!
 
Ninguém sabe ao certo de que maneira as baleias jubarte produzem seus sons. Embora pareça razoável presumir que os sons são produzidos com ar, não há exalação de ar durante o canto. É possível que os sons sejam originados num complexo sistema de canais do sistema respiratório e da estrutura da cabeça da baleia, em que o animal poderia voluntariamente mover o ar de um lado para outro. De todo modo, outra curiosidade é que as jubartes não precisam abrir a boca para cantar, reforçando a idéia de que o som é produzido no interior de passagens de ar na cabeça.
 
Quanto à possibilidade de que exista uma linguagem nessas canções, ela é ainda apenas uma especulação. Quem sabe, se conseguirmos proteger as baleias jubarte das ameaças que persistem ainda contra a vida nos oceanos, possamos no futuro entender melhor a comunicação desses animais fascinantes que enchem as águas com sua presença sonora.
 
Inteligência
 
Um dos principais fatores que têm contribuído para o interesse e a preocupação dos seres humanos para com os cetáceos é a descoberta de que estes possuem um grande e complexo cérebro. Este fato levaria a crer que estes animais poderiam demonstrar capacidade de aprendizagem ao menos tão rica e variada quanto os primatas não humanos.
 
Talvez uma das mais frequentes questões levantadas seria a de quão inteligentes são as baleias. Infelizmente, esta é uma pergunta difícil de responder, uma vez que o conceito de inteligência é bastante vago. Mesmo no que se refere à espécie humana, existe pouco consenso acerca do verdadeiro significado deste termo.
 
É preferível, e mais adequado, que nos perguntemos o quanto as espécies são capazes de adaptar-se às mudanças na demandas de um ambiente em transformação.
 
 Sob esta ótica, uma espécie inteligente é aquela que decide o que fazer no presente baseando-se em uma complexa integração das informações derivadas em grande parte de experiências passadas. As experiências passadas que influenciariam as decisões do presente incluem não apenas a experiência individual mas também a de outros membros desta mesma espécie. Vista desta forma, a inteligência poderia ser analisada como dependente de capacidades de aprendizagem complexas, habilidade no processamento de informações abstratas e uma intrincada rede de comunicação social.
 
O desafio seria como mensurar estas capacidades em animais de 40 toneladas de peso e que passam grande parte de suas vidas em ambientes distantes de qualquer observador, como acontece com as baleias jubarte.
 
Existem ao menos três linhas de evidências que sugerem o envolvimento das jubartes em processos mentais complexos. A primeira linha está relacionada com a quantidade de massa cerebral que as baleias possuem para o aprendizado e processamento das informações. Harry Jerison, professor de neuroanatomia comparada, desenvolveu um método para classificar espécies de acordo com sua “capacidade de pensamento”.
 
O método é baseado na suposição de que, para um determinado tamanho de corpo, um tamanho mínimo de cérebro é necessário para o desenvolvimento das funções corporais. É possível fazer uma média entre o tamanho do cérebro de diferentes espécies que possuam tamanho corporal similar; as espécies dotadas de um cérebro maior do que a média para sua categoria de tamanho corporal, podem ser consideradas como possuidoras de maior “força de pensamento”, disponível para o pensamento e resolução de problemas.
 
A quantidade “excedente” de cérebro que não é utilizada para as necessidades básicas do organismo é utilizada para computar um índice de inteligência denominado “quociente de encefalização”.
 
Comparando um largo espectro de quocientes de encefalização, Jerison encontrou que seres humanos, primatas e cetáceos classificam-se como dotados da maior quantidade de material cerebral disponível para as funções intelectuais. Baseado neste fato, poderíamos esperar que as baleias jubarte demonstrassem um largo espectro de capacidades de aprendizagem. Existem algumas controvérsias a respeito da relação entre o tamanho do corpo e peso cerebral nos dizer muito sobre inteligência.
 
Uma consideração que é preciso ter em mente é de que os misticetos, em sua evolução no ambiente aquático, não estão sujeitos às mesmas limitações de tamanho de corpo que podem reduzir o crescimento em mamíferos terrestres e odontocetos. Isto poderia invalidar comparações entre medidas de peso cerebral/corporal entre mamíferos terrestres e misticetos.
 
Uma segunda fonte de evidências indicadoras de inteligência nas baleias jubarte refere-se à estrutura do cérebro dos cetáceos. O cérebro das jubartes não é apenas grande, mas também estruturalmente complexo. Mais notadamente, a jubarte, como outros cetáceos, possui um córtex cerebral ricamente elaborado.Embora o córtex dos cetáceos seja um pouco menos espesso que o córtex dos primatas, incluindo o homem, ele possui maior quantidade de circunvoluções. Aparentemente, portanto, a complexidade estrutural do cérebro dos cetáceos é totalmente capaz de prover-lhe o processo de informação abstrata e a integração de habilidades.
 
A terceira vertente que sugere que as baleias jubarte são capazes de processos mentais bastante complexos está relacionada com sua habilidade de comunicação. Existem várias evidências de que estas baleias possuem a habilidade de se comunicar em função de uma variedade de propósitos. Análises dos sons das baleias francas, na Argentina, têm demonstrado algumas intrigantes relações entre os sons emitidos pelos grupos de baleias e as atividades em que estes grupos estão envolvidos. O mesmo tem sido observado em relação à variedade de sons sociais produzidos pelas baleias jubarte.
 
A certeza de que as baleias jubarte são realmente inteligentes é comprovada pelas observações de campo de inúmeros pesquisadores. É muito importante que, enquanto cientistas, afastemos o erro de antropomorfizar e fantasiar os níveis de “pensamento” e “emoção” que observamos nestes cetáceos.
 
Não obstante, não podemos afastar uma profunda atração por estas fascinantes criaturas, quando as observamos navegando ao largo das ilhas dos Abrolhos, buscando reproduzir-se, cuidando de seus filhotes, aprendendo acerca das responsabilidades e oportunidades de uma jubarte adulta, e competindo vigorosamente pela oportunidade de transmitir sua herança genética para as próximas gerações.
 
E, durante todo o tempo em que permanecem aqui, o belo e melancólico som de seu canto nos estimula a trabalhar ainda mais, para compreender as complexidades de sua vida e necessidades, e nos esforçarmos para assegurar que elas serão bem sucedidas em sua busca pela sobrevivência - ainda hoje ameaçada pela humanidade.
Termorregulação

A manutenção da temperatura corporal no ambiente marinho é um dos muitos desafios enfrentados pelos mamíferos aquáticos, em especial os que, como as baleias jubarte, migram sazonalmente para regiões circumpolares. A evolução dotou as grandes baleias de diversos mecanismos para permitir a manutenção de uma temperatura corporal que, nas jubartes, fica sempre em torno dos 36°- 37° Celsius.
 
Devido ao seu corpo fusiforme, altamente hidrodinâmico, as baleias possuem pouca superfície corpórea em relação a sua massa total (relação massa/volume), o que resulta numa eficiente conservação de calor; ademais, seu corpo é protegido pela espessa camada de gordura que ao mesmo tempo armazena energia e funciona como um isolante térmico altamente efetivo. Esta camada de gordura pode atingir, nas maiores jubartes, aproximadamente 15 cm.
 
Além das adaptações físicas, os processos fisiológicos também cumprem importante função na termorregulação. As baleias jubarte podem regular seu metabolismo de forma a gerar mais ou menos calor corporal; o ritmo metabólico tende a ser maior, gerando mais calor, durante a permanência das jubartes em regiões de temperatura do mar muito baixa, como nas áreas de alimentação, ou quando a camada de gordura se encontra muito reduzida, ao final do período reprodutivo.
 
O calor corporal é também regulado por um complexo e singular sistema circulatório: ocorre uma vasoconstricção periférica nas extremidades do corpo, as artérias que levam o sangue quente desde o coração estão fixadas em espiral ao redor das veias que levam o sangue mais frio de volta ao coração. A troca de calor entre os dois fluxos sangüíneos evita perdas desnecessárias. Elas não possuem glândulas sudoríparas como uma fonte de perda de calor, é notável que esse sistema que mantém a baleia aquecida pode ser “desligado” mediante desvios da circulação quando a jubarte sente-se superaquecida.
 
Osmoregulação
 
A salinidade (osmolaridade) do sangue da baleia é menor que a água do mar. O excesso de sais ingeridos na alimentação são eliminados pela urina, que é abundante. Porém devem evitar perda de água, o que não é difícil já que não possuem glândulas sudoríparas e o ar inalado é bastante saturado de vapor de água. Os rins são divididos em renículos que atuam individualmente como se fossem um rim completo, fazendo a eliminação de sais ser mais eficiente.
 
Adaptações ao mergulho
 
Foi Irving em 1935 que descobriu que durante o mergulho ocorria uma redistribuição do fluxo sangüíneo- circulação diferencial. Durante o mergulho o sangue oxigenado é reservado para irrigar o coração e o cérebro, os outros órgãos, músculos e a pele deixam praticamente de receber sangue. Nos cetáceos existe uma relação volume sangüíneo/peso corporal maior, além de haver maior quantidades de hemoglobina e mioglobina, pigmentos captadores de oxigênio, que permite ao animal ficar submerso por mais tempo. Os cetáceos também tem capacidade de passar do metabolismo aeróbico (oxigênio®gás carbônico) para o anaeróbico (oxigênio®ácido lático), a tolerância a essas substâncias resultantes também é maior comparada a outros mamíferos.
 
A ventilação nos cetáceos é muito eficaz, na superfície respirando, eles chegam a renovar 85 a 90% do ar de seus pulmões, taxa essa que nos mamíferos terrestre é de apenas 5-15%.
Outra adaptação ao mergulho é a intricada rede de vasos sangüíneos -retia mirablia- a qual envolve a coluna, a base do cérebro, o globo ocular, tórax e costelas, funcionando como “almofadões” para conter as mudanças de pressão. Também regulam o fluxo sangüíneo na circulação diferencial.
 
As mudanças de pressão também afetam o ouvido médio, ao seu redor existe cavidades preenchidas com uma substância que lembra uma espuma, rodeado por plexo venoso, onde se aumenta ou diminui o fluxo sangüíneo para se equilibrar as pressões durante o mergulho.
 
Os cachalotes podem chegar a profundidades de 2400 metros, pesquisadores acreditam que além de todas adaptações acima descritas o órgão espermaceti regularia a flutuabilidade e mergulho: em águas mais frias o óleo esfriaria aumentando a densidade e seu peso específico e assim a energia cinética propiciando o mergulho; com o aumento do fluxo sangüíneo, o óleo se esquentaria, diminuindo o peso específico propiciando flutuabilidade.
 
Os Cinco Sentidos
 
Em animais terrestres como nós, os cinco sentidos possuem uma significação especial em nossa relação com nosso ambiente. Dentre eles, o olfato, a visão e a audição estão condicionados ao meio no qual os odores, o som e as imagens se transmitem, ou seja, o ar.
 
Torna-se, portanto difícil imaginarmos como se dá o uso dos cinco sentidos pelas baleias, que vivem num ambiente extremamente complexo e totalmente diferente do nosso - o mar, com sua imensidão líquida e diversidade de densidades, características de luz, composição química e outros numerosos fatores mutáveis.
 
Ainda são poucas as informações referentes a essa faceta dos grandes cetáceos (nada se sabe, por exemplo, sobre a sua capacidade gustativa...), mas já é possível concluir que as jubartes possuem grande sensibilidade de tato, uma visão bastante boa, pouco ou nenhum olfato (!) e uma excelente audição. Ouvir, para os cetáceos, é essencial; é o sentido que lhes permite interpretar seu ambiente, localizar outros animais e comunicar-se com os de sua própria espécie, buscar e capturar alimento. Devido às excepcionais condições de transmisssão dos sons sob a água, as jubartes podem tomar pé do que se passa ao seu redor numa grande área de oceano.
 
A poluição sonora causada pelo trânsito de embarcações e outras atividades humanas podem atrapalhar em muito o uso da audição pelas baleias, mas ainda assim o som permanece seu mais importante meio de relação com o mundo.
 
O Sono nas Baleias
 
Como todos os mamíferos, também as baleias jubartes necessitam dormir. O sono das baleias, porém, é diferente do nosso; como a sua respiração é voluntária, elas não podem passar longos períodos dormindo, e uma parte do cérebro tem que estar sempre num determinado nível de consciência.
 
Assim, as jubartes podem ser vistas descansando à superfície ou logo abaixo dela, praticamente imóveis, por períodos não superiores a quinze minutos, tempo que dura cada “cochilo”, seguido de uma profunda respiração e - se ninguém atrapalhar - outro período de sono. Essa maneira peculiar de repousar pode servir também para proteger-se de predadores potenciais.
 
A existência permanente no ambiente aquático pode ser uma causa direta da aparentemente pouca necessidade de sono profundo das baleias e golfinhos. Experimentos indicam que alguns pequenos cetáceos passam boa parte, senão toda sua vida, no que se denomina estado alfa, um estado mental que em humanos é associado diretamente a períodos de relaxamento. Pessoas submetidas a longos períodos num ambiente aquático mantém seu cérebro mais tempo no estado alfa e geralmente requerem menos horas de sono que o normal. Muito embora seja impossível, no presente, fazer medições diretas dessa natureza nas baleias, é de se supor que elas possam estar quase permanentemente nesse estado de tranqüilidade, o que corresponderia, enfim, à imagem que fazemos desses gigantescos, porém pacíficos, seres.
 
Parasitas e Inimigos Naturais
 
Como todo animal de vida livre, a baleia jubarte também é muitas vezes hospedeira de outros organismos diversos, que podem ou não causar prejuízos. Os mais evidentes “caroneiros” das baleias jubarte são ectoparasitos, como as cracas Coronulla sp. , que aderem à pele na cauda, aletas peitorais e cabeça da baleia. Além destas, os crustáceos chamados “piolhos-de-baleia” do gênero Cyamus, são “inquilinos” que somente sobrevivem sobre a pele de baleias, agarrando-se com fortes garras que possuem em suas patas. Uma espécie em particular, Cyamus boopis vive exclusivamente na companhia das baleias jubarte, na base de suas aletas peitorais e da cauda, além do entorno de cracas eventualmente também presentes na pele do animal.
 
Dentre os parasitas internos das baleias jubarte, contam-se, como em muitos outros mamíferos, diversos vermes que se instalam no trato digestivo e outras vísceras, podendo chegar a ser muito numerosos.
 
Como acompanhantes das baleias jubarte que não podem ser verdadeiramente classificados de parasitas, mas sim como legítimos “caroneiros” , estão peixes como as rêmoras, que aderem temporariamente à pele da baleia, economizando a energia da natação por longas distâncias. Às vezes outros peixes seguem as jubartes, alimentando-se de fragmentos de pele escamada, algas ou dos próprios parasitas aderidos ao corpo da baleia.
 
Não são incomuns as marcas observadas em jubartes feitas pelo tubarão Isistius brasiliensis, uma espécie de pequeno porte e hábitos noturnos que corta um círculo perfeito de pele e músculo na cauda ou outras partes do corpo da baleia. Marcas semelhantes confirmam o ataque deste peixe a outros cetáceos, como os golfinhos rotadores (Stenella longirostris) de Fernando de Noronha.
 
As grandes baleias possuem poucos inimigos naturais - além do homem, seu máximo e mais cruel predador - capazes de ameaçá-las quando adultas. Entretanto, filhotes e animais jovens são mais vulneráveis. São conhecidos ataques letais de grandes tubarões a filhotes afastados de suas mães.
 
Baleias jubarte adultas somente são atacadas por orcas (Orcinus orca), cetáceos que caçam em grupos altamente organizados e cujos ataques coordenados a várias espécies de baleias já foram documentados. Chamadas erroneamente de “baleias assassinas”, as orcas não matam outras baleias por prazer ou instinto assassino, mas simplesmente para satisfazer suas necessidades vitais de alimento. Conquanto as jubartes não sejam totalmente indefesas a esses ataques, podendo desferir golpes vigorosos nos atacantes com sua poderosa cauda, em geral a estratégia de fustigamento adotada pelas orcas acaba por cansar sua presa, facilitando a aproximação e o ataque final.
 
Longevidade
 
Assim como diversos outros aspectos de sua história natural, a idade que podem atingir as grandes baleias é ainda uma incógnita. Muito do que se sabe a respeito da idade que podem atingir as baleias provém de exames dos cadáveres de animais vitimados pela matança comercial no século XX; estima-se que o plug de cera existente no ouvido das baleias, pelo número de camadas de deposição, possa indicar a idade de seu portador, mas esse plug só pode ser removido de animais mortos.
 
Calcula-se que alguns misticetos, como as baleias azuis e fin, possam atingir mais de 80 anos de idade; as baleias francas, de 60 a 80 anos; e as jubartes mais de 50 anos. É preciso reiterar que nosso conhecimento a respeito é muito fragmentário e que, possivelmente, as grandes baleias devam regular em idades máximas e atingir longevidade muito semelhante, senão superior, à humana .
 
Baleias e Turismo
 
O término da caça à baleia no Brasil, após uma campanha popular de mais de uma década para banir de nossas águas essa atividade predatória, foi combatido pelos defensores da indústria baleeira com o argumento de que a matança representava uma importante fonte de renda para o País. Mesmo ignorando todos os argumentos válidos referentes à importância ecológica das baleias no ambiente marinho e seus outros valores intrínsecos, ainda assim, se nos ativermos ao plano econômico, chegaremos à conclusão de que as baleias valem muito mais dinheiro vivas do que mortas.
 
O whalewatching, ou turismo de observação de baleias, vem crescendo em todo o planeta como conseqüência direta do fim das atividades de caça e do aumento gradual das populações de várias espécies, permitindo que um número crescente de pessoas possam ter contato com esses fascinantes animais.
 
Esse turismo, que nasceu na costa oeste dos Estados Unidos ainda na década de 40, gera hoje muito mais recursos do que jamais produziu a atividade baleeira, e possui, além de não resultar na morte das baleias, outra vantagem fundamental. Ao invés de resultar na concentração de renda na mão de poucos, como ocorria na caça à baleia, o whalewatching resulta na geração de benefícios econômicos para uma extensa parte das comunidades locais nas regiões onde é realizado - operadores turísticos, hotéis, restaurantes, lojas de artesanato e souvenirs, todos se beneficiam do fluxo turístico, cujo retorno assim é socialmente muito mais justo do que se as baleias - patrimônio público pertencente a todos - fossem mortas e apropriadas para gerar lucro de uns poucos industriais.
 
Em 1994, um estudo detalhado calculou que o turismo de observação de baleias já gerava cerca de 500 milhões de dólares/ano em todo o planeta. Em muitos países, os projetos de pesquisa e preservação das baleias também se beneficiam do whalewatching, recebendo tanto informações importantes pela observação a partir de barcos de turismo, como através de doações voluntárias feitas pelos operadores de turismo.
 
No Brasil, apenas na região dos Abrolhos existe o turismo de observação de baleias a partir de embarcações, que a cada temporada levam turistas a partir de Caravelas, Alcobaça e Nova Viçosa para ver de perto as jubartes. Em outra região, no litoral de Santa Catarina, as baleias francas podem ser vistas no inverno a partir de terra, já que se aproximam muito das praias com seus filhotes.
 
Se por um lado o turismo de observação pode ser uma eficiente ferramenta de conservação das baleias, agregando valor econômico à sua proteção e gerando educação do público, por outro lado é preciso que a atividade seja mantida sob constante monitoramento e rígida fiscalização, para que não ocorram perturbações indevidas aos animais - ainda mais que, na maioria das vezes, o turismo é feito em áreas de reprodução.
 
No Brasil, o whalewatching é regulado pela Portaria IBAMA 117/96, que estabelece normas e limites para a aproximação a baleias e golfinhos. A obediência a esses limites é fundamental para que se possa assegurar aos futuros visitantes a mesma inesquecível experiência, de ver as baleias em seu ambiente natural sem que elas tenham de fugir à nossa curiosidade.

Referências

Wikipedia

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